Aviação: Após alta recorde, 2011 traz desaceleração
Alberto Komatsu.
Depois de garantir este ano o que talvez seja o melhor desempenho de sua história, a aviação comercial brasileira prepara-se para desacelerar em 2011, mas com recomposição de tarifas, que estiveram em baixa nos últimos dois anos por causa de sucessivas guerras tarifárias.
O consultor aeronáutico Paulo Bittencourt Sampaio diz que a alta de 23,4% na demanda doméstica em 11 meses já é a melhor performance em 50 anos. Segundo ele, o fluxo de passageiros deverá crescer entre 12% e 15% no ano que vem, mesma projeção de executivos do setor.
"Vamos ter esse recuo na demanda aérea porque vai haver um reequilíbrio da política econômico-financeira do governo, com o PIB crescendo menos em 2011", afirma Sampaio. Segundo ele, a recomposição dos preços das tarifas se dará, também, porque será essa a estratégia da TAM e Gol que, juntas, respondem por pouco mais de 80% do fluxo de passageiros no país.
"Estamos na fase final de aprovação do orçamento. Assim que ele for aprovado, vamos divulgar o nosso "guidance" [projeções], mas seguramente estamos pensando num número acima de 12% para o ano que vem", afirma o presidente da TAM, Líbano Barroso.
O executivo afirma que em 2011 vai operar com um plano conservador de expansão de frota. A TAM vai acrescentar a sua frota sete aeronaves, "um número pequeno", segundo Líbano. A rival Gol, por sua vez, trará apenas quatro aviões.
"Ainda não divulgamos o "guidance", mas geralmente o volume de passageiros cresce três vezes o crescimento do PIB. Não devemos muito fugir disso", afirma o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Jr.
Por essa regra, a expansão da demanda aérea no ano que vem deverá situar-se em até 13,5%, já que o governo fala em crescimento de 4,5% do PIB em 2011. "Temos um plano de crescimento conservador, que prevê uma utilização maior do avião", acrescenta Constantino.
A terceira maior companhia aérea brasileira em fluxo de passageiros transportados, a Azul, também acredita em crescimento em 2011. E confirma que deverá ser um ano de "yield" (índice de rentabilidade que baliza reajustes de tarifas) em ascensão.
"Esperamos um ano de crescimento vigoroso, ainda que ligeiramente mais modesto do que em 2010. Quanto ao preço das passagens, acreditamos na manutenção dos patamares atuais, com espaço, talvez, para uma discreta recomposição de preços", afirma o diretor de comunicação e marca da Azul, Gianfranco Beting.
A Azul tem um dos planos mais agressivos de ampliação de frota em 2011, com a previsão de entrega de 12 aeronaves da Embraer, modelo 195.
A Webjet, quarta maior companhia no mercado doméstica, vai repetir o plano de frota de 2010, quando incorporou três aviões da Boeing, modelo 737-300. Quem revela os planos é o novo presidente da empresa, Fábio Godinho.
"Estamos fechando o ano de 2010 com 90% mais passageiros transportados do que em 2009. Acreditamos que a demanda continue em crescimento no ano de 2011 e que a Webjet, em especial, cresça novamente mais do que a média do mercado", diz o executivo.
A Avianca Brasil, por sua vez, vai trazer seis aviões da Airbus, entre os modelos A319 e A320. "Quando se prevê um aperto no crédito, entende-se que vai ter uma pequena diminuição na demanda", diz o presidente da Avianca Brasil, José Efromovich. Ele se referiu ao aperto no crédito já anunciado pelo ministro Guido Mantega para combater a inflação em 2011.
Na opinião do executivo, o fluxo de passageiros transportados em 2011 deverá ficar em cerca de 15%. "Estamos focados no nosso plano de crescimento em 2011. Para quem voa com 17 aviões, seis é bastante coisa", diz Efromovich. Segundo ele, no ano que vem a Avianca deverá operar mais quatro destinos, dois no país e outros dois no exterior.Fonte: VALOR ECONÔMICO / NOTIMP