Brasília: 37% dos voos sofrem atraso
Gustavo Henrique Braga.
A volta para casa de quem viajou de avião com o objetivo de curtir o réveillon ou assistir às posses de políticos foi marcada por atrasos em voos em todo o país. No Aeroporto Internacional de Brasília, até as 19h, 37% das decolagens extrapolaram o limite de 30 minutos de tolerância. O índice ficou acima da média nacional, de 26%, conforme boletim divulgado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Os transtornos também afetaram os aeroportos paulistas. Em Congonhas, 42% dos voos atrasaram e, em Guarulhos, 41%. As companhias aéreas menos pontuais foram a Webjet e a TAM, cujos índices de atrasos no país chegaram a 46% e 46,2%, respectivamente.
A estimativa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é a de que o volume de embarques tenha alcançado 14 milhões em dezembro, o que representa um crescimento de 12% em comparação ao mesmo período de 2009.Para dar conta da demanda, a reguladora lançou um pacote de medidas emergenciais, que incluiu reforço na fiscalização e maior rigor quanto às obrigações das companhias. A ação começou em 17 de dezembro e terminará hoje. Apesar do esforço, o que se viu nos dias mais movimentados do mês passado foram aeroportos lotados, filas de até duas horas para fazer o check-in e muitas reclamações sobre vendas de passagem acima da capacidade — overbooking. Para piorar, trabalhadores do setor e companhias ainda não chegaram a um acordo nas negociações salariais.
Em Brasília, a movimentação nos voos internacionais se intensificou por conta das cerca de 70 comitivas estrangeiras, compostas por autoridades de governo e jornalistas, que embarcaram de volta a seus países, ontem, depois de participarem das solenidades de posse da presidente Dilma Roussef. Apesar do grande movimento, os embarques ocorreram com tranquilidade. “Esperava mais dificuldade, mas ocorreu tudo bem no aeroporto”, comentou a estudante Carolina Cavalcanti, 20 anos, que aguardava a partida para Orlando (EUA), onde passará as férias.
Entre os voos domésticos, também não houve tumultos. A analista de logística Maria das Graças Cardoso, 57 anos, conseguiu embarcar de Brasília para São Paulo dentro do horário previsto. “Viajei com um irmão e duas sobrinhas para passar o fim de ano com parentes que moram em Brasília. Vi que muita gente teve problemas para embarcar no horário, mas felizmente não foi o meu caso”, comemorou.
Queixas
Viajantes, no entanto, enfrentaram problemas com extravio de bagagem. Um grupo de passageiros da Webjet registrou reclamação contra a empresa no Juizado Especial do Aeroporto de Brasília, sob alegação de que todas as malas não chegaram ao destino. Conforme o registro no Juizado, os passageiros afirmam só terem sido avisados sobre a retirada das malas do avião para evitar sobrepeso quando chegaram em Brasília. Eles argumentam ainda que um comissário da Webjet teria pedido para que cinco voluntários deixassem a aeronave, quando ainda estava no Aeroporto de Santos Dumont (RJ), também por razão de sobrecarga.
A supervisora da companhia presente no Aeroporto de Brasília na tarde de ontem informou que não tinha autorização para falar em nome da empresa. A reportagem tentou entrar em contato com a Webjet pelos telefones da assessoria de imprensa e do SAC, mas não conseguiu ser atendida. O Correio buscou contato também por e-mail, mas até o fechamento desta edição não havia recebido resposta. (colaborou Jorge Freitas)
À beira de um colapso
Rosana Herssel
Os aeroportos brasileiros estão à beira de um colapso. Levantamento recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que pelo menos oito dos 12 aeroportos das cidades que sediarão a Copa de 2014 já estão no limite da capacidade. E, para piorar, o cronograma das obras nesses portões de embarque está atrasado.
De acordo com relatório da ONG Contas Abertas, de janeiro a outubro, a Infraero executou apenas 22% das obras previstas para 2010 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além disso, especialistas acham que os R$ 5,5 bilhões em investimentos programados nas cidades sedes da Copa não serão suficientes para desatar os nós da aviação no país.
A má gestão é uma das críticas à Infraero e a abertura de capital da empresa é cogitada no novo governo como forma de profissionalizar a operação dos aeroportos. Decisões e projetos equivocados reforçam essa teoria. Um exemplo é o famoso “puxadinho” a ser construído no mesmo local destinado ao novo terminal do Aeroporto Internacional de Brasília. Especialistas criticam a obra porque ela deveria ser definitiva e não provisória. Até um leigo tem essa percepção ao tentar embarcar na capital federal em uma sexta-feira à tarde.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP