AF447: Identificação será na França
Em reunião com o BEA, presidente da associação brasileira teve negado pedido para que corpos fossem identificados no Recife .
Wagner Sarmento .
Nelson Marinho, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 (AFVV447), volta de Paris com más notícias. O Escritório de Investigação e Análise para a Aviação Civil da França (BEA, na sigla em francês), que investiga o acidente com o Airbus da Air France que caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo, rejeitou o pleito dos parentes brasileiros para que os restos mortais encontrados durante a quarta fase de buscas sejam encaminhados ao Brasil e periciados no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife, em Santo Amaro.
O governo francês avisou que os corpos e destroços da aeronave serão levados a Paris. De acordo com informações repassadas a Marinho pelo BEA, a identificação só ocorreria em Pernambuco caso o BEA solicitasse. Foi o que aconteceu após a retirada dos 50 cadáveres localizados logo após o acidente, identificados no IML recifense. “Pedimos que os corpos fossem autopsiados no Recife, mas eles não aceitaram. Falaram que, da primeira vez, vieram porque era questão emergencial. Agora estão de cabeça fria”, ironizou, em entrevista por telefone, de Paris.
O banco de dados com as informações colhidas dos 59 brasileiros e dos 159 estrangeiros de 33 nacionalidades diferentes está em posse da Polícia Federal (PF), em Brasília. Marinho disse que o BEA afirmou que pedirá o material para proceder o trabalho de identificação.
Outro pedido da AFVV447 negado pelo BEA foi relativo à presença de um observador das famílias das vítimas durante a remoção dos corpos e destroços do fundo do mar, a quase 4 mil metros de profundidade. O órgão alegou que só é permitida a presença de técnicos.
O resgate pode demorar até dois meses, um a mais do que o inicialmente previsto. O BEA informou a Marinho que a remoção será feita por um navio americano. Segundo ele, a embarcação dos EUA que encontrou as peças do avião e restos mortais de vítimas encerrou sua participação nesta quarta etapa de buscas.
A associação espera do governo brasileiro pressão para que a retirada dos cadáveres não seja feita exclusivamente pelo BEA. Na última sexta-feira, em Brasília, Marinho reuniu-se com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a quem pediu a participação brasileira na operação de resgate. Jobim acenou positivamente e chegou a sugerir a presença de um diplomata brasileiro na reunião de Marinho com o BEA, o que foi negado pela França. “Espero providências do Brasil. Sinto uma má vontade do BEA e do governo francês. Isso me deixou chateado”, disse.
Fonte: JORNAL DO COMMERCIO / NOTIMP