Blindados usados pela Líbia são fornecidos pelo Brasil
Empresa brasileira vendeu, nos anos 1970, cerca de 400 unidades de equipamento para o regime de Kadafi.
Roberto Godoy.
As forças da Líbia utilizam considerável equipamento fornecido, nos anos 1970, por empresas brasileiras, de acordo com um técnico de Taubaté, que viveu no país de 1993 até o dezembro de 2010 fazendo a manutenção dos blindados sobre rodas Urutu e Cascavel. A extinta Engesa vendeu para o regime de Kadafi cerca de 400 unidades. Quase todos foram entregues à Brigada de Defesa do Regime, a Hanibal, comandada por Mutassim Kadafi, filho de Muamar e principal assessor de segurança do ditador. A negociação era considerada secreta pelo governo brasileiro. Todavia, foi o general Ernesto Geisel, quarto presidente militar, o responsável pela revelação. Há 34 anos, em 1977, Geisel rompeu um acordo de cooperação em defesa com os Estados Unidos. Para enfatizar a possibilidade de independência nessa área anunciou a existência de uma indústria nacional especializada, "já fornecedora de clientes internacionais como é o caso da Líbia", disse, então.
Da frota total, cerca de 100 veículos, estariam bons para uso. O modelo EE-9 Cascavel, de 10 toneladas, armado com canhão de 90 mm, é o mais numeroso. Na Hanibal, estão 20 exemplares do EE-11 Urutu, para o transporte de tropas - leva até 12 combatentes equipados e pesa 13 toneladas. O alcance é de 850 quilômetros. A velocidade de estrada fica na faixa de 100 km/hora. Kadafi vendeu ou doou para outros países da África ao menos 70 blindados brasileiros. Dois deles, em poder de rebeldes apoiados por Tripoli, foram capturados em 2001 pelo governo do Chade. A última apresentação pública desses carros foi em 2009, em 1.º de setembro, no desfile comemorativo da data nacional da Líbia.
O especialista brasileiro garante que a aviação de ataque recebeu da Avibrás Aeroespacial, entre 1979 e 1981, foguetes ar-terra e bombas diversas. Uma delas é um modelo especializado, de penetração, empregado para a destruição de pistas de aeroportos, viadutos e rodovias. Todavia, esse material estaria sem receber o manejo adequado há anos.
Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO / NOTIMP