Defesa: Cortes prejudicam a fiscalização
Edson Luiz.
A redução do orçamento do Ministério da Defesa pode causar não apenas problemas na compra de equipamentos para as Forças Armadas, mas atrasar, pelo menos a curto prazo, a expansão das tropas para outras regiões do país, como as regiões de fronteira em que os haitianos foram detidos. O Comando do Exército pretende transferir a Brigada de Infantaria Paraquedista do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste e implantar mais cinco Pelotões Especiais de Fronteiras (PEF), além de criar novas unidades na Amazônia. Agora, esses projetos podem ser adiados.
A Amazônia tem sido prioridade para o Comando do Exército desde a década de 1970, já que abrange uma grande faixa de fronteira com vários países. Na Estratégia Nacional de Defesa (END), aprovada em 2008, ficou decidido que a região continuará sendo a principal preocupação das Forças Armadas, o que demandou a construção das novas unidades. Atualmente, está em implantação, além dos pelotões de fronteira, uma Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira (AM). Também está prevista a construção de um Batalhão Logístico de Selva, em Barcelos (AM). “O Exército elaborou um conjunto de planejamentos denominado Estratégia Braço Forte, que inclui o Programa Amazônia Protegida. Um dos aspectos mais importantes é o monitoramento das fronteiras”, diz o Centro de Comunicação Social do Exército (Cecomsex), em nota.
Até o ano passado, o Exército havia enviado 5 mil homens para a Amazônia e fazia planos para transferir tropas de outras regiões para a região nos próximos 30 anos. Uma das metas é tirar a concentração de unidades que existe hoje no Sudeste e no Sul do país. Agora, entretanto, o Ministério da Defesa perdeu pelo menos R$ 4,3 bilhões com os cortes anunciados no início do ano pelo governo. E alguns projetos que estavam em andamento, como a compra de submarinos, foram afetados. A transferências das tropas, cuja previsão era de curto e médio prazo, também deve sofrer atrasos.
Polícia Federal
A Polícia Federal (PF) também pode ter seu trabalho na fronteira prejudicado pelo corte de recursos. O Ministério da Justiça não sabe onde fará os ajustes, mas setores da corporação acreditam que, com a redução dos recursos para diárias e passagens, o ritmo das operações pode diminuir, principalmente nas fronteiras, por onde entra boa parte das drogas que chegam ao país. Algumas delegacias, como a de Tabatinga (AM), na fronteira com Letícia, na Colômbia, podem ficar com poucos policiais, já que muitos que hoje estão lotados naquele município são de outras unidades.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP