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"Desconfiança é grande" sobre o Irã, afirmou Patriota a diplomata







Antonio Patriota, escolhido ministro das Relações Exteriores do governo Dilma Rousseff, disse no início do ano não saber exatamente o grau de confiabilidade do governo iraniano, segundo relato da diplomacia dos EUA.

"A desconfiança é grande" sobre o Irã, disse Patriota, conforme relatado em um telegrama confidencial da embaixada norte-americana em Brasília, em 9 de fevereiro.

"Nós nunca sabemos o quão sinceros" os iranianos são. O documento ao qual a Folha teve acesso foi obtido pela organização não governamental WikiLeaks.

A retórica do diplomata brasileiro contrasta com o discurso oficial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foi recebido em Brasília e a administração petista sempre o aponta como um aliado.

Em uma entrevista recente a blogs dentro do Palácio do Planalto, o presidente Lula defendeu novamente Ahmadinejad, dizendo que o iraniano às vezes não é compreendido quando sugere que não houve o Holocausto.

Antonio Patriota teve um encontro com o embaixador norte-americano, Thomas Shannon, no dia 4 de fevereiro. Foi nessa reunião de cerca de uma hora que o brasileiro emitiu suas opiniões e suspeitas a respeito do Irã.

Shannon tomou a iniciativa de mencionar o assunto durante a conversa.

"O embaixador disse que o Irã precisava continuar a ser um assunto de diálogo constante entre os EUA e o Brasil para que fossem evitados mal-entendidos e que se garantisse uma coordenação das mensagens."

Em seguida, segundo o telegrama, o americano "recomendou ao governo brasileiro que se movimentasse com cautela em relação ao Irã".

Ele disse que "os atos recentes de repressão, incluindo as execuções de manifestantes, eram um sinal de coisas que poderiam acontecer e levanta dúvidas sobre a capacidade do governo iraniano de lidar com a comunidade internacional".

Foi nesse momento que Patriota manifestou desconfiança a respeito das atitudes do governo iraniano.

Ainda assim, referindo-se a um acordo que o o Brasil tentava intermediar -para que o Irã reduzisse o uso de combustível nuclear-, Patriota relatou que o governo Lula continuaria perseverando no tema.

O brasileiro reconheceu que Lula estava "pagando um preço político internamente por seu engajamento com o Irã", sobretudo com líderes da "comunidade judaica" que atacaram o presidente "fortemente".

Outro tema do encontro foi a missão de paz comandada pelo Brasil no Haiti.

"Mencionando um comentário anterior de Lula nesse dia, [Patriota] disse que nós teríamos que encontrar uma forma de contornar a escolha entre um governo corrupto no Haiti e colocar tanto dinheiro nas mãos de ONGs não-haitianas", descreve o telegrama.

O processo de compra de 36 aviões caça para a Força Aérea Brasileira foi outro dos assuntos.

Patriota limitou-se a dizer que nenhuma decisão ainda havia sido tomada -e que o próprio Lula havia dado essa informação ao embaixador da França, outro interessado.

Fonte:
FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP




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