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AF447: Corpos das vítimas do voo Rio-Paris chegam à França nesta quinta-feira



Processo de identificação divide as famílias e pode demorar meses .

Os restos mortais das vítimas do voo Rio-Paris, resgatados nas últimas semanas em águas brasileiras, chegarão de barco na quinta-feira (16) a Bayonne, no sudoeste da França, como parte de um processo de identificação que pode durar meses e ainda divide as famílias
.

Mais de dois anos após a tragédia, que deixou 228 mortos de 32 nacionalidades diferentes, os 104 corpos resgatados nesta última etapa de salvamento devem chegar ao país a bordo do navio L’Ile-de-Sein, indicou nesta segunda-feira (13) uma fonte ligada à investigação.

Segundo o BEA, as peças do avião seguirão de Bayonne para Toulouse. Depois elas devem ser encaminhadas para um hangar da DGA (Direção Geral de Armamento) para análise. Já os corpos serão levados ao IML (Instituto Médico Legal).

Os corpos levados para a França serão identificados depois de um processo científico e jurídico rígido e longo, de várias semanas de duração, podendo levar até meses, explicou o coronel François Daoust, chefe do IRCGN (Instituto de Investigação Criminal da Polícia Militar Nacional).

Segundo ele, “operações médico-legais serão realizadas sob a supervisão dos dois magistrados” parisienses Sylvie Zimmermann e Yann Daurelle, encarregados da investigação na qual Air France e Airbus são acusadas de homicídio culposo.

De acordo com a Gendarmeria (a Polícia Militar francesa), que realiza o resgate dos corpos, novos 104 corpos foram resgatados entre o final de abril e o início de junho. Juntando-se aos primeiros 50 corpos resgatados logo depois do acidente, o número total chegou a 154. Por outro lado, outros 74 corpos permanecem entre os restos do avião no fundo do mar.

O barco fretado pelo BEA (órgão responsável pelas investigações) faz parte das operações de resgate dos corpos e destroços do Airbus A330 da Air France, sepultado a 3.900 m de profundidade no Oceano Atlântico. As operações foram concluídas no último dia 3 de junho.

Exames forenses irão determinar identidades das vítimas

Como em outras catástrofes (como a queda do avião Concorde em 2000, o tsunami na Ásia em 2004 e o terremoto no Haiti em 2010), a identificação das vítimas depende da comparação dos registros “ante mortem” e “post mortem” que serão elaborados pelos médicos forenses. Um corpo poderá ser identificado apenas após a “aproximação” desses dois registros, advertiu o coronel Daoust.

O registro “ante mortem” é composto por elementos fornecidos pela família e pelos médicos da pessoa morta, como DNA de parentes, jóias e cirurgias. Já o registro “post mortem” é elaborado em “exames médico-legais, odontológicos e nos ossos longos para a retirada de amostras de DNA”, indicou o chefe do IRCGN.

Depois, “todos os dados ante e post mortem serão examinados por um computador que estabelecerá possíveis correspondências entre elas” até que uma comissão de identificação possa atribuir uma identidade para cada corpo.

Daoust lembra que a identificação dos 50 primeiros corpos, resgatados há dois anos, levou cerca de dois meses.

Famílias continuam divididas quanto ao resgate

Já indignados no final de maio pelo “desenrolar caótico da investigação técnica” do BEA, as famílias estão divididas frente à decisão da Justiça de recuperar seus parentes com o objetivo de identificá-los. Segundo Robert Soulas , vice-presidente da Associação Ajuda Mútua e Solidariedade AF447, organização que reúne familiares dos mortos no acidente, muitas famílias não gostariam de ter seus entes queridos resgatados dos destroços da aeronave.

- A operação gerou polêmica, alguns querem e outros não. Havíamos pedido ao juiz que indicasse em quais condições de dignidade o resgate dos corpos será organizado.

A mãe e a irmã de um passageiro citadas nesta segunda pelo jornal francês Le Parisien explicam também que, segundo elas, “é preciso deixar tudo, como fazem os marinheiros”.

Os investigadores da BEA trabalham atualmente com os dados contidos nas caixas-pretas resgatadas no início de maio.

Graças às caixas-pretas, o BEA conseguiu estabelecer que a queda do avião durou 3 minutos, mas ainda sem poder determinar ainda as causas da catástrofe. Um novo relatório deverá ser apresentado no final de julho.

Fonte: / NOTIMP

Foto: Pawel Kierzkowski








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