Gol 1907: Controladores negam culpa em acidente da Gol
BRASÍLIA – Em depoimento à Justiça Federal, ontem, os controladores de voo Jomarcelo Fernandes dos Santos e Lucivando Tibúrcio de Alencar negaram responsabilidade no acidente aéreo entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, que matou 154 pessoas, em agosto de 2006, em Mato Grosso. Eles estavam de serviço na hora do acidente na torre de Brasília e, devido a uma série de erros de procedimento, segundo as investigações, não conseguiram tirar o Legacy da rota de colisão com o Boeing, que vinha de Manaus na mesma altitude de 37 mil pés.
A asa do Legacy rasgou a fuselagem do Boeing, que caiu na floresta, na divisa de Mato Grosso com o Pará, matando os 148 passageiros e seis tripulantes. Avariado, o jato, fabricado pela Embraer, conseguiu pousar em segurança na base Aérea da Serra do Cachimbo.
Os controladores entraram em contradição e o Ministério Público (MP) manteve a acusação de atentado à segurança do tráfego aéreo, por terem agido com “negligência e omissão”, segundo a procuradora da República Amalícia Hartz. Se condenados, eles podem pegar de dois a cinco anos de reclusão, mais multa.
A Justiça toma hoje e amanhã os depoimentos dos pilotos do Legacy, os americanos Joseph Lepore e Jan Paladino, que vivem nos EUA e serão ouvidos por videoconferência. Eles respondem pelo mesmo crime, previsto no artigo 261 do Código Penal (atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo), por terem desligado, provavelmente por descuido, o transponder do Legacy, equipamento vital de uso aeronáutico, que poderia ter evitado o acidente.
A Justiça reformou a acusação de crime doloso para crime culposo. Jomarcelo, controlador que estava no comando na hora em que o Legacy sobrevoou Brasília, passou para o colega que o rendeu, Lucivando, a informação errada de que a aeronave voava a 36 mil pés e desconsiderou a indicação de que o transponder do aparelho poderia estar desligado.
Fonte: JORNAL DO COMMERCIO / NOTIMP
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Controladores de voo negam falha humana em acidente com aeronave 1907 da Gol
Eles foram ouvidos pela Justiça Federal de Brasília na tarde desta terça-feira
Os controladores de voo qua trabalhavam no tráfego aéreo na ocasião do acidente entre um jato Legacy e um avião da Gol, em 2006, negaram que houve falha humana no controle do espaço aéreo de Brasília no dia em que as aeronaves se chocaram e provocaram a morte de 154 pessoas. Jomarcelo Fernandes dos Santos e Lucivando Tibúrcio de Alencar foram ouvidos, durante uma audiência nesta terça-feira (29), presidida pelo juiz Murilo Mendes, do Mato Grosso. Eles trabalhavam na torre de controle de voo do Cindacta de Brasília, quando ocorreu o acidente. No processo, os dois respondem pelos crimes de omissão e negligência.
O depoimento de Alencar durou cerca de uma hora e meia, segundo a assessoria de comunicação da Justiça Federal de Brasília. Nele, o controlador de voo se defendeu das acusações dos pilotos do jato Legacy, que afirmaram que ele não atendeu aos chamados da aeronave. Segundo o advogado de Alencar, Roberto Sobral, o controlador tentou vários contatos com os pilotos, mas não obteve resposta.
Ainda segundo Sobral, Alencar relatou ao juiz federal que o espaço aéreo que pertence ao controle de Brasília só era possível ser visualizada pelos controladores de voo de Manaus. Por isso, não foi possível visualizar o posicionamento do jato Legacy. A falha de alcance dos radares já era de conhecimento da Aeronáutica, segundo o delegado.
Já o depoimento de Santos durou cerca de uma hora. O funcionário afirmou que o aparelho do jato Legacy (transponder), que fazia a comunicação da aeronave com os controladores de voo, estava desligado. Por isso, o sistema acusou, automaticamente, que o avião estava no nível 370 (o que equivale a 37 mil pés de altitude). Posteriormente, foi constatado que o Legacy trafegava no nível 360, o mesmo que o voo 1907 da empresa aérea Gol.
Nesta quarta (30) e quinta-feira (31), o juiz Murilo Mendes ouvirá, por meio de teleconferência, os pilotos do jato Legacy, Jan Paul Paladino e Joseph Lepore, que vivem atualmente nos Estados Unidos. O magistrado anunciará a decisão dele depois que a defesa e o Ministério Público Federal apresentem considerações sobre o depoimento dos envolvidos no acidente. Para fazer isso, eles têm o prazo de dez após o fim das oitivas.
O avião da Gol, que fazia o voo 1907, saiu de Belém (PA) com destino a Brasília (DF) e se chocou com um jato Legacy no ar, caindo perto do município de Peixoto de Azevedo (MT) no dia 29 de setembro de 2006. Com a batida, 154 passageiros que estavam dentro do avião da Gol morreram. Apesar de avariado, o jato Legacy, que transportava sete pessoas, conseguiu pousar com segurança. Esse foi o segundo maior acidente aéreo na história do Brasil. O maior ocorreu em 17 de julho de 2007, quando um Airbus-A320 da TAM caiu em São Paulo e matou 199 pessoas.
Em outubro de 2010, a Justiça Militar condenou o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos a um ano e dois meses de detenção por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Outros quatro controladores (João Batista da Silva, Felipe Santos Reis, Lucivando Tibúrcio de Alencar e Leandro José Santos de Barros) foram absolvidos. Eles haviam sido denunciados pelo Ministério Público Militar por negligência e por não observar as normas militares de segurança.
Fonte: PORTAL R7 / NOTIMP
Foto: FAB