Divergências em Comissão de Segurança Pública
O embate durante a audiência realizada sexta-feira na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados extrapolou os ataques entre representantes da indústria armamentista brasileira e de defensores do desarmamento. Até organizações da sociedade civil de combate à violência divergiram quanto o real papel das armas nos altos índices de homicídios brasileiros — em torno de 35 mil por ano.
Enquanto Antonio Rangel Bandeira, coordenador da ONG Viva Rio, defende que os homicídios motivados por brigas de bar, vizinhos, entre outras desavenças pessoais, representam a maior parcela das mortes violentas no Brasil, Bené Barbosa, do Movimento Viva Brasil, considerou a análise equivocada. “Não é verdade que neste país quem mata é quem briga no jogo de futebol ou no bar. Isso é jogar a culpa da insegurança, a incapacidade e a ineficiência do Estado nas costas do cidadão”, defende Bené.
Outra discordância entre os representantes da sociedade civil diz respeito à origem das armas usadas por bandidos brasileiros. “Na análise de dados oficiais e atuais, que levantamos inclusive com a ajuda da Polícia Federal, verificamos que 80% das armas apreendidas são de fabricação brasileira, acabando com esse mito, fomentado pela indústria armamentista, de que a arma do bandido vem de fora”, afirmou Rangel. Bené considera o dado desatualizado. “São informações que remontam a armas fabricadas até a década de 80. Hoje, o criminoso compra de fora.”
Representante da indústria armamentista, Salésio Nuhs desqualificou a maior parte das informações apresentadas pelas ONGs. Ao destacar as medidas de controle adotadas por empresas de armas e munições no Brasil, ele afirmou que os dois sistemas atuais de cadastramento de artefatos — um da Polícia Federal (que cuida das armas do civis) e o outro do Exército (que cuida das armas de militares, caçadores, atiradores e colecionadores) — começaram a ser integrados.
Segundo Nuhs, de acordo com informações das Forças Armadas, quatro homens da PF estão sendo cadastrados para terem acesso ao sistema do Exército, e um do Exército para acessar os dados da PF. Ao saber da notícia, Rangel lembrou que o Estatuto do Desarmamento, desde 2003, já exigia tal integração. “Agora, depois de oito anos, estão começando a fazer”, critica. A reportagem não conseguiu confirmar a informação apresentada por Nuhs com os órgãos citados. Os parlamentares da comissão decidiram convocar o Exército, em breve, para tratar do tema.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP
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