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Lotação em aeroportos superará previsão

Estudo da UFRJ indica para 2014 mais 33 milhões de passageiros além da estimativa inicial das companhias aéreas . Diferença equivale a mais de um Cumbica e meio e mostra que obras de ampliação previstas já estão defasadas .

MARIANA BARBOSA .

Os aeroportos brasileiros deverão receber, em 2014, 33 milhões a mais de passageiros do que o previsto inicialmente pelas companhias aéreas. Serão 225,7 milhões de passageiros, ante uma previsão inicial de 192,35 milhões.

A diferença equivale a mais de um Cumbica e meio, considerando a capacidade atual do maior aeroporto do país -localizado em Guarulhos (SP)-, de 20,5 milhões de passageiros. E mostra que muitas das obras de ampliação de capacidade previstas pela Infraero já estarão defasadas na inauguração.

Os números constam de um estudo feito pela Coppe, programa de pós-graduação em engenharia da UFRJ, para o Snea, o sindicato das empresas aéreas.

A Infraero, estatal que administra os aeroportos do país, não divulga dados globais de previsão de demanda. Mas em Guarulhos, por exemplo, a Infraero planejou obras que elevarão a capacidade do aeroporto para 35 milhões de pessoas com base em uma previsão de demanda de 27,5 milhões para 2014.

"O problema é que a previsão de demanda está defasada. Chegamos a 2010 com 26,7 milhões de passageiros em Guarulhos", diz o professor de transporte aéreo da Coppe Elton Fernandes, responsável pelo estudo.

Em Campinas, a Infraero estima aumentar a capacidade para 11 milhões em 2014, com base em previsão de demanda de 6,6 milhões. Mas, em 2010, o aeroporto recebeu 5 milhões de passageiros.

"Prevemos 9,5 milhões para Campinas em 2014. Mas, com o congestionamento em Guarulhos e Congonhas, pode aumentar ainda mais", diz Fernandes.

O setor vinha crescendo 9,2% ao ano, em média, desde 2003 até meados de 2009, quando o crescimento médio anual passou para 23%.

Por considerar o crescimento de 23% como conjuntural, a Coppe estabeleceu em 10,7% a taxa esperada para os próximos anos.

Pela previsão anterior da Coppe/Snea, o país terminaria 2010 com um movimento de 145,4 milhões de passageiros nos 66 aeroportos administrados pela Infraero, mas foram 154,3 milhões.

APERTO
O estudo dá a dimensão do aperto vivido pelos brasileiros nos aeroportos. Eles recebem 165 passageiros por m2 (número de passageiros/ano dividido pela área do terminal), enquanto na Europa a média é 143, e nos EUA, 127.

As obras previstas deverão adicionar perto de 400 mil m2. Porém, com a nova previsão de demanda, o índice de aperto passaria para 171 passageiros por m2.

O estudo sugere que, para que os aeroportos brasileiros se adaptem à média mundial, será necessário adicionar 366 mil m2 além das obras já previstas. Isso equivale a duas vezes a área atual dos terminais de Cumbica.

Mesmo na China, terminal leva 4 anos para ficar pronto

RAUL JUSTE LORES

50 mil operários chineses trabalharam na construção do Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pequim. Trabalharam noite e dia, iluminados com holofotes gigantes durante o turno da madrugada, e também aos finais de semana.

Não houve problemas de licença ambiental, e a camarada Justiça chinesa, braço do Partido Comunista, não criou contratempos.

O britânico Norman Foster, arquiteto do excelente aeroporto de Hong Kong, foi o responsável, junto com duas das maiores empresas de engenharia do mundo, uma da Holanda e outra do Reino Unido.

O orçamento, de US$ 3,65 bilhões, seria muitos maior se a obra não tivesse "custo China". Ainda assim, com know-how digno de Grande Muralha, a obra durou três anos e 11 meses.

O "exemplo" chinês é útil para calcular se a ampliação de Cumbica estará pronta ou não para a Copa do Mundo, que começa em 13 de junho de 2014, ou seja, em menos de três anos e dois meses. Isso se as obras começassem hoje, o que não é o caso.

Outros exemplos internacionais, além da superpotência chinesa, também são desanimadores. O emirado de Dubai, outra ditadura, construiu seu Terminal 3, o maior do mundo, com orçamento de US$ 4,5 bilhões, em quatro anos.

Com metade do tamanho dos terminais de Pequim e Dubai, o novo terminal de Nova Déli, capital da Índia, ficou pronto em três anos, sob as regras de uma democracia.

Mas foi uma concessão 100% privada, construído por alemães, malaios e indianos, com milhares de operários em regime digno da China. Uma pressa Bric incomum no Brasil.

Caso raro de grande ampliação que levou menos de três anos foi a extensão do aeroporto de Istambul. A capacidade de um terminal passou de 12 milhões a 20 milhões de passageiros em uma reforma que levou 27 meses.

Só que ampliar em 8 milhões de passageiros, meio Congonhas, não resolverá o aperto de Cumbica.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO / NOTIMP








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