Como o Brasil se mostrará ao mundo: caos aéreo?
Eduardo Barbosa
Com o fim de 2010, ano de eleições brasileiras emblemáticas e de uma Copa do Mundo que surpreendeu a todos, fica a experiência da década com os mais enigmáticos questionamentos aos governantes eleitos: o que mudará no país até 2014?
O assunto toma as ruas das grandes capitais de forma diferente das eleições passadas, uma vez que 2014 será o ano em que o Brasil, o único país a participar de todas as edições e com o maior número de vitórias, estará sediando o maior espetáculo futebolístico: a Copa do Mundo FIFA 2014.
Política e futebol mais uma vez se interligam no que se parece provável e importante ser discutido por um país em contínuo e espetacular desenvolvimento: amor a pátria, vontade de crescer e globalização. Mesmos motivos que fez com que os britânicos na Copa de 1920 se retirassem da competição pela recusa em jogar contra países que haviam guerreado recentemente. A Copa do Mundo envolve muito mais do que a paixão pelo futebol, envolve o amor à pátria.
Devem ser observadas, contudo, as principais condições para o Brasil sediar a Copa 2014, desde a reforma dos aeroportos ao calçamento público para abrigar um grande espetáculo. E é pelo amor e pela ânsia de demonstrar as belezas, riquezas e hospitalidade de um povo tropical, que outrora eleitores e, “amanhã”, torcedores, devem atentar para as mais diversas e evidentes necessidades de mudanças.
A África do Sul, país mais desenvolvido do continente africano, teve neste ano mais de 1 milhão de visitantes a fim vibrar com um dos maiores espetáculos mundiais. O Brasil, assombrado com os diversos problemas aéreos da última década, deve começar hoje a se preocupar em encontrar uma forma de resolver overbooking, atrasos, extravio de bagagens e os demais problemas cotidianos que assombram o tráfego aéreo, diariamente. De forma contrária, não evitará um possível caos aéreo em 2014.
Já é possível antever a realidade do quadro neste ano. Para se ter uma ideia, na semana passada, a ANAC, assombrada com as festividades de final de ano, em medida de extrema urgência, reuniu os representantes das principais companhias aéreas, além da Infraero, da Polícia Federal, da Receita Federal e do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) para pedir cautela às empresas, uma vez que foram detectadas vendas de passagens em excesso para o final de ano. Vários vôos da TAM, inclusive, já foram cancelados.
O desenvolvimento do país nos últimos anos e a elevação do número de cidadãos para a classe média demonstra que, com a maior procura por bilhetes aéreos, também há a necessidade de maior organização e, não menos importante, maior comprometimento dos fornecedores de bilhetes. Se com o iminente final de ano já se projetam problemas, quiçá ocorrerá com o número de visitantes interessados em passagens aéreas em 2014.
Não há dúvida de que cresce, com a vinda da Copa, ainda mais a necessidade de Juizados Especiais Cíveis nos aeroportos, de preferência com atendentes que falem uma língua universal – o inglês. As dúvidas passam a ser constantes acerca disso: os aeroportos estarão preparados para o número de passageiros que atrai uma Copa do Mundo?; Qual será o projeto para que não exista extravio de bagagens? Como ficarão os atrasos? Qual o número de bilhetes que serão disponibilizados? Todos terão acesso? . As dúvidas, assim como os problemas, são intermináveis.
A chegada e a saída de estrangeiros é o cartão de visitas que vai na mala do retorno de cada visitante ao seu país. Isso faz com que os problemas aéreos sejam prioridade na lista dos 100 maiores a serem resolvidos até 2014. Há tempo e, paradoxalmente, pressa, felizmente.
Eduardo Barbosa, eduardo@eduardobarbosaadv.com.
Advogado, Conselheiro da OAB/RS, Diretor da ESCOLA DA OAB/RS, Professor da AASP/SP, Professor da ESADE/RS, Professor da ESA/RS. Atua no Brasil e em Portugal