Líbia: Brasileiros ilhados em país mergulhado na barbárie
Aviões são proibidos de chegar à Líbia para resgatar trabalhadores de empresas do Brasil.
O risco de guerra civil na Líbia é cada vez maior e ameaça cerca de 600 brasileiros que vivem no país norte-africano. Ontem, a revolta popular contra a ditadura de Muammar Khadafi chegou à capital, Trípoli. Há relatos de que militares teriam massacrado manifestantes com bombardeios aéreos. Na cidade de Benghazi, onde a situação é mais dramática, há 123 brasileiros. Entre eles, um carioca e sua família, isolados numa casa com cerca de 50 pessoas. Comida e água já começam a ficar escassas.
Quase todo o grupo nesta cidade é de funcionários da construtora Queiroz Galvão. Até ontem à noite, o destino dos brasileiros permanecia incerto, uma vez que o governo fechou o espaço aéreo de Trípoli. Em toda a Líbia, os choques entre militares e manifestantes já teriam matado cerca de 400 pessoas.
Corpos nas ruas
Ontem, a emissora de TV ‘Al Jazeera’ mostrou imagens de ruas de Benghazi, com corpos carbonizados, baleados, mutilados e esquartejados. É lá que está o biólogo carioca Roberto Roche Moreira, 52 anos, que há dois anos participa de obras de infraestrutura pela Queiroz Galvão no local. Com ele estão a mulher, Débora Kloeppel, e os filhos Bernardo, 5, e Marina, 16.
Segundo a jornalista Mariana Moreira, 27, filha de Roberto que está no Brasil, o grupo foi levado domingo para esta casa, na expectativa de embarcar para Trípoli. “Mas eles não conseguem sair porque as ruas estão tomadas de manifestantes, alguns armados de pedras e paus”, diz Mariana.
A Queiroz Galvão chegou a fretar voo para ir a Trípoli e, depois, voltar ao Brasil com os funcionários, mas militares que controlam o aeroporto não permitiram o resgate. Com dificuldades de contatar parentes — a Internet não funciona e os celulares só recebem ligação —, familiares no Brasil estão desesperados e pedem agilidade ao governo brasileiro.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que o embaixador do Brasil em Trípoli, George Ney de Souza, pediu ao governo líbio que autorize a aeronave fretada a fazer o resgate. Ainda não há planos para que seja enviado avião da FAB, como pedem alguns dos brasileiros na Líbia.
Renúncias em série
O ministro da Justiça líbio, Mustafa Mohamed Abud Al Jeleil, e diplomatas no exterior renunciaram aos cargos devido ao uso excessivo de violência contra manifestantes. Militares na fronteira com o Egito estariam desertando e indo para o país vizinho, em que a ditadura de Hosni Mubarak foi derrubada há pouco mais de uma semana. Dois militares teriam fugido para Malta com seus caças por se recusarem a combater os protestos. Prédios do governo e da TV estatal foram incendiados. Coalizão de líderes muçulmanos líbios declarou que é “obrigação de todo muçulmano se rebelar contra o governo”.
Fonte: JORNAL O DIA / NOTIMP
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Parentes estão preocupados com familiares que residem na Líbia
A violência na Líbia trouxe no Brasil grande preocupação a parentes de brasileiros que vivem lá. O Itamaraty informou que negocia com o governo da Líbia agilizar a remoção de cidadãos brasileiros.
Uma semana sem notícia. Rafael Carvalho passou as férias em Feira de Santana, na Bahia. No dia 14, voltou para o trabalho em Benghazy, a cidade da Líbia com os protestos mais violentos. "Eu só peço que se ele ouvir essa mensagem, que ele entre em contato o mais breve possível conosco", pede o pai de Rafael, Antônio Carvalho.
Em São Paulo, a analista financeira Enide Nascimento também está preocupada. O irmão e a cunhada dela moram em Benghazy. O último contato com eles foi no sábado. “Eu pude ouvir por telefone os tiros que estavam tendo perto da casa dele e foi quando ele gritou pra mim eu vou desligar, tenho que desligar. Aí eu liguei pra ele de novo, ele falou que a situação tinha fugido do controle, ele estava ouvindo bombas, ele escutava tiro, ele estava preso em casa. Estava desesperado com a esposa dele. Depois disso eu não consegui mais contato”, fala.
Nos últimos dois dias, ela conversou com representantes do Itamaraty e da construtora Queiroz Galvão, empresa em que o irmão trabalha. Ouviu que o plano é fretar um avião para retirar os brasileiros que quiserem sair. Mas, do irmão, nenhuma notícia.
O Itamaraty informou que negocia com o governo da Líbia agilizar a remoção de cidadãos brasileiros. Por enquanto, a decisão de sair ou ficar no país é de cada um deles, mas dependendo da escalada da violência na Líbia, essa orientação pode mudar. “A ideia era que mulheres e crianças alguns cidadãos brasileiros deixassem a Líbia, agora se a situação continuar deteriorando esse quadro poderá se transformar”, diz o chanceler Antonio Patriota.
O brasileiro que treina o time de maior torcida na Líbia não vai esperar. Em entrevista por telefone ao Jornal da Globo, Heron Ferreira disse que a sensação de insegurança cresce a cada hora.“Ouvi ontem muitos disparos, barulho de explosão, helicóptero sobrevoando a cidade."
Ele mora em Trípoli, capital da Líbia. Por causa do trabalho, não pode deixar o país imediatamente. Mas não quer correr riscos. “A minha família e a minha comissão técnica saem todos depois de amanhã. Prefiro primeiro que todos saíam pra eu sair por último."
A construtora Queiroz Galvão disse que está providenciando a retirada segura de seus funcionários, e que todos passam bem.
Fonte: PORTAL G-1 / NOTIMP
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Portugal retira 114 pessoas da Líbia
Um avião militar português retirou na noite de segunda-feira 114 pessoas da Líbia, que foram levadas para uma base da Otan na Itália, informa a agência Lusa. Entre as pessoas retiradas da Líbia estava 80 portugueses e 34 estrangeiro, segundo uma fonte da secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
O embaixador de Portugal en Trípoli, Rui Aleixo, informou que eram funcionários de empresas portuguesas e da ONU.
Um novo voo pode acontecer nesta terça-feira, mas as autoridades não sabe se será possível pousar em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, 1.000 km ao leste de Trípoli e epicentro da revolta, onde pelo menos 50 portugueses esperam transporte para deixar o país.
Itália prepara avião para evacuar seus cidadãos na Líbia
O ministro de Defesa italiano, Ignazio La Russa, assegurou nesta terça-feira que um avião C-130 da Aeronáutica italiana está preparado para voar à Líbia e repatriar cerca de 100 cidadãos do país. "O C130 decolará durante a manhã e levará à Itália os primeiros 100 italianos de Benghazi durante a jornada de hoje", manifestou o ministro durante visita oficial a Abu Dhabi. Atualmente, cerca de 1.500 italianos vivem no país africano, especialmente em Trípoli.
Na segunda-feira, as empresas italianas Eni e Finmeccanica começaram a repatriar seus trabalhadores "não operacionais" e os familiares de seus empregados.
Além disso, a Itália aumentou o nível de alerta em suas bases aéreas de Trapani (Sicília) e Gioia del Colle (Bari), depois que dois caças da Força Aérea líbia aterrissaram nessa segunda-feira no Aeroporto Internacional de Malta e dois coronéis líbios pediram asilo político no país.
Segundo informaram fontes da Aeronáutica, "o nível foi elevado" nestas duas bases aéreas e helicópteros foram enviados ao sul da península italiana, embora, precisaram, sejam "medidas normais previstas também em tempos de paz".
Tanto em Gioia del Colle como em Trapani, bases aéreas dependentes do Ministério da Defesa e que têm entre suas funções a de garantir a segurança do espaço aéreo italiano, está tudo preparado para as aeronaves decolarem imediatamente para neutralizar possíveis ameaças aéreas.
Com aeroporto nas mãos de rebeldes, avião não consegue aterrissar
Um avião turco enviado à Líbia pelo governo de Ancara para repatriar seus cidadãos que estão no país africano não pôde aterrissar no aeroporto de Benghazi por ele se encontrar supostamente nas mãos dos rebeldes, informou a rede CNN-Turquia. A emissora explicou que os pilotos do avião da Turkish Airlines não conseguiram entrar em contato com a autoridade de aviação civil no aeroporto, por isso que se viram obrigados a retornar à Turquia.
O governo turco, que criou um centro de crise para obter informação sobre seus cidadãos nos países afetados pelas revoltas, enviará dois navios para retirar seus cidadãos da Líbia. Durante o fim de semana, 581 turcos foram evacuados da Líbia por meios aéreos e o governo turco tinha previsto enviar outros quatro aviões para tirar seus cidadãos do país árabe.
"O primeiro-ministro (Recep Tayyip) Erdogan falou duas vezes com (o líder líbio Muammar) Kadafi, que lhe assegurou que faria tudo para garantir a segurança e a vida dos cidadãos turcos na Líbia", explicou nesta segunda-feira em um discurso ao vivo nas televisões turcas Zafer Çaglayan, ministro de Estado.
Os testemunhos dos turcos na Líbia descrevem uma situação de caos na qual as forças opositoras ao regime assumiram o controle de grandes cidades. "A cidade está sob controle dos grupos opositores. Não nos deixam sair. Estamos em nosso local de trabalho e alguns escritórios foram queimados. Há dois dias não temos comida. A água quase acabou e também o combustível", explicou em declarações à rede NTV Ferhat Karsli, um trabalhador turco que está na cidade líbia de Jalu, a cerca de 400 km ao sul de Benghazi.
Fonte: PORTAL TERRA / NOTIMP
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Líbia ainda não autorizou saída de brasileiros da Queiroz Galvão no país
O Brasil aguarda autorização da Líbia para que um avião fretado pela companhia Queiroz Galvão possa pousar no país e repatriar os seus funcionários, em meio a uma onda de revoltas contra o governo de Muammar Gaddafi. Desde ontem, o embaixador brasileiro em Trípoli, George Ney Fernandes, espera pela autorização para que a aeronave possa entrar no espaço aéreo líbio.
Dos cerca de 600 brasileiros que estão na Líbia, pelo menos 130 são funcionários da construtora Queiroz Galvão e encontram-se em uma das cidades mais tensas do país, Benghazi.
A assessoria de imprensa da companhia informou à Agência Brasil que todos os funcionários “estão bem”. "A Queiroz Galvão informa que atualmente tem 130 colaboradores brasileiros trabalhando em projetos e obras na Líbia. Todos estão bem e está sendo providenciada sua transferência de Benghazi para Trípoli, capital do país”, diz a nota da construtora.
Há seis dias, a Líbia vive manifestações diárias contra o governo Gaddafi. Os conflitos se agravaram desde o último fim de semana e organizações humanitárias falam em centenas de mortes.
Há dificuldades de comunicação com a Embaixada do Brasil em decorrência dos problemas de comunicação. A maioria dos telefones fixos na Líbia está impedida de fazer ligações para o exterior, e o acesso à internet está restrito.
Nesta segunda-feira, o ministério das Relações Exteriores brasileiro emitiu uma nota pedindo que as partes envolvidas a busquem “solução para a crise por meio do diálogo”, sem recorrer a violência.
O Itamaraty também reiterou a preocupação com os brasileiros na Líbia, pedindo que “as autoridades líbias a tomarem medidas no sentido de preservar a segurança e a livre circulação dos estrangeiros que se encontram no país”, afirma a nota.
“O governo brasileiro tem a expectativa de que as autoridades líbias deem atenção urgente à necessidade de garantir a segurança na retirada dos cidadãos brasileiros que se encontram nas cidades de Trípoli e Bengazi”.
O Itamaraty informa ainda que a Embaixada do Brasil na Líbia está em contato permanente com a comunidade brasileira naquele país e indica que os números telefônicos de plantão para contato, “que estão operando em caráter intermitente devido às condições locais”, são (21891) 881-2437/729-3460/322-3151.
Fonte: PORTAL UOL / NOTIMP