Rio: PF, enfim, é chamada
Secretário de Segurança recua no pedido de auxílio à Polícia Federal.
Ministro libera mais vagas para presos perigosos e exército anuncia o envio de 800 homens.
A Polícia Federal vai atuar com as forças de segurança do Rio de Janeiro a partir de hoje. Serão operações pontuais em regiões onde foram registrados ataques criminosos desde o último domingo. Serão 300 agentes, incluindo integrantes do Comando de Operações Táticas (COT), o grupo de elite da PF, que estarão em ação principalmente na Região Metropolitana. O anúncio foi feito ontem pelo secretário de Segurança Pública do estado, José Mariano Beltrame, que afirmou que a polícia continuará ocupando a Vila Cruzeiro, na Penha, onde foi realizada ontem uma das maiores ações para expulsar bandidos que estavam na área. Além disso, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, colocou mais 50 vagas no Sistema Penitenciário Federal à disposição do governo do Rio para a transferência de detentos de alta periculosidade.
“A polícia (do estado) terá reforço da Polícia Federal. São ações complexas, mas temos objetivos de onde queremos chegar”, afirmou Beltrame, que na entrevista de ontem demonstrava mais preocupação com a ação criminosa na cidade. Prova disso é que, inicialmente, o governo fluminense não viu necessidade da presença da PF, mas, com os acontecimentos de ontem, decidiu pelo trabalho conjunto em áreas determinadas. Durante a semana, Beltrame teve várias reuniões com o superintendente da corporação no Rio, Angelo Fernandes Gioia.
Segundo o secretário, as polícias continuarão na favela por tempo indeterminado. “A polícia está lá e não vai sair”, anunciou. “O trabalho de repressão precisa ser feito. Precisamos ir atrás das pessoas que fazem isso”, afirmou o secretário. “Isso não pode continuar.”
Além dos 78 presos transferidos para as penitenciárias federais, o Rio terá mais 50 vagas, segundo o ministro da Justiça. “A União colocou mais vagas que o estado poderá usar no momento em que achar conveniente”, afirmou Barreto, que tem feito contatos constantes com o governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB).
À noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o envio de 800 soldados do Exército para auxiliar a polícia do Rio nas operações de repressão ao crime organizado. De acordo com o Ministério da Defesa, o presidente atendeu a pedido do governador. Os militares atuarão no perímetro das áreas de risco e serão coordenados por oficial designado pelo comando das Forças Armadas. O Ministério da Defesa também enviará ao Rio mais 10 veículos blindados, óculos para visão noturna e cederá dois helicópteros.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE, via NOTIMP