Mais problemas no ar
A chamada “operação de não colaboração” dos aeroviários (profissionais que atuam em solo) e aeronautas (pilotos, co-pilotos e comissários) deve ganhar força hoje. O movimento é um protesto dos funcionários por reajustes salariais e melhores condições de trabalho e, apesar de a Infraero não ter registrado nenhum impacto operacional até o início da noite de ontem, a consequência nos principais aeroportos tende a ser um aumento nos atrasos e cancelamentos de voos. O manifesto deve se estender até a semana que vem, quando está marcada uma reunião com representantes das companhias aéreas para definir a pauta de reivindicações.
As empresas negaram qualquer problema relativo ao movimento, também chamado de “operação-padrão”, que, de acordo com o Sindicato Nacionais dos Aeronautas (SNA) consiste em seguir todas as regras dos manuais de conduta para tripulantes, como descanso para lanche, por exemplo – o que inevitavelmente gera descompasso com as metas de horário fixadas pelas empresas. “Os funcionários não estão deixando de cumprir suas funções, apenas pararam de ceder a algumas pressões com as quais convivem todos os dias”, disse o diretor executivo do SNA, Leonardo Souza.
O porta-voz do sindicado disse ainda que se não houver novas propostas por parte das companhias, há possibilidade de ser iniciado um movimento grevista na quarta-feira. Uma manifestação coletiva em várias capitais do país está marcada para quinta-feira. “A negociação está difícil, pois queremos 15% de aumento de salário e eles oferecem só a reposição da inflação. Outro problema é que eles estão tentando mudar a data base para abril (atualmente é 1º de dezembro). A estratégia deles é deixar estourar a greve para que a culpa pelo tumulto nos aeroportos no fim do ano recaia sobre os trabalhadores”, afirmou Souza.
CAOS NO AR - Para o presidente da Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transporte Aéreo, (Andep), Cláudio Candiota, há fortes indícios de um caos aéreo no Brasil. “Já temos um problema para atender a demanda. Nossos aeroportos não estão preparados para suportar o aumento de pessoas que agora podem viajar de avião para o Natal e réveillon. Mas o momento é de tentar minimizar as falhas, que vêm desde 2006, quando a aviação civil deixou de ser comandada por técnicos que entendiam do setor e se transformou em cabides de empregos. É preciso mudar o direcionamento da nossa política pública”, alfinetou Candiota.
O especialista em regulação de infra-estrutura, Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA Consultores, também diz que as soluções para não haver um novo apagão aéreo passam por mudanças estruturais. “Percebo uma certa descoordenação do setor, alguns aeroportos estão sobrecarregados enquanto outros ficam a maior parte do tempo ociosos. É preciso dividir funções. A Infraero está sobrecarregada”, disse.
Mesmo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) tendo definido algumas medidas emergenciais para melhorar o atendimento no final do ano, não se sabe se propostas como tripulações e aeronaves extras nos dias de maior movimento serão cumpridas. Do lado das empresas, as promessas são novas contratações. Por meio de notas, a TAM informou que fará 350 contratações novas este mês e a Azul Linhas Aéreas disse que terá 200 novos funcionários. A Webjet e a Gol pretendem fazer mudanças no atendimento para agilizar o serviço.
Fonte: ESTADO DE MINAS, via NOTIMP