Brasília: De volta ao ponto de partida
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Rosana Hessel .
Atualmente, 14 dos 20 maiores aeroportos operam acima do limite; e outros três já ultrapassaram a barreira da eficiência operacional, equivalente a 80% da capacidade instalada. O terminal de Brasília, terceiro maior do país, é um dos casos mais graves. As instalações foram projetadas para 10 milhões de usuários. No ano passado, recebeu 14,1 milhões de passageiros e hoje opera com fluxo 41% acima de suas possibilidades, conforme dados compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) apontou o mesmo problema.
“A ampliação elevaria a capacidade de Brasília para 18 milhões de pessoas em 2014, mas a Infraero estima um movimento de 17,8 milhões. Isso mostra que o projeto está muito apertado, como todos os demais feitos pela estatal. Eles precisam ser revisados”, alega o professor Elton Fernandes, autor de estudo realizado pelo Snea em parceira com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Um bom projeto de ampliação de aeroportos, que não comprometa a qualidade dos serviços prestados, precisa considerar uma margem de segurança de 20%, observa Fernandes. “Quando essa margem é atingida é o momento para a expansão”, comenta. As projeções do Snea é que o terminal do Distrito Federal receba 21,2 milhões de pessoas no ano da Copa. Procurada, a Infraero não quis comentar o estudo do Snea.
Consenso
Guarulhos, o maior aeroporto do país, vive situação pior. O terceiro módulo de passageiros, que deveria ter sido construído na década de 1990, foi adiado por várias vezes e ainda não há previsão para o início das obras. A projeção da Infraero para o aeroporto é de 27,3 milhões de usuários em 2014. No entanto, foram registrados 26,7 milhões já em 2010. A ampliação desenhada pela estatal permitiria ao teminal receber 35 milhões de pessoas. Mas a Coppe e o Snea já projetam 37,2 milhões para o ano da Copa — ou seja, Guarulhos chegaria ao mundial com sua capacidade estourada em 7%.
Confins, em Minas Gerais, também enfrenta problema parecido. As obras de modernização do aeroporto mineiro preveem um aumento de 5 milhões para 8,5 milhões de passageiros — volume abaixo dos 12,5 milhões calculados pelo Snea. Apenas os projetos de ampliação de Viracopos e Galeão conseguiriam atender a demanda prevista de 2014, mas isso só se as obras forem concluídas a tempo.
A necessidade de apressar o passo agora começa a ser um consenso no governo. Ontem, no Fórum Econômico Mundial realizado no Rio de Janeiro, os presidentes da Autoridade Pública Olímpica (APO), Henrique Meirelles, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, destacaram a necessidade de urgência das obras. “Temos ações rápidas para os aeroportos. Estamos concentrados diretamente nisso”, enfatizou Coutinho. O BNDES deverá financiar os grupos privados que arrematarem os aeroportos.
Abacaxi
O módulo operacional provisório do aeroporto de Brasília, inaugurado em novembro de 2010, é um exemplo das alternativas de para a Copa. Conhecido como “puxadinho”, consumiu quase R$ 3 milhões do contribuinte e é insuficiente para atender a demanda atual. Quando assumir o negócio, a iniciativa privada terá um abacaxi nas mãos. O módulo está justamente na área destinada à expansão do segundo terminal.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP
Foto: Agencia Brasil
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