Secretaria de aviação na mira
Gustavo Henrique Braga .
Considerado um dos principais gargalos do país, o setor aéreo vive um período estratégico e decisivo de mudanças. Só na semana que passou, a presidência na Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) mudou para o comando de Gustavo do Vale e a Gol alcançou a condição de líder no mercado doméstico, depois de mais de três anos de liderança da TAM. Agora, as atenções se voltam para a criação, nos próximos 15 dias, da Secretaria Nacional de Aviação Civil, que terá status de ministério. A dúvida é se o presidente do Banco Safra, Rossano Maranhão, que já recusou duas vezes o convite da presidente Dilma Rousseff, abrirá mão de um salário mensal próximo a R$ 100 mil para assumir o cargo. Se Maranhão recusar, o posto ficará com o ex-ministro das Cidades Márcio Fortes.
Márcio já recebeu pelo menos cinco convites de trabalho desde que deixou o Ministério das Cidades — quatro do setor privado e um do Governo do Rio de Janeiro —, mas não aceitou nenhum. O motivo é que ele aguarda o desenrolar das negociações acerca da Secretaria de Aviação Civil antes de tomar uma decisão. Mudanças também estão no calcanhar da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Hoje, se encerra o mandato de Solange Vieira, presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e o Planalto ainda não indicou um substituto. O nome mais cotado é o do atual assessor da Casa Civil, Marcelo Guaranys. As cadeiras da diretoria colegiada da agência seriam desfalcadas ainda por Cláudio Passos, cujo mandato também acaba hoje. Já foi protocolado, entretanto, junto à Comissão de Infraestrutura do Senado, um pedido da presidente Dilma para que Cláudio seja reconduzido ao cargo.
No campo da administração dos aeroportos, mais transformações estão a caminho. A presidente Dilma Rousseff revelou, nesta semana, em entrevista ao Valor Econômico, que pretende abrir o controle dos terminais para concessões ao setor privado. A primeira delas pode sair ainda no primeiro semestre, para o Aeroporto São Gonçalo do Amarante, próximo a Natal (RN). Todas essas mudanças ocorrem em um momento crucial para o país: uma pesquisa recente da consultoria McKinsey & Company concluiu que a precariedade dos terminais levará o país a um colapso em eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 se medidas urgentes não forem adotadas.
Apenas em São Paulo, onde se concentram 25% do tráfego nacional, está previsto um acréscimo de 600 mil visitantes nos próximos quatro anos. O estudo prevê ainda que a demanda de transporte aéreo triplicará até 2030. Para piorar, 13 dos 20 principais aeroportos operam, atualmente, acima da capacidade. Esses terminais precisarão, nos próximos 20 anos, receber investimentos entre R$ 25 bilhões e R$ 34 bilhões. “O modelo da Infraero está falido”, declarou Giovanni Bisignani, presidente da Associação Internacional de Transporte aéreo (Iata, na sigla em inglês), em palestra na Câmara Britânica de Comércio na última terça-feira.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP
Foto: Andomenda