No Dia do Disco Voador, ufólogo lamenta preconceito contra estudiosos do tema
Apuração: Carlos Caroni .
Objeto fotografado entre Manaus e Belém pela tripulação de um Boeing da Varig, em 1976 |
Estamos sozinhos no universo? A pergunta que fascina a humanidade e já foi tema das mais diversas produções de ficção científica ganha ainda mais força nesta sexta-feira. Além de dia de São João para os católicos, hoje os fãs de ufologia do mundo inteiro comemoram o Dia do Disco Voador.
A data foi escolhida porque, em 24 de junho de 1947, o piloto Kenneth Arnold relatou à imprensa local que, enquanto buscava por destroços de um avião da Marinha que havia desaparecido, avistou nove objetos incomuns sobrevoando a região do Monte Rainier, em Washington, nos Estados Unidos.
Segundo ele, as supostas aeronaves eram extremamente rápidas e voavam como "pratos sobre as águas". Logo, os jornais substituiriam o termo pratos por discos e a expressão "disco voador" se consagraria. Estava iniciada a chamada era da ufologia moderna.
Mais de 60 anos depois, porém, os entusiastas da área ainda sofrem com o preconceito. Boa parte da sociedade considera a ufologia "coisa de maluco" e os céticos, por sua vez, afirmam que a atividade é fundamentada somente em crenças e, portanto, não merece crédito.
Para o pesquisador e ufólogo Ademar José Gevaerd, editor da revista UFO - maior publicação sobre o tema na América Latina -, a resistência é fruto da falta de informação.
"Fala-se muita bobagem por desconhecimento. O ufólogo atua como repórter e perito policial. Na medida em que um evento ocorre, vai até o local e colhe depoimentos e material para que se faça uma análise e busque padrões que possam classificá-lo como consistente. Em geral, 95% dos casos são descartados", explica ele, que admite a existência de "pseudo-ufólogos", que acabam por manchar a imagem da categoria.
Infelizmente, nossa área é uma terra de ninguém. De cada dez que denominam-se ufólogos, eu diria que apenas três o são. Isso abre espaço para a atuação de charlatões, cuja única intenção é lucrar em cima da boa-fé da população", lamenta.
Apesar disso, Gevaerd afirma que a ufologia vive um momento sem precedentes, em que diversos países, incluindo o Brasil, admitem ter observado episódios envolvendo supostos discos voadores.
"Na América do Sul, por exemplo, Chile, Peru, Uruguai, Equador e Colômbia possuem comissões especializadas no assunto. E no Brasil, recentemente, o governo passou a disponibilizar arquivos antes classificados como "confidenciais" para consulta pública", diz.
O acervo a que Gevaerd se refere foi liberado há três anos e é constituido por cerca de 5 mil páginas de documentos, que incluem relatos de perseguições de jatos da Força Aérea Brasileira (FAB) a discos voadores.
Em 2010, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, também ordenou que toda e qualquer ocorrência com ovnis no país deveriam ser relatadas e, em seguida, catalogadas no Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (Cendoc), no Rio de Janeiro.
Fonte: / NOTIMP