AF447: Caixas-pretas do voo 447 chegam a Paris e devem ser abertas nesta 5ª
As caixas-pretas do voo AF 447 da Air France, que caiu no Atlântico em 31 de maio de 2009, serão abertas na tarde desta quinta-feira na França. Com isso, os investigadores franceses poderão saber até o fim desta semana se os dados contidos no equipamento foram preservados e poderão ser analisados. A informação foi dada por Jean-Paul Troadec, diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês), que apura as causas do acidente que matou 228 pessoas.
As duas caixas-pretas, que ficaram quase dois anos submersas no Atlântico a 3,9 mil m de profundidade, chegaram na manhã desta quinta-feira a Paris por avião, vindas da Guiana Francesa. Elas foram apresentadas à imprensa ainda nos recipientes plásticos transparentes contendo água doce e que foram selados, com um carimbo de cera, por se tratarem de provas em uma investigação judicial.
Procedimento
Tidas como fundamentais para se desvendar as causas da catástrofe, as caixas-pretas serão abertas na tarde desta quinta-feira na sede do BEA, em Le Bourget, nos arredores de Paris, na presença de um oficial da polícia judiciária.
Segundo o BEA, o primeiro passo será limpar e secar o equipamento, o que deve levar dois dias, antes que se possa tentar extrair os dados contidos nos cartões de memória das caixas-pretas, o que pode ocorrer até o fim desta semana. Esse processo todo pode levar cerca de quatro dias se os microchips internos, que contêm os parâmetros técnicos do voo e as conversas dos pilotos ou qualquer outro som emitido na cabine, não tiverem sofrido corrosão ou outro tipo de dano.
Nesse caso, os cartões de memória serão ligados a um aparelho decodificador, para que os dados sejam lidos. O procedimento seria semelhante ao utilizado em um leitor de DVD.
Mas se os microchips tiverem sofrido desgastes, os investigadores poderão levar semanas para ler as informações. Isso porque será necessário reconstituir o conjunto de dados, acessando cada um dos cartões de memória das caixas-pretas usando técnicas sofisticadas, afirma Troadec.
Processo filmado
Depois que os dados forem extraídos, os especialistas começarão a analisar as informações que deverão explicar as circunstâncias exatas do acidente com o avião da Air France que fazia a rota Rio-Paris.
Com o início da análise, os investigadores deverão ter rapidamente um panorama geral dos motivos da queda do avião. Um estudo mais detalhado dos dados das caixas-pretas e também de outras peças do avião resgatadas nesta quinta fase de buscas, levará, no entanto, meses. O BEA prevê divulgar um novo relatório, o último, sobre o acidente com o voo AF 447 no final deste ano ou no início de 2012.
Todo o processo de abertura e transcrição das caixas-pretas será filmado. As análises serão acompanhadas por técnicos brasileiros, americanos e britânicos, informou o governo francês no início deste mês.
As duas caixas-pretas - a que grava os dados do voo e contém os parâmetros técnicos como altitude, velocidade e trajetória do avião, e a que grava as conversas dos pilotos e qualquer outro som emitido na cabine, como alarmes - foram encontradas no início deste mês.
Fonte: / NOTIMP
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Brasil envia especialista para atuar na abertura das caixas-pretas do voo 447
A pedido da Aeronáutica, França autorizou major a acompanhar trabalho. Oficial chefia laboratório de degravação do Cenipa.
Tahiane Stochero
O Comando da Aeronáutica enviou na noite desta terça-feira (10) para a França um oficial especialista em abertura e degravação de caixas-pretas para acompanhar na sede do Bureau of Economic Analysis (BEA), o órgão francês que investiga acidentes aeronáuticos, a leitura dos gravadores recuperados em alto-mar do Airbus que fazia o voo AF 447, que caiu no mar em 31 de maio de 2009 deixando 228 mortos.
"Fiz contato com o chefe do BEA e pedi para enviarmos um major que é especialista na degravação de caixas-pretas no país. O objetivo é que ele adquira experiência em um trabalho tão incomum e complexo como esse, pois os gravadores que ficaram submersos durante dois anos a 4 mil metros de profundidade”, disse ao G1 o brigadeiro Carlos Alberto da Conceição, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
O oficial enviado pelo Cenipa é o major-aviador Sidnei Velloso da Silva Júnior, que comanda o laboratório de análises de caixas-pretas. A designação para a viagem a Le Bourget, na França, onde fica a sede do BEA, foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (11). A previsão inicial é de que ele fique 11 dias no trabalho.
Normalmente, os órgãos de investigação dos países que possuem interesses tragédia ou em peças da composição da aeronave acidentada têm direito a ter uma pessoa acompanhando a apuração. Desde o início do processo, o coronel Luís Claudio Lupoli, da Aeronáutica, está como representante do Brasil junto ao BEA. Ele está em alto-mar no navio que retirou as caixas-pretas e os corpos do fundo do mar e também irá para a França acompanhar a degravação.
Conforme o brigadeiro Carlos, o major Sidnei irá ajudar o coronel Lupoli na investigação.
Os gravadores de voz e de dados da Air France foram retirados do mar na última semana. "As caixa-pretas parecem estar em bom estado físico. Nossos especialistas nos dizem que podemos conseguir ler esses dados", explicou Jean-Paul Troadec, diretor do BEA.
Troadec ressaltou, no entanto, que, no momento, é difícil saber se houve corrosão. "Se esses dados puderem ser analisados, isso vai permitir que a investigação avance porque o FDR (Flight Data Recorder) registra a altitude, a velocidade, as diferentes posições do leme", explicou.
Fonte: / NOTIMP