Aeronave que caiu em São Pedro estaria em rota contrária ao plano de voo
Há suspeitas de que avião que caiu na segunda-feira (16) no Cruzeiro do Facão, Fazenda Angeleli na serra de São Pedro, matando quatro pessoas estava em uma rota contrária à prevista no plano de voo na ocasião da queda. O bimotor seguia de São José do Rio Preto para Piracicaba, num voo noturno fazendo parte das instruções, mas no entanto, os destroços e marcas na serra apontam que a colisão aconteceu no sentido oposto, isto é, de Piracicaba para São José do Rio Preto.
O aeroclube de Piracicaba, ao qual pertencia a aeronave, confirmou essa informação na quarta-feira (18), A hipótese trabalhada pela perícia é a de que o piloto, que havia avisado à base da Força Aérea Brasileira (FAB) de Pirassununga por volta das 22h30 que já visualizava o município de Piracicaba, onde deveria pousar, mudou de rota, perdeu altitude e acabou se chocando contra a serra.. “Provavelmente ele teve de efetuar uma curva ou uma manobra para poder tirar a aeronave do rumo em que se encontrava” disse o capitão da FAB Leonardo Oliveira. Já, o fato que teria motivado esta mudança de percurso a dez minutos da chegada, é desconhecida.
O bimotor Sêneca decolou segunda-feira as 21 horas de Piracicaba com destino a São José do Rio Preto, onde realizou uma ação conhecida como “bate-volta”, em que pousa toca o solo e, imediatamente decola novamente.
Os destroços e corpos foram encontrados e resgatados apenas na tarde desta terça-feira (17) com o auxílio de um helicóptero da FAB e do Águia da Polícia Militar de Piracicaba. Morreram no acidente o instrutor, Job de Oliveira, de 36 anos, nautral de Jacarezinho (PR), além dos alunos Jean Carlos Capelin, 30 anos, natural de São José do Rio Preto, (que pilotava o avião), Rodrigo Matos Gomes de 27 anos natural de Recife (PE) , e Diego Pereira Matos Gomes de 25 anos natural de Taguatinga (DF).
O avião não possuía caixa-preta. Segundo o presidente do aeroclube de Piracicaba, Fernando Pavan, a ausência do equipamento que registra dados sobre o voo irá dificultar a descoberta das causas do acidente. Em aeronaves como o bimotor que caiu, um Sêneca, é comum não haver caixa-preta.
Ele explicou que, na ausência da caixa-preta, serão avaliados pela perícia os restos da aeronave. No entanto pode haver dificuldade de localizar peças intactas. Militares que participaram do resgate e localização dos destroços disseram que, na ocasião, não foi possível visualizar partes grandes do bimotor que caiu em uma área de mata fechada.
Segundo informações, o Aeroclube de Piracicaba pode receber multa e até ser fechado por causa do acidente com o bimotor. A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) proíbe que em voos de instrução outras pessoas estejam no avião além do instrutor e do aluno. A assessoria da ANAC informou que, após toda investigação que está sendo realizada pela aeronáutica, o caso concreto do que aconteceu no acidente com o bimotor será analisado. A partir das informações precisas e corretas sobre o caso será possível saber a punição cabível ao aeroclube.
Já o diretor do aeroclube de Piracicaba, Marcelo Kraide , disse que esta pratica é comum . “Isto sempre é feito ( outras pessoas estarem no voo). Se fossem pessoas que não têm nada a ver e só estivessem ali para passear é uma outra situação. Mas não era o caso. Os três que acompanhavam o instrutor eram alunos. Um deles, inclusive, só esperava a ANAC fazer a liberação para ele se tornar piloto”, justifica Marcelo Kraide.
O delegado da polícia civil de São Pedro, Dr. Wilson Sabino, abriu inquérito, mas diz que devido a complexidade do acidente, e por não haver sobreviventes, a conclusão deve demorar até um ano. “Preciso de provas técnicas, tanto do setor criminalista da polícia civil quanto do Seripa -4 (Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), Vamos começar as oitivas, ouvindo familiares das vítimas, pessoas envolvidas com o voo e o presidente do aeroclube”. conclui Sabino.Fonte: Folha de São Pedro / NOTIMP