Especial: Cinzas voltam e 30% dos voos internacionais são cancelados
O Puyehue afetou novamente o tráfego aéreo mundial. A nuvem de cinzas encobriu parte do Rio Grande do Sul, provocou o cancelamento de um terço dos voos partindo do Brasil para o exterior e pode até adiar a final da Libertadores, entre Santos e Peñarol. Os terminais mais afetados foram os de Buenos Aires, na Argentina, e de Montevidéu, no Uruguai. Saiba como funciona uma erupção vulcânica .
Renata Tranches
O caos voltou
Nuvem do vulcão Puyehue encobre áreas no Sul e prejudica um terço dos voos internacionais no Brasil. Cinzas causa transtornos também na Oceania
A nuvem de cinzas expelida pelo vulcão chileno Puyehue voltou ontem a encobrir parte do Rio Grande do Sul e provocou o cancelamento de quase um terço dos voos internacionais partindo do Brasil. Transtornos com o tráfego aéreo afetaram pelo menos seis países, e as autoridades argentinas devem declarar emergência agropecuária na Patagônia. Os aeroportos de Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai) não deveriam ser reabertos na noite de ontem, como estava previsto. A fuligem chegou à Oceania e causou a suspensão de voos na Austrália e na Nova Zelândia.
As empresas aéreas Gol e TAM cancelaram todos os voos com destino a Buenos Aires e Montevidéu. A Gol suspendeu também as viagens para Rosário, na Argentina. A Aerolíneas Argentinas e a companhia uruguaia Pluna anunciaram a paralisação das operações envolvendo esses aeroportos. Com isso, segundo boletim divulgado no site da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infreaero), até às 19h de ontem tinham sido cancelados 45 dos 147 voos internacionais programados (31% do total).
Passageiros de Brasília com destino às cidades afetadas no Cone Sul não chegaram a embarcar para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde fariam a conexão com o voo internacional. As companhias Gol e TAM informaram que estão providenciando acomodação para as pessoas em trânsito e a recolocação em outros voos. A Agência Nacional de Aviação Civil (anac) divulgou nota na qual recomenda a quem tenha partidas ou chegadas em aeroportos da Região Sul a consultar a companhia aérea antes de sair de casa. "A mesma orientação deve ser seguida pelos passageiros com destino a Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai."
Na semana passada, a nuvem de cinzas invadiu o espaço aéreo brasileiro e causou transtornos, mas depois seguiu para o Oceano Atlântico. Ontem de manhã, mais uma vez o Rio Grande do Sul ficou parcialmente encoberto. Segundo o site da empresa de meteorologia MetSul, mantido por meteorologistas gaúchos, a nuvem estava sobre metade do estado. A Força Aérea Brasileira (FAB), citando o Volcanic Ash Advisory Centres, da Argentina, afirmou que ela estava restrita ao extremo sul: "A nuvem não deve avançar sobre o espaço aéreo brasileiro, mantidas as atuais condições atmosféricas".
Emergência
Na Argentina, as autoridades se preparavam para declarar emergência agropecuária na Patagônia, gravemente afetada pelas cinzas desde o início da erupção, no dia 4. A região fica próxima ao ponto no Chile onde está o complexo vulcânico Puyehue. Segundo o jornal argentino Clarín, que citou o secretário executivo de Emergências e Desastre Agropecuário, Haroldo Lebed, o impacto das cinzas produz um "efeito tremendo para a alimentação nas fazendas". Cidades como San Carlos de Bariloche e Villa La Angostura estão cobertas pelas cinzas. Os dois municípios turísticos estavam praticamente vazios por conta do fechamento dos aeroportos.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que está na Argentina como parte de uma viagem à América do Sul, comemorou o aniversário de 67 anos tomando café da manhã com alfajores em um posto de gasolina. Por conta da paralisação dos voos, ele teve de fazer uma viagem de 700km em ônibus de linha. Ban chegava da Colômbia e o voo, com destino a Buenos Aires, foi desviado para Córdoba. "Perdoe-nos, senhor secretário. Por causa das cinzas, teve de tomar o café da manhã em Rosário", disse a presidente Cristina Kirchner.
Na Oceania, os maiores transtornos ocorreram no fim de semana. Ontem de manhã, as companhias australianas Qantas e Jetstar começaram a normalizar os voos suspensos. A região está a 9,4 mil km do Puyehue.
Colaborou Jessica Germano
Visita encurtada
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, foi obrigada a abreviar a visita que fazia ontem à África por causa de outra nuvem de cinzas vulcânicas que se deslocava em direção à Etiópia. Hillary esteve na capital etíope, Adis Abeba, onde discursou na sede da União Africana (UA) para pedir aos governos do continente que pressionem o regime da Líbia por um cessar-fogo. O tráfego aéreo no Chifre da África foi prejudicado pela erupção do vulcão Dubbi, na Eritreia, que lançou colunas de fumaça à altitude de 13 mil a 15 mil metros. "A erupção ocorrida no domingo é importante", afirmou o especialista Jean Nicolau, da Meteo-France, em Toulouse (sul da França), onde também se localiza um dos centros internacionais de vigilância de cinzas vulcânicas. "Não estamos em uma situação crítica como a que ocorreu com o vulcão islandês Grimsvötn, pois o tráfego é muito menos importante na África Oriental."
Serviço
TAM
Os clientes devem ligar para a Central de Atendimento antes de se dirigirem ao aeroporto. Os números são:
Brasil - 4002-5700 (capitais) e 0800-570-5700 (demais localidades)
Argentina - 0 810 333 3333
Chile - 56 2 6767 900
Paraguai - 595 21 659 5000
Uruguai - 000 4019 0223
GOL
A companhia está contatando os clientes que tiveram a programação alterada via telefone, SMS e e-mail. Os passageiros podem ajudar telefonar para a Central de Relacionamento nos números:
Brasil - 0300 115 2121
Argentina - 0810 266 3232
Uruguai - 5098 2403 8007
Fonte: / NOTIMP
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69 voos são cancelados nos aeroportos do País
Cumbica (SP), Galeão (RJ) e Salgado Filho (RS) foram afetados pelo vulcão chileno que está perdendo a força
Porto Alegre. As cinzas do vulcão chileno Puyehue provocaram, ontem, o cancelamento de, pelo menos, 69 voos entre aeroportos brasileiros e da Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, considerando partidas e chegadas que deveriam ter ocorrido até as 19h30 ou que foram canceladas previamente.
O balanço considera os aeroportos de Cumbica (Grande São Paulo), Galeão (Rio) e Salgado Filho (Porto Alegre) e as companhias Gol, TAM, Aerolíneas Argentinas, LAN, Pluna e BQB.
A maior parte dos voos tinha como destino Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai), cujos aeroportos estão fechados. Também foram afetados voos para Santiago (Chile), Assunção (Paraguai), Rosário e Rivera (Argentina).
De acordo com a Infraero (estatal que administra os aeroportos brasileiros), um terço dos voos internacionais em todo o País foi cancelado até as 19h de ontem. Os cancelamentos atingiram 45 dos 147 voos programados desde a 0h, para diversos destinos.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) emitiu comunicado ontem recomendando aos passageiros com voos de e para os aeroportos da região Sul, assim como Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, que consultem a companhia aérea antes de se dirigir ao aeroporto.
Ainda segundo a agência, as companhias aéreas devem garantir aos passageiros os direitos previstos pela resolução 141, inclusive o de reembolso, válida em todo o País, independentemente da nacionalidade da empresa.
Condições atmosféricas
A nuvem de cinzas chegou ao município de Chuí (518 Km de Porto Alegre), no extremo sul gaúcho, no início da tarde de ontem, de acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB). As cinzas, porém, devem ficar restritas à região.
Segundo a FAB, o último boletim emitido pelo Volcanic Ash Advisory Centre da Argentina, instituto responsável pelo monitoramento da situação no Cone Sul, indica que a nuvem não deve avançar sobre o espaço aéreo brasileiro, mantidas as atuais condições atmosféricas. Ainda segundo a FAB, as informações recebidas pelo Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea apontam que o vulcão perdeu força, mas continua emitindo fumaça. Na última sexta-feira, as cinzas já haviam chegado ao Rio Grande do Sul, mas deixaram totalmente o Estado no dia seguinte.
Erupção
Para especialistas, a atividade do vulcão, que entrou em erupção no dia 4 de junho, pode demorar meses para terminar.
"É difícil prever. Pelo seu histórico, isso pode demorar pelo menos um ou dois meses", afirmou o professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), Gaston Eduardo Enrich Rojas. O Puyehue, que tem 10 mil anos, entrou em erupção duas vezes no século passado. Na primeira, a atividade durou de dezembro de 1921 a fevereiro do ano seguinte.
Fonte: / NOTIMP
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Só no grito
Companhias aéreas não oferecem por iniciativa própria benefícios a que passageiros têm direito
RICARDO GALLO
O cirurgião argentino Hector Gonzales, 50, passou a madrugada e a manhã de ontem no chão do aeroporto de Guarulhos (Grande SP), após o fechamento do aeroporto em Buenos Aires devido às cinzas do vulcão Puyehue. Não precisava: como o voo atrasou mais de quatro horas, Hector teria direito a hospedagem, além de alimentação e acesso a internet, segundo norma da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) de 2010. Mas a empresa -a Aerolíneas Argentinas- não lhe informou nada disso.
A atitude não é incomum: embora devessem fazê-lo, companhias aéreas raramente oferecem, por iniciativa própria, benefícios garantidos por lei para atrasos ou cancelamento de voos. Só ganha quem pergunta sobre eles à companhia. Hector só soube às 14h de ontem -nove horas após chegar a Cumbica, de Londres- que o voo não decolaria. Como não sabia dos direitos previstos pela anac, não questionou a empresa. A Folha ouviu histórias semelhantes entre passageiros da TAM e da Gol. Novamente por causa do vulcão, aeroportos da Argentina e do Uruguai voltaram a fechar ontem. No Brasil, ao menos 69 voos foram cancelados.
Entre as empresas com voos para Buenos Aires e Montevidéu, a única a oferecer prontamente transporte, alimentação e/ou hospedagem foi a uruguaia Pluna. Com viagem marcada para Buenos Aires, a médica Rina Carvalho, 23, ficou sem transporte e alimentação em Cumbica. Tentou reclamar com a TAM, sem sucesso. Resultado: pagou do bolso a volta para Pilar do Sul (a 150 km de SP), de ônibus.
Segundo a Anac, as empresas são obrigadas a informar os passageiros sobre os seus direitos e estão sujeitas a multa se não o fizerem. Diretor de segurança do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho diz ter avisado ele mesmo a uma passageira, na semana passada, sobre o direitos de transporte em caso de atraso. Eles eram vizinhos de poltrona em um voo.
"Em geral, a empresa aplica a lei à letra. Se não está escrito expressamente que a empresa tem de ser proativa, ela não vai oferecer espontaneamente", diz Lucas Cabette, advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). "Assim, só aqueles mais bem informados conseguem recorrer."
A TAM e a Gol informaram que cumprem a resolução da anac e prestam assistência aos clientes. A primeira acrescentou que mantém cartazes nos aeroportos para informar os passageiros da resolução; a Gol disse ter funcionários para atendimento individual aos usuários.
Nenhuma das duas respondeu à Folha se oferece benefícios aos passageiros. A reportagem não conseguiu contato com a Aerolíneas Argentinas ontem. O Sindicato das Empresas Aéreas não se manifestou.
HOJE
Autoridades aeroportuárias da Argentina e do Uruguai avaliarão hoje se os voos poderão ser retomados. Um dos prejudicados ontem foi o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele teve de percorrer mais de 700 km por terra entre Córdoba e Buenos Aires.
Colaborou LUCAS FERRAZ, de Buenos Aires
Fonte: / NOTIMP
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2ª nuvem vulcânica afeta centenas de voos
Ariel Palacios e Elder Ogliari
Aeroportos ficaram novamente fechados no Uruguai e na Argentina; no Brasil, 30,6% das saídas foram suspensas
Uma nova nuvem de cinzas do vulcão chileno Puyehue invadiu o espaço aéreo da Argentina e do Uruguai ontem e causou mais uma vez o cancelamento de centenas de voos. Aeroportos de Buenos Aires e Montevidéu seguem fechados desde domingo e afetam partidas e chegadas no Cone Sul - no Brasil, 30,6% das 147 decolagens internacionais foram suspensas - principalmente em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.
As autoridades aeroportuárias não informam qual a previsão para a retomada dos voos, uma vez que tudo vai depender das condições climáticas. Essa segunda nuvem, que está a 3 mil metros de altitude, atingiu a cidade de Chuí (RS). Em Santana do Livramento, o céu chegou a ficar com coloração cinza e marrom.
Ainda assim, segundo boletim emitido pelo Volcanic Ash Advisory Centre da Argentina, o Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea da aeronáutica (CGNA), as cinzas não devem avançar sobre o espaço aéreo brasileiro nos próximos dias.
As cinzas impediram ontem que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pudesse desembarcar em Buenos Aires. O secretário-geral teve de aterrissar no Aeroporto Pajas Blancas, em Córdoba, e percorrer em um ônibus fretado pela organização os 713 quilômetros que separam a cidade da capital.
No meio do caminho, Ban Ki-Moon teve de parar em um posto de gasolina na estrada, perto da cidade de Rosario, para tomar o café da manhã. Acompanhado por sua mulher, Yoo Soon Taek, o diplomata coreano celebrou seu 67.º aniversário na lanchonete, com café e alfajor de Santa Fe.
Fonte: / NOTIMP
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Nuvem de fuligem chega até Porto Alegre
As cinzas do vulcão chileno Puyehue avançaram sobre o Estado no final de noite de ontem e início da madrugada de hoje. Por volta das 22h40min, chegavam até a metade da Lagoa dos Patos. Por volta da 1h, os resíduos cobriam Porto Alegre e Caxias do Sul. As informações são do site do Integrador de Cartas de Rotas, usado como apoio pela própria aeronáutica.
Para a madrugada de hoje, o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) previa apenas névoa úmida, sem relação com a fuligem do vulcão.
O avanço das nuvens contraria relatos da aeronáutica, que até as 20h anunciava a redução da área com a cinza sobre o Estado. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informava que, no início da noite de ontem, a nuvem seria levada para o Oceano Atlântico, onde seria dissipada devido à influência de um ciclone extratropical.
Fonte: / NOTIMP