Obama: Cerco aéreo e Batalhões de prontidão
Tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro haverá forte restrição ao tráfego de aeronaves por conta da chegada da comitiva do presidente dos EUA no Air Force One .
Luiz Calcagno, Edson Luiz e Max Milliano Melo .
O céu de Brasília e o do Rio de Janeiro serão fortemente vigiados durante a visita de Barack Obama. A Força Aérea Brasileira (FAB) restringirá parte do espaço aéreo das duas cidades amanhã e domingo, quando o presidente norte-americano estará no país. O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) vai proibir voos em um raio de 100km no DF. No Rio de Janeiro, o espaço vetado será em um raio de 36km, terá início na noite de sábado e se estenderá até a manhã de segunda-feira.
Dentre as proibições estão sobrevoos na área central da capital federal durante todo o sábado. A medida não atingirá aeronaves comerciais, militares ou voos de caráter especial, como os de transporte de doentes e os voltados para doação de órgãos. Com isso, está proibido o tráfego de aviões de pequeno porte, helicópteros, táxi aéreo, planadores, asas-delta, ultraleves, parapentes, paragliders, balões a ar quente e aeronaves para lançamento de paraquedistas. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) notificará pilotos civis sobre como proceder no período. A FAB posicionou baterias de artilharia antiAérea em locais estratégicos, tanto no DF quanto no Rio.
Além da artilharia, a FAB terá aeronaves de prontidão e convocará todos os homens das bases de Brasília e do Rio de Janeiro. No DF, pelo menos três helicópteros ficarão à disposição para emergências. Caças F-5 EM, Mirage 2000 e A-29 Super Tucano estarão a postos para a defesa do espaço aéreo. Os Mirage estão baseados em Anápolis (GO), a 152km de Brasília, e os F5 ficam na base de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Além dos radares em terra, a Força Aérea vai contar com aviões-radar E-99, que rastreiam aeronaves clandestinas com maior eficiência.
Apenas dois dos seis helicópteros da Polícia Federal serão empregados no sistema de segurança de Barack Obama. Quatro aeronaves estão sem manutenção e não poderão voar durante a passagem do presidente dos Estados Unidos pelo Brasil. Segundo fontes da PF, dentre os aparelhos parados, alguns estão aguardando manutenção, enquanto outros esperam a realização de licitação para a contratação de empresa que preste o serviço. A assessoria da Polícia Federal informou que atuar com pouco menos da metade da frota não afeta o trabalho da corporação, pois está próximo da margem aceitável em missões, que é de 50% dos helicópteros operando.
Comitiva
Os 8.000km que separam Washington de Brasília serão percorridos a bordo do avião presidencial, apelidado pelos americanos de Air Force One. Não se trata apenas de um avião, mas de dois Boeing 747-200B que, quando abrigam o líder norte-americano, recebem este apelido. Os cerca de 200 lugares da aeronave fabricada em 1990 foram substituídos pelo Salão Oval Aéreo, em referência ao gabinete oficial de Obama na Casa Branca. Com 1.219m² de área útil, o avião conta com suíte presidencial, sala de reunião, escritórios, cozinha e enfermaria, além de acomodações para receber a comitiva presidencial. A fim de organizar e manter o funcionamento do escritório do ar, cerca de 26 pessoas integram a tripulação (veja arte). Além de Obama, outros três presidentes voaram a bordo do Boeing: George Bush, Bill Clinton e George W. Bush.
Batalhões de prontidão
Milhares de agentes das polícias brasileiras e norte-americanas, além das Forças Armadas, serão responsáveis pela segurança da família do presidente dos EUA durante a permanência no Brasil
Luiz Calcagno e Flávia Maia
Uma operação de guerra será montada amanhã e domingo para proteger a integridade física do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de sua família durante a visita ao Brasil. As ações incluem o fechamento de vias, o monitoramento aéreo e o patrulhamento aquático, tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro. Ninguém que não esteja autorizado se aproximará menos de 50 metros do presidente. Nos dois dias em que Obama ficará no Brasil, ele será protegido por mais de 3,5 mil homens, sendo pelo menos 250 agentes norte-americanos. Para se ter noção do nível de detalhamento, um mapa de operação foi montado por homens que chegaram com antecedência e conhecem cada local previsto na agenda da autoridade norte-americana.
Pelo menos 35 carros vindos dos EUA acompanharão Obama, que chegará às 8h em Brasília, em uma comitiva Aérea que inclui 21 aeronaves, entre civis e militares. Em seguida, a agenda do presidente prevê, das 8h15 às 9h, uma rápida passagem pelo hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, no Setor de Hotéis de Turismo Norte (SHTN), às margens do Lago Paranoá. Embora a gerência de marketing do hotel não confirme nenhuma reserva em nome de Barack Obama — e esteja com as suítes presidenciais ocupadas —, a Marinha está preparada para fazer uma barreira de 200m para impedir o acesso aquático ao edifício e ao Palácio da Alvorada. Além disso, cinco lanchas com 20 policiais militares vão patrulhar a região.
Quem pretende viajar de carro não terá problema. Isso porque as rodovias federais que cortam Brasília não serão bloqueadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) ou pelo Exército durante a visita do presidente americano à capital. O mesmo vale para o Rio de Janeiro. No entanto, a PRF foi orientada pelas Forças Armadas a intensificar as blitzes em ambas as cidades. A ordem é parar todos os carros suspeitos nos dois dias de estadia da família Obama no Brasil.
Militares
O Exército terá, em prontidão, de acordo com a Comunicação Social do Comando Militar do Planalto, “um número razoável de militares para atuar em ocorrências”. Entre as guarnições, estão homens do Destacamento Contra-Terror (DCT) e soldados preparados para lidar com o controle de multidões, manifestações e distúrbios da ordem pública. A Força-tarefa contará ainda com o Batalhão de Choque e cães de guerra treinados. As tropas ficarão nos quartéis e em áreas estratégicas próximas à Praça dos Três Poderes. Segundo uma fonte militar, a operação será semelhante à da posse da presidente Dilma Rousseff, em 1º de janeiro, quando foram destacados soldados do Pelotão de Defesa Química, Biológica e Nuclear. A Polícia Federal (PF) também enviará agentes para lidar com esses tipos de ameaça.
Os trabalhos das Forças Armadas, tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro, serão realizados de forma integrada sob supervisão do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O órgão integrará na operação, ainda, as corporações do Corpo de Bombeiros das duas cidades e o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). No Distrito Federal, a Secretaria de Segurança Pública apoiará as operações com 1.100 homens das polícias Civil e Militar e com 50 profissionais do Corpo de Bombeiros, além de três helicópteros que, somados às aeronaves da Força Aérea Brasileira e da PF, totalizarão oito em prontidão para emergências.
Ameaças de morte
A preocupação com a segurança do chefe de Estado norte-americano se deve às constantes ameaças de morte que Barack Obama recebe. São cerca de 30 por ano, de acordo com o livro In the president"s secret service (No serviço secreto do presidente, em tradução livre). Os cuidados têm fundamento, pois quatro presidentes dos Estados Unidos já foram assassinados: Abraham Lincoln, em 1865; James Garfield, em 1881; William McKinley, em 1901; e John F. Kennedy, em 1963. Outros quatro sofreram atentados: Andrew Jackson, Harry Truman, Gerald Ford e Ronald Reagan.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP