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O risco nuclear no Brasil

O tsunami pode não ter chegado aqui, mas as dúvidas sobre se é vantajoso ter uma usina nuclear como alternativa energética, em razão do terremoto da última sexta-feira no Japão, deram a volta ao mundo e atingiram o Brasil.

É inquestionável, dizem os estudiosos: se ocorreu no precavido Japão, pode se passar em qualquer lugar. Mas aí entram outras questões: o episódio no Japão foi “circunstância única” – como define Laércio Vinhas, diretor de segurança da Comissão Nacional de Energia nuclear. E deve ser considerada a vantagem ou não de correr riscos.

O professor Takeshi Kodama, do departamento de Física nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nascido 67 anos atrás em Tóquio, diz não ser possível construir usinas nucleares imunes a terremotos. Enfatiza que nenhum país está tão preparado quanto o Japão para enfrentar esse tipo de tragédia natural – e, ainda assim, a estrutura se mostrou falível.

– Cem por cento seguro, não é possível. É uma questão de economia e risco, e esse risco é uma questão de probabilidade. Todo mundo viaja de avião, mas tem o risco de cair – disse Kodama, condicionando a gravidade do acidente no Japão ao controle de resfriamento com o uso de água do mar e produtos químicos – pois é a liberação do hidrogênio pelo superaquecimento que provoca explosões.

Ana Maria Xavier, engenheira e representante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na Comissão Nacional de Energia nuclear, faz uma declaração forte:

– O futuro está sub judice. Essa história vai dar muito pano pra manga.

Mas depois ameniza:

– Se o Japão controlar o acidente, e acho que isso ocorrerá, aprenderemos com os erros dos outros e em novos dispositivos de segurança. Temos de esperar a direção que o mundo vai tomar.

Congresso pode ter comissão mista sobre usinas atômicas

O presidente da Comissão Nacional de Energia nuclear, Odair Gonçalves, mesmo ressalvando que é importante levar em conta a “comoção pública”, afirmou não haver motivo para que o programa nacional seja revisto em razão dos acontecimentos no Japão, pois, segundo ele, o sistema nuclear daquele país provou ser resistente.

– Eles têm 54 reatores, e 30 deles ainda funcionam normalmente.

Tão sensível se tornou a questão, que a oposição brasileira enviará ao Congresso proposta de criação de comissão mista para analisar a situação das usinas nucleares no Brasil. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), defende a discussão das usinas em funcionamento e dos projetos.

– O mundo todo vai fazer essa discussão. Ela é inexorável para o Brasil, que não poderá abrir mão de nenhuma fonte de energia. Que isso seja debatido no Congresso – argumentou.

E a preocupação não se restringe à oposição. O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou, em entrevista coletiva, que a presidente Dilma Rousseff está “extremamente preocupada com a crise nuclear japonesa”.

Fonte: ZERO HORA / NOTIMP








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