|

Intensa pressão diplomática de Dilma pela Embraer



Raquel Landim .

Fontes do governo brasileiro relatam intensa pressão sobre as autoridades chinesas para resolver o imbróglio da Embraer. Antes mesmo da chegada da presidente Dilma Rousseff a Pequim, o Brasil deixou claro por diversos canais diplomáticos que a autorização para que a entrada dos aviões da empresa no país é prioridade.

A Embraer corria o risco de fechar sua fábrica na China, porque os dois últimos aviões ERJ-145 serão entregues em abril, deixando a unidade obsoleta. Além disso, as autoridades chinesas bloquearam a entrada de 50 aviões ERJ-190 já vendidos. O assunto se arrasta desde governo Lula.

A movimentação dos assessores de Dilma começou ainda na visita preparatória, quando os ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e das Relações Exteriores, Antonio Patriota, estiveram em Pequim. Pimentel se reuniu com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e com o ministro do Comércio, Chen Deming, e reforçou a importância da Embraer para o Brasil.

Na semana passada, ele se encontrou com o presidente da Embraer, Frederico Curado, e acionou o Itamaraty. O colega Patriota pediu ao embaixador na China, Clodoaldo Hugueney, que comunicasse às autoridades chinesas que uma negativa em relação a Embraer não seria bem vista por Dilma. Pimentel chegou a ligar diretamente para Hugueney para reforçar o pedido.

Segundo fontes do governo, a mensagem foi clara: não é tolerável para Dilma uma relação em que o Brasil só vende commodities e compra manufaturados. Os aviões da Embraer são um dos poucos produtos de alto valor agregado que o Brasil vende com competitividade para a China e não devem ser barrados por protecionismo.

Quando a comitiva brasileira chegou a Pequim, o clima tinha mudado. Na segunda-feira, o ministro do Comércio, Chen Deming, informou Pimentel que o país estava disposto a liberar a entrada de 35 dos 50 aviões da Embraer.

A decisão definitiva veio na terça-feira. Em reunião com Dilma, o presidente Hu Jintao surpreendeu ao falar do assunto diretamente depois que a colega citou a cooperação no setor aeronáutico. Hu garantiu a autorização para a fábrica da Embraer produzir o jato executivo Legacy e a compra das 35 aeronaves.

Analistas do setor de aviação acreditam que não foi só a pressão do governo brasileiro que determinou a decisão chinesa, mas também a situação do mercado. Com o forte investimento da China em aeroportos e a crise global ficando para trás, a demanda por aviões de porte médio, como os da Embraer, é muito intensa no país.

A estatal Avic (sócia da Embraer na fábrica, mas também concorrente direta) planeja produzir o ARJ-21, que vai disputar o mercado com o ERJ-190. Foi a intenção de proteger a Avic que motivou o governo chinês a barrar os aviões da Embraer. O problema é que a aeronave chinesa está prevista para chegar ao mercado apenas no final do ano, se não atrasar.

Também não interessa as autoridades em Pequim o impacto negativo do fechamento da fábrica da Embraer. Por isso, a autorização para produzir o Legacy, um tipo de jato que ainda não é feito na China. Agora resta acompanhar se a promessa se tornará realidade e os 35 aviões da Embraer vão finalmente entrar no gigante asiático.

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO / NOTIMP








Receba as Últimas Notícias por e-mail, RSS,
Twitter ou Facebook


Entre aqui o seu endereço de e-mail:

___

Assine o RSS feed

Siga-nos no e

Dúvidas? Clique aqui




◄ Compartilhe esta notícia!

Bookmark and Share






Publicidade






Recently Added

Recently Commented