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Sem sair do lugar








Com razão a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) recusou-se a sair do jato que a trazia de Brasília ao aeroporto de Guarulhos. A parlamentar, que depende de cadeira de rodas para se locomover, chamava a atenção para a ausência de equipamentos adequados ao desembarque de pessoas com deficiência no maior aeroporto do país e um dos 40 mais movimentados do mundo.

O avião da TAM pousara num local distante, ficando impossibilitado o desembarque pelos "fingers", as passarelas de acesso direto aos portões do aeroporto. Em casos desse tipo, os regulamentos da Anac (Agência Nacional da aviação Civil) são claros. Determinam que as empresas aéreas "deverão oferecer veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para efetuar, com segurança, o embarque e desembarque de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida".

O artigo 20 da extensa Norma Operacional da aviação Civil (Noac) de 2009 não estava sendo levado em conta, entretanto, naquela noite de quarta-feira. Não se achavam disponíveis os elevadores adequados, os chamados "ambulifts". A opção oferecida foi a de que os próprios comissários carregassem, sabe-se lá com que desconforto e constrangimento, a deputada para fora do avião.

Ela exerceu, entretanto, seu direito de recusar-se a tal procedimento. Só depois de longa espera, que ela estipula em duas horas e a TAM reduz à metade, encontrou-se um "ambulift", fora de uso.

Talvez não estivesse sendo usado pelo receio de que se reproduzisse o acidente que vitimou, no aeroporto de Congonhas, o arquiteto Fernando Porto de Vasconcelos. Desde dezembro, ele está em coma, após ter batido a cabeça, numa freada brusca do aparelho.

Vale lembrar que, se avisadas com antecedência, as autoridades poderiam determinar que o avião trazendo alguma pessoa com deficiência tivesse prioridade para pousar em áreas mais próximas dos saguões de desembarque, contando com acesso garantido aos "fingers" nos aeroportos.

Mas faltam "fingers", "ambulifts" e o que quer que seja necessário para facilitar a vida dos cadeirantes no país. Não faltam regulamentos, todavia. Felizmente, não falta mais, hoje em dia, quem se disponha a protestar.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO / NOTIMP



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