Iata: combustível de aviação no Brasil é 14% mais caro
SÃO PAULO - O combustível de aviação no Brasil é 14% mais caro que nos outros países da América Latina, segundo um estudo realizado pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). A informação foi divulgada hoje, durante evento realizado em São Paulo com a presença do presidente da entidade, o italiano Giovanni Bisignani. "Essa diferença é inaceitável. É uma penalidade que o governo brasileiro impõe para as empresas do setor", afirmou. De acordo com o estudo, por ano a diferença de preço representa US$ 400 milhões de receita "extra" para Petrobras.
Segundo ele, não há justificativa para o combustível de aviação no Brasil ser mais caro do que nos países vizinhos, já que o Brasil produz 80% da sua demanda em suas próprias refinarias. "Não faz sentido atrelar os preços do combustível ao mercado de Houston (EUA) e incluir custos teóricos referentes à importação", disse Bisignani.
De acordo com o presidente da Iata, isso faz com que os custos das empresas aéreas com combustível sejam maiores no Brasil do que no resto do mundo. "Em média, os custos com combustíveis representam 29% das despesas operacionais totais das companhias aéreas, mas no Brasil esse porcentual sobe para 37%."
2011
O aumento dos custos com combustível, em função da elevação do preço do petróleo em meio à crise no Oriente Médio e no norte da África, deve reduzir as margens das companhias aéreas de 2,9% em média em 2010 para 1,4% este ano, de acordo com estimativas da Iata.
"No ano passado, após uma década de perdas que superaram US$ 50 bilhões, o setor registrou globalmente lucro líquido de US$ 16 bilhões. Neste ano, porém, com o aumento dos custos com combustível, esse valor deve cair 46% e ficar em US$ 8,6 bilhões", afirmou Bisignani, durante palestra.
Segundo ele, o preço médio do barril de petróleo no ano passado ficou em US$ 79 e os custos com combustíveis representaram em torno de 26% das despesas operacionais totais das empresas aéreas. A Iata estima que, em 2011, o preço médio do barril de petróleo fique em US$ 96 e represente 29% dos custos totais. Segundo Bisignani, a cada dólar a mais no preço do barril de petróleo, os custos na indústria de aviação mundial sobem cerca de US$ 1,6 bilhão.
Apesar disso, ele considera que ainda são favoráveis as estimativas para o setor, já que a economia mundial continua dando sinais de recuperação. A entidade estima que a demanda no setor aéreo crescerá 5,7% no ano. O indicador de preço das tarifas (yield) deve subir 1,5% no setor de transporte de passageiros, enquanto no de carga o incremento deve ser de 1,9%.
Ele classificou a América Latina como uma região de destaque, já que deve registrar três anos consecutivos de lucro no setor aéreo: US$ 500 milhões em 2009, US$ 1 bilhão em 2010 e, este ano, US$ 300 milhões.
Fonte: Estadão / NOTIMP