Aéreas brasileiras perdem R$ 12 milhões com vulcão do Chile
Gol e Tam cancelaram 436 voos por causa do Puyehue; perdas do setor turístico de cidades da patagônia ultrapassam R$ 900 milhões .
O vulcão chileno Puyehue, que entrou em erupção em 4 de junho, gerou prejuízos de R$ 12,6 milhões para as companhias aéreas brasileiras Gol e Tam. As duas empresas, que operam voos para cidades argentinas e chilenas, tiveram 436 cancelamentos entre 6 de junho e 12 de julho em função das cinzas. A situação é pior, entretanto, para as empresas das regiões turísticas próximas ao vulcão, cujas perdas devem superar R$ 900 milhões, segundo estimativas de autoridades locais.
Segundo cálculo feito pelo iG com base no número de voos cancelados, a Gol deixou de ganhar aproximadamente R$ 4,9 milhões e a Tam deixou de ter receitas de R$ 7,7 milhões em função do vulcão do Chile. A conta considera a quantidade média de assentos por aeronave, a taxa de ocupação média de cada empresa e a tarifa média dos bilhetes aéreos. Apenas para efeito de comparação, o lucro da Gol no primeiro trimestre do ano foi de R$ 110 milhões, enquanto a Tam lucrou R$ 128,8 milhões de janeiro a março.
Procurada pelo iG, a Gol informou ter cancelado cerca de 200 voos por causa do vulcão, mas disse que não divulga suas informações de perdas financeiras isoladamente, por rotas ou mercados específicos. A Tam, que diz ter não voado em 236 ocasiões, também não divulga valores de prejuízos, afirmando que não pode passar informações estratégicas por ser uma companhia aberta.
De acordo com dados da Infraero, estatal que administra os principais aeroportos brasileiros, foram cancelados 895 voos no Brasil de 4 de junho a 12 de julho deste ano. A empresa não divulga quais cancelamentos aconteceram em função do vulcão. Mas informa que no mesmo período do ano passado foram feitos apenas 399 cancelamentos, ou seja, menos da metade do número deste ano. A Aerolíneas Argentinas, que opera voos de São Paulo a Bariloche, também foi procurada pelo iG, mas até o momento não respondeu sobre seus cancelamentos e prejuízos.
Além das aéreas, companhias de viagem brasileiras também são afetadas com os cancelamentos em decorrência do vulcão do Chile, ainda que em menor proporção. Essas empresas têm perdas quando não conseguem remarcar os hotéis dos consumidores, segundo Leonel Rossi Jr, diretor de assuntos internacionais da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV). “Quando se trata de eventos da natureza, a primeira saída dos operadores de viagens é remarcar os voos e os hotéis. Em segundo caso, tentam mudar a viagem para outro destinos,” diz Rossi.
Segundo ele, em 99% dos casos as agências conseguem resolver a situação remarcando os clientes. Em casos extremos, como quando o consumidor não poderá viajar em outra ocasião, ou para outro destino, as agências de viagens precisam fazer o reembolso do valor pago ao hotel, segundo Rossi.
Enquanto as companhias aéreas são obrigadas a reembolsar os passageiros, o mesmo não é exigido ao setor hoteleiro com seus hóspedes. “Os hotéis muitas vezes não têm o dinheiro para devolver,” afirma Rossi, acrescentando que, neste caso, a responsabilidade é das operadoras de turismo. Sempre que for prejudicado por fatores meteorológicos, a recomendação da Abav aos clientes é de procurar quem vendeu o pacote.
A Infraero informa que seus prejuízos também são pequenos. Em situações de cancelamentos em função de eventos naturais, a administradora dos aeroportos apenas deixa de ganhar com taxas de pousos e decolagens de voos cancelados. Até mesmo as perdas com taxas de embarques são pagas pelas companhias aéreas, segundo a empresa.
Empresas chilenas e argentinas, por sua vez, foram bastante prejudicadas pelo Puyehue. As estimativas da Secretaria do Turismo de Bariloche, na patagônia argentina, por exemplo, são de perdas de pelo menos 400 milhões de pesos (R$ 160 milhões) para o setor de turismo local, segundo o jornal El Clarín. Localizado no sul do Chile, a 870 quilômetros de Santiago, o vulcão deixou o aeroporto da cidade fechado por mais de um mês. De acordo com BBC Brasil, que cita o Emprotur, órgão de turismo da cidade turística, Bariloche recebe 800 mil turistas por ano.
Mas o prejuízo na região pode ser cinco vezes maior, segundo Rubén Kodjaian, presidente da Associação Empresarial Hoteleira Gastronômica de Bariloche (AEHGB). De acordo com o jornal, ele afirma que o valor perdido pode chegar a dois bilhões de pesos (R$ 775 milhões). Para tentar reverter as perdas, hotéis e restaurantes locais passaram a oferecer descontos de até 30% em seus preços para este inverno, segundo o Emprotur.
Fonte: / NOTIMP