Itamaraty desativa sua embaixada na Líbia
O aumento da violência levou o Itamaraty a retirar os dois funcionários brasileiros que trabalhavam na embaixada na Líbia. O único a ficar foi o embaixador George Ney de Souza Fernandes, que não tem previsão de volta.
Sem funcionários, a representação do Brasil na Líbia foi desativada na prática, apesar da presença do embaixador. O Itamaraty tem tido dificuldade de contato com ele. Durante toda a tarde de ontem, as comunicações foram feitas apenas por fax.
O ministério disse que o embaixador ficaria, pelo menos, até garantir que todos os brasileiros deixem a Líbia. Mas não foi decidido ainda se ele permanece ou volta ao Brasil depois disso.
Os brasileiros repatriados são o diplomata Márcio Augusto dos Anjos e sua mulher, além da oficial de chancelaria Ludmilla Henriques.
O técnico em manutenção de aviões André Luís Claro Poças, último brasileiro na Líbia com exceção de jornalistas e diplomatas, espera deixar hoje o país.
Poças estava até anteontem em Brega, onde trabalha na empresa Petroair, mas foi retirado depois que a cidade se tornou foco de violentos confrontos. Com a ajuda do Itamaraty, Poças espera deixar a Líbia hoje de navio pelo porto de Benghazi.
Ele deixa um país completamente diferente daquele que encontrou quando chegou à Líbia em 2007. "As pessoas evitavam até falar no nome do Gaddafi", diz. "Agora perderam o medo."
Ontem, em Pequim, o chanceler Antonio Patriota afirmou que o Brasil se opõe a qualquer ação militar na Líbia sem o aval da ONU.
Em nota, o chanceler diz que o Brasil só apoia uma zona de proibição de voos no espaço aéreo líbio ou "qualquer outra iniciativa militar naquele país" dentro do "marco estrito do respeito à Carta da ONU, no âmbito do Conselho de Segurança".
A declaração ocorre um dia após o presidente americano, Barack Obama, levantar possibilidade de uma ação militar na Líbia para solucionar a crise no país.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO / NOTIMP