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EUA: Os visitantes



Fato extraordinário, vem o presidente dos EUA visitar a nova presidente de país não incluído entre as potências.

Janio de Freitas.

Vai demorar algum tempo, e nem se imagine quantos episódios, para a percepção do sentido real da visita de Barack Obama ao Brasil, com seus aspectos tão peculiares. Dentre esses, sobressai de imediato uma inversão que tem, por si mesma, peso histórico.

O roteiro convencional dos presidentes brasileiros, em conformidade com as regras predominantes entre os latino-americanos e com a grande maioria dos não desenvolvidos, é sua ida ao presidente dos Estados Unidos tão cedo quanto possível.


Recebidos, todos, para corridos minutos de uma espécie de beija-mão mais ocupado, em razão do pouco a dizer, pelas poses fotográficas. Mas fica selado o reconhecimento, digamos, do lugar que o visitante se dá e atribui ao seu país.

Dilma Rousseff não foi aos Estados Unidos. Nem procurou agendar com a Casa Branca uma visita, fosse assim que eleita, como outros fizeram, fosse já como presidente.

Por aqui, sabe-se lá o motivo, a conduta de exceção ficou como despercebida. Dilma Rousseff fez e pôs em preparo outras viagens.

Barack Obama complementa a exceção. Fato extraordinário, vem ele, vem o presidente dos Estados Unidos visitar um país não incluído entre as potências, e encontrar- se com sua nova presidente, em reviravolta à política das hierarquias que, se era prática do lado menor, até aqui foi também um protocolo de potência e poder dominante praticado pela política externa da Casa Branca.

Outra peculiaridade a sobressair de imediato, Barack Obama faz uma visita familiar. Ao menos por ora, não há como saber se faz uma visita de presidente que se acompanha da família, mulher e filhas, ou se é visita familiar que incluirá atos do presidente.

Mas fica muito clara a demonstração do componente amistoso que Barack Obama quer dar à sua vinda ao Brasil. O que não deixa de ser também um gesto político, no seu modo particularmente simpático de fazer política com face humana.

Como de praxe nos encontros presidenciais, já os respectivos governos e diplomatas acertaram entre si o que será dado como concordância a que os maiorais chegaram. Para eventual tratamento por eles, ficam apenas questões especiais em cada estratégia nacional, quando há tais pendências, e um ou outro assunto de momento.

Neste caso, há quem espere a declaração, por Barack Obama, de apoio dos Estados Unidos à entrada do Brasil no grupo dos integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Uma obsessão da diplomacia brasileira, incapaz de convencer que seja por mais do que pretensão de prestígio internacional. Sem a reforma que reveja o poder definitivo de veto no conselho, integrá-lo nada acrescenta ao que mais interessa contra as inconvivências no planeta.

Melhor expectativa é a que se dirija ao discurso que Barack Obama fará no Rio. Por ser, ao que está previsto, seu grande pronunciamento na viagem que estenderá ao Chile, o provável é que seu teor contenha implicações expressivas, não só para a América Latina.

Para além das palavras, o insondável exige espera.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO / NOTIMP








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