Aviões sem piloto invadem o céu
O avião-robô israelense Heron será usado pela Polícia Federal brasileira
A cada mês, um pequeno avião monitora uma área de 60 quilômetros quadrados no reservatório da usina hidrelétrica de Jirau, em construção desde 2009 na Amazônia. Dentro da aeronave Apoena 1000 não há ninguém. Uma máquina fotográfica digital registra as imagens da região, enquanto cinco câmeras de vídeo, que transmitem em tempo real, permitem o acompanhamento do trabalho a distância por uma central, no solo. O avião precisa de assistência humana só na decolagem e no pouso, feitos por controle remoto. Ao atingir 200 metros de altitude, o piloto automático assume o comando, eleva o equipamento a 1 500 metros e cumpre a rota programada.
Aparelhos que misturam as características de um avião com sistemas inteligentes e automatizados de controle estão mudando a face da aeronáutica. Verdadeiros robôs capazes de voar, eles deram início a uma era em que os seres humanos têm papel coadjuvante no céu. Com tamanhos que podem variar das dimensões de um aeromodelo às de uma aeronave tradicional, os veículos aéreos não tripulados, ou Vants, começam a se popularizar. Muitos modelos podem voar por dezenas de horas seguidas — um stress impensável para um piloto — e trazem modernos sensores de captação de imagem. Seu uso é muito mais barato que o de um satélite.
Na Amazônia, o Apoena 1000, desenvolvido pela XMobots, de São Paulo, em breve terá a companhia do Heron I, da Israel Aerospace Industries (IAI). Duas unidades do modelo importado foram compradas pela Polícia Federal. O Heron I vem equipado com sensores para observação diurna e noturna e com um radar tipo SAR, capaz de fazer imagens em alta resolução sob qualquer condição climática.
Com 16,6 metros de uma asa à outra, o Vant funciona por até 37 horas. Detectar atividades ilegais de desmatamento não será sua única tarefa. A PF adquiriu dois aparelhos com o objetivo de usá-los em qualquer parte do país, em operações tão diversas como a segurança de grandes eventos, o combate ao narcotráfico ou o monitoramento da chamada Tríplice Fronteira.
Afeganistão e Iraque
O interesse por aeronaves não tripuladas explodiu na última década. Com as guerras no Afeganistão e no Iraque, os Estados Unidos intensificaram o emprego dos aparelhos em ações militares. Como não levam pilotos, não há baixas se o equipamento for abatido. No Iraque, aviões-robôs equipados com câmeras de visão térmica sobrevoam vastas regiões, com o objetivo de identificar suspeitos que instalam minas em estradas.
Antes da operação que resultou, em maio, na morte de Osama bin Laden, líder da organização terrorista Al-Qaeda, as Forças Armadas americanas usaram no Paquistão uma aeronave invisível a radares, o RQ-170 Sentinel. Também conhecido como a Besta de Kandahar, seu papel teria sido o de monitorar, em múltiplas missões, a mansão onde Bin Laden vivia, coletando informações sobre o complexo e grampeando conversas, sem despertar suspeitas.Fonte: / NOTIMP