Aeroportos: Com atrasos, mas sem caos
Um em cada quatro voos do país partiu depois do horário ontem, mas sem comprometer a operação dos principais terminais.
Ao contrário do que os mais pessimistas previam, os feriados de final de ano não resultaram em caos nos aeroportos do país, apesar do movimento intenso de passageiros. Atrasos e cancelamentos registrados nos dias próximos ao ano-novo e ao Natal não chegaram a comprometer o funcionamento nos terminais. No dia 26, por exemplo, o índice de atrasos foi de 15,1% no aeroporto Salgado Filho. Ontem, o percentual chegou a 35,6% às 21h.
A situação mais complicada ocorreu em São Paulo, onde os aeroportos de Congonhas e Guarulhos tiveram de operar com auxílio de instrumentos em razão da forte chuva que caiu na região Sudeste. Em Congonhas, o índice de atrasos chegou a 42% por volta das 9h, mas as partidas foram se normalizando no decorrer do dia. Segundo a Infraero, um dos motivos da alta taxa era o atraso na decolagem em outros Estados, onde havia muita gente voltando para São Paulo – o que gera um efeito cascata, atrasando as saídas em Congonhas.
No caso do Salgado Filho, a infraestrutura para atender à demanda do período é apontada como uma das razões para um movimento sem maiores transtornos. Por infraestrutura, o superintendente do aeroporto, Jorge Herdina, refere-se à reabertura do terminal 2, no dia 4 de dezembro. Com a volta do funcionamento da área de 15,5 mil metros quadrados, ampliou-se em 22 os balcões de check in, liberando posições no terminal 1.
– A nossa avaliação sobre as condições de processamento, de embarque e desembarque é de que funcionaram – afirma Herdina.
Na Região Sul, o tempo bom também colaborou para partidas e chegadas ocorrerem conforme o programado, na maior parte dos casos.
A opção dos passageiros de aproveitar as festas para emendar as férias também ajudou a evitar a concentração do retorno ontem. Segundo Carmen Marun, diretora da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), muitas pessoas optam por comprar pacotes que se estendem do Natal ao ano-novo – no Réveillon, o movimento cresce entre 30% e 40%.
– Houve muito mais preocupação em função de uma possível greve. Mas as pessoas conseguiram viajar – avalia.
A tranquilidade representou um alívio para aqueles que esperavam enfrentar transtornos no retorno do feriadão de ano-novo. O casal Cléberson, 33 anos, e Andrea Modelli, 36 anos, estava preparado para aborrecimentos ao voltar de Campinas (SP) ontem.
– Tanto na ida quanto na volta não tivemos problema. Foi melhor do que a encomenda – brincou o engenheiro paulista Cléberson, que há quatro anos mora em São Luiz Gonzaga.
Fora do horário
POR AEROPORTOS
Voos com atraso superior a 30 minutos ontem no país:
Belo Horizonte (Confins) 28,9%
Brasília 42,5%
Porto Alegre 35,6%
Galeão (RJ) 29,5%
Santos Dumont (RJ) 29,1%
Congonhas (SP) 41,2%
Guarulhos (SP) 44,8%
Média no país 28,9%
POR EMPRESA
Avianca 7,5%
Azul 6,5%
Gol 16,6%
TAM 49,1%
Webjet 47,9%
Fonte: Infraero
O que ajudou a reduzir os transtornos
- A distribuição do fluxo de passageiros em um período de 20 dias, pois muitas pessoas aproveitam o período de festas para sair em férias logo depois.
- Empresas aéreas adequaram sua programação, cancelando algumas partidas em horários muito próximos para destinos com grande oferta de voos. Isso evitou que equipes fizessem horas extras e que voos em horários mais movimentados tivessem de ser cancelados por conta da sobrecarga da jornada de trabalho.
- Ao longo dos últimos meses, as principais empresas incorporaram novas aeronaves, reforçando as frotas para o final de ano.
- Decisão do Tribunal Superior do Trabalho determinando que 80% do efetivo de aeronautas e aeroviários trabalhassem entre 23 de dezembro e 2 janeiro. Na prática, a medida inviabilizou a realização de greve das categorias, que estão em campanha salarial.
- Multas aplicadas pela Anac às empresas aéreas nos últimos meses, devido a atrasos e cancelamentos, e a suspensão da venda de passagens em alguns casos desestimularam excessos por conta das companhias.
Fonte: ZERO HORA / NOTIMP
