Após 1 mês de missão, militares da Infantaria revelam impressões sobre Haiti
Contato com novidades culturais, preocupação com a transmissão de doenças, preparação para uma eleição que pode ser conturbada e saudades de casa. Esses são sentimentos que têm sido experimentados pelos 27 homens da Força Aérea Brasileira que integram a Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah). Eles fazem parte do primeiro Pelotão da Aeronáutica a integrar uma Força de Paz. Nesta quinta-feira (10/3) completa-se um mês desde que o grupo pousou em Porto Príncipe, capital haitiana. Nesse período, eles já colecionam em seus currículos patrulhas, missões, histórias e elogios. “Desde o primeiro momento que tive esse pessoal para trabalhar sob minha responsabilidade, rapidamente vi que estava com militares dispostos a cumprir qualquer tipo de missão. Eles têm no sangue a importância do trabalho que vieram fazer aqui. Têm consciência que não estão representando apenas a sua Força, mas o país”, afirma o comandante da 3ª Companhia de Fuzileiros de Paz, subunidade na qual os militares da Aeronáutica estão lotados, Capitão Antônio Wilson Guedes de Mendonça. Engajados na 3ª Cia, eles atuam em missões de patrulha, guarda e segurança e escolta. A região sob responsabilidade da subunidade é conhecida como Delmas e inclui, dentre outras, a área do entorno do aeroporto da capital haitiana. Em Delmas estão localizados a maioria dos IDPs (Internally Displaced Person- expressão que nomeia os locais onde foram instalados acampamentos para as pessoas que perderam suas residências no terremoto) de Porto Príncipe. “Eles são o ponto sensível da nossa área de atuação. Lá nós temos que mostrar a nossa presença, levar segurança para o povo do IDP e destacar que a tropa está ao lado deles” ressalta o soldado Claudemir Gomes Durval Júnior. Segundo ele, o simples fato de os militares estarem visíveis nas ruas já inibe condutas delituosas. “Se é necessário abordar alguém, buscamos ser o mais cortês possível, mas mantendo a devida segurança. A nossa força já é a nossa presença e o equipamento que usamos”. Assista aqui ao depoimento. Os militares da FAB também já atuaram na região de Cite Soleil em ações de apoio a outra Companhia. Dessas missões ficaram recordações que dificilmente serão esquecidas. “Há precariedade no saneamento básico. As ruas, em sua maioria, não têm coleta seletiva, os esgotos são a céu aberto, a população toma banho em locais impróprios, bebe água imprópria e isso faz com que as doenças se proliferem ainda mais”, lembra o soldado Diego José Cursino da Mota. Assista aqui ao depoimento. Apesar das diferenças culturais, o contato entre os militares da Aeronáutica e os haitianos tem se mostrado positivo. “É muito gratificante até porque eles reconhecem a nossa farda e lembram da presença do HCAMP após o terremoto. Quando passamos nas ruas, eles já gritam ‘Força Aérea’. Nós somos heróis para essas crianças e isso é muito gratificante porque já fizemos nosso nome aqui no Haiti”, garante o Cabo João Bosco Fernandes Carlos Júnior. “Encontramos pessoas que realmente abraçaram a Minustah e vêem nela uma atuação muito valiosa, principalmente aqui em Porto Príncipe. Os haitianos têm uma visão muito boa do Batalhão Brasileiro. Encontramos um garotinho que pedia que levássemos algo que pudesse ler e ele dizia ‘dá-me um livro em português, meu nome é Eole’. Então essa valorização que eles dão à língua portuguesa para aprender, para se comunicar conosco, nos deixa feliz também”, destaca o Cabo Waldomiro Manoel da Farias. Assista aqui ao depoimento. Entre as preocupações da tropa da FAB está a realização de eleições no país, prevista para o dia 20 de março. Visando proporcionar segurança para que a votação transcorra sem alterações, os militares já iniciaram operações de presença denominadas “static point”. Através delas, eles ficam em pontos estratégicos no que se refere ao trânsito de veículos e pessoas e inibem possíveis focos de criminalidade ou desordem. “Dentro da nossa expectativa, não teremos problema porque o nosso serviço externamente está sendo intensivo”, afirma Cabo Alexandre Castelo Branco de Oliveira. Assista aqui ao depoimento.