FX-2: Dilma diz a sueco que compra de caças ficou para 2012
Tânia Monteiro .
O adiamento da compra dos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) foi um dos temas da conversa de cerca de uma hora, no Palácio do Planalto, entre a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, que está em visita oficial ao País. Reinfeldt defendeu o modelo sueco e a presidente Dilma explicou que este é um ano de contenção de despesas e que, por isso, a definição da compra dos caças ficou para 2012. Na conversa, Dilma disse que os três projetos estudados pelo governo brasileiro têm problemas, cada um com suas especificidades. O caça sueco Gripen, por exemplo, ainda não saiu do papel.
Na declaração conjunta de Dilma e Reinfeldt, no entanto, este tema não foi tratado. Em sua declaração à imprensa, ao lado do primeiro-ministro da Suécia, a presidente preferiu falar sobre o desejo de o Brasil se desenvolver de forma competitiva, inovadora, sustentável e com ênfase no bem estar de seu povo. Dilma também citou as relações e os negócios entre Brasil e Suécia.
Dilma defendeu a necessidade de maior eficiência e legitimidade de instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, o Conselho de Segurança das Nações Unidas e o conselho de direitos humanos da ONU. Ela pediu ainda apoio à indicação do ex-ministro José Graziano para a direção da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). "O candidato brasileiro reúne as mais sólidas credenciais para assumir este importante cargo", disse Dilma, ao explicar ao primeiro-ministro sueco a indicação de Grazianno.
A presidente também informou ao primeiro-ministro a posição Brasil em relação aos conflitos no Oriente Médio e na África. "O Brasil espera que a comunidade internacional ajude os países da região, por meio do diálogo e da negociação, com respeito à soberania nacional, às liberdades civis e aos direitos humanos e sendo necessário observar estritamente o mandato da ONU", declarou. "Não se pode postergar uma solução negociada em todos os rincões do mundo."
Fonte: / NOTIMP
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Gustavo Gantois
O primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, desembarcou no Brasil com um discurso ensaiado de parceria estratégica no setor de biocombustíveis. Anunciou investimentos, falou da importância do mercado brasileiro no cenário mundial, mas saiu do encontro com a presidente Dilma Rousseff, nesta terça-feira (17), sem o que gostaria de ouvir: a reabertura do processo de compra dos caças supersônicos.
O relacionamento entre os dois países tem sido atribulado desde que o Brasil começou a adiar sucessivamente o processo de compra de 36 caças supersônicos que vão reequipar a FAB (Força Aérea Brasileira). Uma das principais interessadas no chamado Projeto FX2, a Suécia disputa com os Estados Unidos e a França um contrato que pode chegar a US$ 30 bilhões.
Para demonstrar que estariam dispostos a fazer concessões, como a transferência da tecnologia utilizada nos aviões, os suecos vêm investindo pesadamente no Brasil. Ainda neste mês, será inaugurado o primeiro centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa Saab, justamente a fabricante dos caças Grippen.
De acordo com a sueca, o investimento de US$ 50 milhões será direcionado à cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo, e deve atender às áreas de pesquisa em setores como defesa, segurança, transporte, logística, energia e meio ambiente.
Reinfeldt destacou que a Suécia é um dos países que mais investe no Brasil, tendo mais de 200 empresas instaladas que geram 55 mil empregos. O primeiro-ministro também brincou com a concentração de investimentos no Estado de São Paulo.
- São Paulo é conhecido por ser o segundo maior distrito industrial da Suécia.
Outro exemplo de cooperação entre os dois países é a parceria firmada entre a empresa brasileira Vale Soluções em Energia e a sueca Scania, para desenvolvimento, produção e comercialização de motores movidos a etanol. O objetivo é viabilizar a utilização de motores pesados a etanol comercial, sem aditivos, com rendimento comparável aos motores diesel e com baixíssimas emissões de gás carbônico.
Diplomatas consultados pelo R7 afirmaram que o interesse sueco agrada ao governo, que vê com bons olhos o investimento em tecnologia no país e, principalmente, as ofertas de transferência de conhecimento. Ainda assim, eles ponderam que não é o suficiente para reabrir o processo de compra dos caças, congelado após o anúncio do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento federal.
Educação
Em declaração à imprensa, a presidente Dilma anunciou um acordo que vai disponibilizar 75 mil bolsas de estudo em universidades suecas. Inicialmente, as áreas contempladas são exatas e médicas.
- Sei que o desenvolvimento sócio-econômico e tecnológico está ligado a uma política efetiva de formação educacional. Saúdo com muito orgulho que parte desses estudantes possam ser aproveitados em centros de ensino suecos.
Dilma também disse que o Reinfeldt demonstrou apoio ao candidato brasileiro ao cargo de diretor-geral da FAO, o órgão das Nações Unidas ligado à agricultura e à alimentação. José Graziano vai enfrentar o ex-chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos e outros três candidatos - um iraquiano, um iraniano e um representante da Indonésia.