Estudo prevê "boom" de atrasos nos voos do país
Problema pode quadruplicar em aeroportos às vésperas da Copa de 2014.
Natalia Cancian e Marilia Rocha.
O aumento de passageiros nos aeroportos, que na última década chegou a quase 90%, deve seguir um ritmo acelerado nos próximos anos e pode causar um "boom" de atrasos nos voos do país.
A conclusão é de um estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP), segundo o qual o problema pode quadruplicar em três anos, caso a demanda mantenha um crescimento anual de 15%, que é a média dos últimos sete anos.
A projeção leva em conta a situação atual dos aeroportos, sem ajustes de infraestrutura necessários. A porcentagem de voos atrasados deve saltar dos 11,6% registrados até novembro deste ano para 43,9% em 2013.
Em 2007, quando o país enfrentou uma de suas piores crises no setor, os atrasos atingiram 28,6% dos voos.
A fim de evitar um novo "apagão", a Infraero prevê obras em 13 aeroportos considerados estratégicos e 24 intervenções de reforma, ampliação e construção de equipamentos aeroportuários.
Enquanto placas não são descerradas, a estatal passou a usar nova metodologia para avaliar a capacidade dos aeroportos que administra.
Ela expande o número anual de passageiros que cada local pode receber. Entre os 20 aeroportos mais movimentados do Brasil, 12 que até fevereiro seriam definidos como saturados passaram a estar dentro do limite.
Especialistas questionam a alteração. "É conveniente dizer que vai caber, mas fica pior que mercado de peixe", diz o professor de engenharia aeronáutica da USP São Carlos James Waterhouse.
A Infraero afirma que a revisão da capacidade de passageiros foi possível porque houve diminuição do índice de voos internacionais em relação aos domésticos, que exigem menos infraestrutura e têm atendimento mais ágil.
A capacidade anterior no aeroporto de Guarulhos, o maior do país, por exemplo, era de 20,5 milhões de passageiros por ano. Até outubro, haviam passado por lá 22 milhões de pessoas. Tudo certo para a estatal, pois a nova capacidade é de até 25 milhões.
Para este mês de dezembro, o mais movimentado do ano, a anac (Agência Nacional de Aviação Civil) prevê que 14 milhões de pessoas devem usar os aeroportos.
Cerca de 18% dos voos podem atrasar. São números "bons", segundo a agência, pois estão dentro da média da Europa, que é de 17%.
Nas próximas páginas deste caderno, entenda por que pegar avião no Brasil não é tão simples e saiba como garantir seus direitos e o que pode ser feito a fim de contornar possíveis problemas.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP