Crise econômica faz olimpíada militar encolher
Nem 'carona' oficial a países mais pobres evitará que a competição no Rio, em julho, tenha menos competidores .
Amanda Romanelli .
As Forças Armadas não queriam perder o momento esportivo que atinge o País até 2016 e recebem, a partir do dia 16, a 5.ª edição dos Jogos Mundiais Militares, no Rio. A competição - também chamada de Jogos da Paz -, é uma espécie de Olimpíada para homens e mulheres de farda.
Mas a crise econômica mundial pode atrapalhar os planos de grandiosidade do evento - a expectativa inicial do número de participantes caiu e ainda poderá haver uma importante baixa na competição: a Rússia, campeã de todas as edições, ainda não confirmou sua participação.
"Antes, pensávamos em ter 6 mil atletas. Agora, devemos ter em torno de 5 mil. É algo da conjuntura econômica mundial", explica o vice-almirante Bernardo Gambôa, presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil.
Até sexta-feira, os russos não haviam dado sinal da esperada vinda ao País. "Não há outro motivo para que eles não venham que não seja o econômico", lamenta o vice-almirante.
Outras delegações também corriam o risco de não comparecer. "Apenas na quinta-feira tivemos a confirmação de Portugal. E a Grécia, apesar do grave momento político, garantiu que vem ao Rio."
O prazo final de inscrição para os Jogos do Rio era o mês de abril. Mas a data foi sendo postergada - e ainda está aberta. "As confirmações já deveriam estar encerradas, mas vamos esperar. Isso não é benevolência, mas compreensão. Não fosse assim, não seriam estes os Jogos da Paz", diz o oficial.
As Forças Armadas dos vários países que compõem o Conselho Internacional do Esporte Militar (CISM, em francês) também colocaram em ação um plano de ajuda mútua para trazer delegações ao Brasil.
A Força Aérea Brasileira, por exemplo, mandará dois aviões à África para buscar competidores daquele continente. O mesmo fará os Estados Unidos com nações caribenhas e a Itália, com países do Leste Europeu.
Com os desfalques de outros países e o investimento maciço na delegação militar brasileira, o País espera evitar a repetição dos resultados modestos dos últimos quatro eventos - a meta é ficar, ao menos, entre os cinco melhores do quadro geral de medalhas. A melhor posição foi o 15.º lugar (um ouro e cinco pratas) nos Jogos de Catânia (Itália), em 2003.
Para tal meta, o Ministério da Defesa promoveu um recrutamento em massa de competidores civis. Um modelo que, afirmam, segue exemplo do que ocorre na Itália, França e Alemanha.
Soldos. Por meio de editais públicos, 358 atletas de alto rendimento passaram a reforçar os quadros das Forças Armadas. Dos convocados, 230 viraram terceiros sargentos temporários do Exército, com soldo de R$ 2.800. Outros 128, incorporados como marinheiros, receberão R$ 1.200.
Entre os novos militares estão judocas como o medalhista olímpico Tiago Camilo, competidores do atletismo, como a saltadora Keila Costa e o velocista Vicente Lenílson, e futebolistas.
Segundo o vice-almirante Gambôa, os novos militares têm as mesmas obrigações dos militares de carreira. Em uma situação de conflito, seriam normalmente convocados para defender o País. "Por que eles não iriam para a guerra? Não há qualquer tipo de diferenciação. O Jadel Gregório, do atletismo, com seu porte físico, tem tudo para ser um excelente marinheiro", exemplifica.
Fonte: / NOTIMP