FX-2: Franceses realizam hoje seminário em S.Bernardo
Soraia Abreu Pedroso .
Enquanto o governo federal não decide qual fabricante de aviões caça escolherá para renovar a frota da Força Aérea Brasileira, composta por 36 aeronaves, já que por ora as compras foram suspensas devido ao corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, a francesa Dassault Aviation, que produz o Rafale FX-2, realiza hoje seminário em São Bernardo.
O evento, no Senai Mario Amato das 8h30 às 16h30, possui o objetivo de prospectar futuras parcerias para consolidar a transferência de tecnologia, caso seja a eleita. Por isso são esperadas empresas dos setores de mecânica, material composto (que fabrica composto de carbono, mais flexível que o metal e muito utilizado na indústria da aviação), eletrônica, softwares e combustíveis.
Qualquer acordo de cooperação industrial intencionado no Grande ABC, assim como no restante do País, está condicionado à escolha do governo. Exceto uma, a que envolve três universidades da região: UFABC, FEI e Fatec. Será assinado, durante o seminário, compromisso entre elas, a Prefeitura de São Bernardo e o Consórcio Rafale - que coordena as operações do caça da Dassault. "Se houver áreas de interesse em comum, a parceria pode acontecer antes mesmo da escolha do governo", conta Jean-Marc Merialdo, diretor da Dassault. "O intuito é contribuir para a formação de engenheiros em alta tecnologia, como aeronáutica e eletrônica. Da nossa parte, realizaremos a entrega de equipamentos de ponta e ofereceremos bolsas de estudo na França, assim como o envio de professores para serem treinados lá e, então, oferecerem os cursos aqui."
Para a vice-reitora da FEI, Rivana Marino, esse tipo de parceria é muito positiva, principalmente por fomentar a pesquisa de alta tecnologia e, adicionar a ela, visão de mercado. "O primeiro passo será assinar a carta de intenções e, então, detalhar as linhas de pesquisa pretendidas", diz. "A transferência de equipamentos ou a possibilidade de bolsa de estudos está vinculada ao fato de haver interesses em comum. Se isso acontecer, a tendência é que as coisas fluam mais rápido, provavelmente até o fim do ano."
DISPUTA - Até o fim de 2010, ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, era clara a preferência pelos franceses na concorrência com os suecos da Saab, o Gripen NG, e com os norte-americanos da Boeing, com o F-18 Super Hornet. Porém, após a posse da presidente Dilma Rousseff, o assunto foi adiado sem data prevista para ser retomado.
Na semana passada, a Saab inaugurou também em São Bernardo o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro no qual investirá US$ 50 milhões em cinco anos, mesmo que não seja as escolhidas. Diante do fato, Merialdo afirma que a Dassault segue otimista em relação à disputa. "Temos a oferta de menor risco, pois nosso avião já está desenvolvido e o governo francês garante 100% de transferência de tecnologia." Ele se refere ao fato de, se os suecos forem escolhidos, iniciarem processo de fabricação de novo modelo do Gripen no Brasil, e não do que já está em uso.
Fonte: Diário do Grande ABC / NOTIMP
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Seminário da Dassault segue até quarta na Pinacoteca Municipal
Entre os objetivos estão buscar maior aproximação entre a fabricante do caça Rafale e as indústrias brasileiras, bem como firmar parcerias e intercâmbios
O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, participou nesta terça-feira (24/5) do primeiro dia do seminário “As Oportunidades do Consórcio Rafale para São Bernardo do Campo, Região do ABC e Brasil”. Sediado no Teatro Senai, na Escola Senai Mario Amato, o evento segue até esta quarta-feira (25/5) na Pinacoteca Municipal, das 9h às 12h.
Já na quinta-feira (26/5), no mesmo local e horário, haverá uma apresentação apenas para servidores municipais e universidades locais sobre aplicativos tecnológicos nos serviços públicos, aplicativos tecnológicos na educação infantil e planejamento urbano (Cidade Digital). A organização é da Prefeitura, do Consórcio Rafale e das Secretarias de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, e Relações Internacionais.
O chefe do Executivo explicou que os pontos principais do seminário são buscar maior aproximação entre a multinacional francesa Dassault, fabricante do caça supersônico Rafale, e as indústrias brasileiras, principalmente na área de defesa, reafirmar parcerias e intercâmbios, oficializar acordos entre Administração, Dassault e universidades, e, ainda, aprofundar o debate a respeito da transferência de tecnologia na fabricação de caças supersônicos pela indústria nacional.
A multinacional francesa disputa o contrato para o fornecimento do novo avião de combate da FAB (Força Aérea Brasileira) pelo programa FX-2, que visa a aquisição de 36 unidades para a modernização da frota. As outras concorrentes são a americana Boeing, fabricante do caça FA-18 Super Hornet, e a sueca Saab, fabricante do Gripen.
“O País se coloca, nas próximas décadas, entre as cinco maiores economias mundiais; e nossa região, pela sua importância no cenário industrial, sua importante cadeia produtiva, principalmente no setor automotivo e tecnológico, e suas diversas universidades, oferece inúmeras possibilidades ao mercado internacional. Esperamos que ao final dos trabalhos tenhamos conseguido atrair mais investimentos para a cidade e região”, apontou Marinho.
Como exemplo de inovação, ele citou a atuação da empresa Omnisys, do grupo Thales, com sede em São Bernardo, que desenvolveu a competência em modernização de radares de trajetografia e desenvolveu soluções e produtos para centros de lançamento de foguetes brasileiros. “A Omnisys mostrou a intenção em montar um radar de alta tecnologia aqui na cidade e vamos pensar em uma área apropriada para essa finalidade”, ressaltou o chefe do Executivo.
Já o diretor da Dassault Aviation no Brasil, Jean Marc Merialdo, fez uma explanação sobre a constituição do Consórcio Rafale, integrado pelas empresas Dassault, que é a líder, Snecma e Thales. “Acreditamos no potencial do município e do País e, com esse evento, pretendemos iniciar o processo de cooperação industrial que já discutimos há algum tempo. Temos o intuito de oferecer transferência de tecnologia irrestrita ao governo brasileiro, bem como as companhias brasileiras”, ilustrou.
A Dassault Systems, por exemplo, apesar de não integrar o Consórcio Rafale, tem uma participação emblemática neste processo. Jean Marc explicou que, dos 3 mil clientes e parceiros, 50 são de São Bernardo. A Omnisys soma 300 profissionais e há a perspectiva de saltar para mil colaboradores com a consolidação do Projeto Rafale.
Termo de cooperação – Na ocasião, foram assinados dois acordos de cooperação, um entre Prefeitura e Consórcio Rafale e outro entre a entidade e as universidades UFABC, FEI e FATEC. O acordo com as instituições de ensino prevêem atividades conjuntas de pesquisa e desenvolvimento, intercâmbios entre alunos e pesquisadores das instituições francesas (universidades e empresas) e brasileiras, assim como programas de cooperação científica em áreas como engenharia aeroespacial, nanotecnologias e novos materiais.
Já o documento firmado com a Administração indica a disposição do Consórcio Rafale em contribuir para a implementação de projetos de gestão urbana em São Bernardo, bem como a cooperação industrial e as transferências de tecnologia no setor aeronáutico, possibilitando a realização de novos negócios e a ampliação da cadeia produtiva local. A Administração identificará os projetos urbanos, as oportunidades de novos negócios e alternativas de financiamento.
Fonte: Rede Bom Dia / NOTIMP