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Força Militar: Sem licença e com bilhete único

Marco Aurelio Reis .

O cancelamento, pelo Ministério da Defesa, das licenças que visam economia de despesas com alimentação, luz, água e telefone na Marinha animou praças do Rio, que relutam a trocar o auxílio-transporte tradicional pelo bilhete único. Essa medida, que a tropa também quer ver cancelada, tem levado à economia de até 45% nos gastos com transporte nas unidades do estado. Mas, na prática, altera de forma significativa a vida de quem toma duas ou mais conduções no trajeto entre a residência e o quartel. “É o que chamam aqui de AZN”, diz amigo da Coluna, sem traduzir a sigla como ‘Azar Naval’.

Hoje, o auxílio-transporte é pago em dinheiro mediante desconto de 6% sobre a remuneração do militar. O valor creditado cobre integralmente o custo com transporte e entrou no orçamento de muitas famílias de praças no Rio. Na hora do aperto financeiro, o auxílio funciona como um ‘cheque especial’. O militar pernoita na unidade ou busca uma carona para ir para o quartel ou voltar para a casa. Com isso, pode cobrir parte das despesas na padaria, na feira ou no supermercado.

Com o bilhete único, o tal do ‘cheque especial’ desaparece da vida das famílias militares do Rio. Apesar de ainda estar mantido fora do estado.

SÓ R$ 53 PARA A MARINHA

“Desconto 6% do soldo para ter o vale-transporte, o que dá R$ 140”, reclama um praça. “Pego três conduções e tenho carga no bilhete único de R$ 193,60. Subtraídos os 6%, ficam só R$ 53,60 para a Marinha pagar”, completa.

SEM R$ 70 POR MÊS

Outro amigo da Coluna se queixa de ter ficado sem cerca de R$ 70 por mês. Cabo, ele pega ônibus na Baixada até o quartel no Rio. São duas conduções, uma de R$ 5,50, na Baixada, e outra de R$ 2,40, no Rio.

TUDO NO BILHETE

Antes, esse mesmo amigo tinha creditados R$ 316. Descontava R$ 126 do soldo. Usava os R$ 316 nas emergências financeiras. Agora, tem os mesmo R$ 126 de desconto e R$ 176 creditados no bilhete único.

PALAVRA DA MARINHA

Sem chance de recuo. Assim, pode ser interpretada a nota explicativa da Marinha sobre o bilhete único enviada a pedido da Coluna. Confira a íntegra no blog http://odia.terra.com.br/blog/forcamilitar/index.asp.

MENOR CUSTO

A nota explica que orientação do Ministério do Planejamento estabelece que o transporte adequado seja o de menor custo, “razão da correção de utilização do Bilhete Único” nas unidade da Marinha.

SEM O AUXÍLIO

A nota não acalma os ânimos entre os praças. Amigo conta que, em seu quartel, quando alguém não aceita o bilhete único tem que abrir mão do auxílio-transporte e corre o risco de “ficar marcado”.

Ministro da Defesa cancela ‘licença-fome’ na Marinha

Quartéis iriam fechar um dia por semana para reduzir gastos com comida, água e luz

MARCO AURÉLIO REIS

Os quartéis da Força Naval não iriam funcionar hoje, mas foram surpreendidos, ontem, por orientação direta do ministro da Defesa, Nelson Jobim, com a suspensão da licença para fazer economia com alimentação, luz, água e telefone. A segunda ordem ocorreu porque o dia sem expediente fora anunciado pela Marinha antes de serem definidas pelo Ministério da Defesa as áreas onde quartéis das três Forças Armadas terão que apertar cintos em função do corte de R$ 4,03 bilhões no orçamento deste ano.

Batizado internamente nos quartéis da Marinha de ‘licença-fome’, o dia sem expediente já estava programado para ocorrer hoje e no dia 29, conforme a Coluna Força Militar de O DIA revelou no último sábado de março. Para o mês que vem, já estava pronto documento fixando folga-pagamento para o dia 6 e licenças para economia de despesas para as sextas-feiras 13, 20 e 27. A volta do expediente provocou correria em algumas unidades do Rio, de modo a reprogramar a alimentação das tropas para o dia hoje.

Oficialmente, o Ministério da Defesa se limitou a confirmar o recuo nas licenças na Marinha. Mas, internamente, a informação é que a Força Naval se precipitou ao determinar medidas para corte de despesas, antes que elas fossem analisadas pelas áreas técnicas da pasta.

“A análise foi concluída. Cada comando enviou suas propostas e elas ainda estão em estudo”, disse uma fonte civil da Defesa. “A licença não contava com respaldo”, completou.

Intenção é preservar o reaparelhamento dos quartéis

Mantidas com discrição dentro dos comandos das Forças Armadas, as medidas sugeridas para corte de despesas miram na preservação dos planos de reaparelhamento. Por isso, apontam para alteração da rotina dos quartéis, desde que a medida sirva para manter o fluxo de recursos dos projetos com compromissos internacionais assumidos.

Neste caso, estariam o Pró-Sub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos, acertado entre Brasil e França e orçado em R$ 6,7 bilhões) e o KC-390 (desenvolvimento de avião de assalto ao custo de R$ 3 bi). Ainda assim, fontes internas dão conta de que R$ 1,2 bi do reaparelhamento será afetado pelo contingenciamento do orçamento do governo federal para 2011.

FAB pode fixar meio-expediente

Na Força Aérea, estuda-se adiar treinamentos de voo e fixar meio expediente, também como a Coluna Força Militar antecipou em março. A jornada ficaria de segunda a quinta-feira, das 13h às 17h, e às sextas, das 8h às 12h. Tal medida depende, porém, do respaldo do Ministério da Defesa.

No Exército, discute-se reduzir a incorporação de recrutas que ingressam no segundo semestre. A deste semestre não sofreu alteração ante a indefinição sobre medidas de contenção.

Fonte: JORNAL O DIA / NOTIMP








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