Rio: O primeiro passo de uma grande caminhada
Foi um dia histórico para o povo do estado do Rio de Janeiro.
O primeiro dia de ocupação efetiva do complexo de favelas do Alemão terminou com apenas dois óbitos – nenhum entre as forças de segurança – e dezenas de prisões. A temida fortaleza do tráfico carioca caiu sem o rio de sangue que se esperava.
Os méritos vão para o governo do estado e para a União, que se uniram mais uma vez pelo Rio. Todo o aparato montado pelas polícias Civil e Militar não seria eficaz sem a presença marcante e intimidatória dos blindados do Exército e da Marinha, dos helicópteros da Aeronáutica e dos militares das três forças.
Agora, no entanto, começa a segunda fase da ocupação, que é tão importante como a invasão de ontem, mas pode não ser tão fácil. Dos cerca de 600 bandidos que se estimava haver no complexo, menos de 10% foram presos ontem. É possível que muitos tenham fugido por rotas ainda desconhecidas ou antes da invasão, mas sabe-se que a maioria ainda está por lá.
A questão é saber como será a convivência dos policiais com a população local, que, até agora, mostrou apoio às operações e contribuiu de forma decisiva para o encontro de armas e drogas com ligações para o Disque Denúncia.
Agora, pode-se dizer, com todas as letras, que o estado chegou ao Alemão. Era surrealista a realidade de antes: investimentos e obras maciças dos governos federal e estadual no complexo, mas ainda o domínio das quadrilhas sobre os moradores. Só ontem, com a colocação das bandeiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro no prédio principal do novo teleférico, no alto do morro, o resgate de uma comunidade esquecida pelo poder público se completou.
Há ainda muitos outros desafios a serem vencidos no estado até a Copa do Mundo de 2014, quando, segundo o governador Sérgio Cabral, não haverá mais nenhuma área do estado sob domínio de bandidos.
Falta libertar outros grandes bolsões de miséria do jugo do crime. Rocinha, Manguinhos, Maré, o resto do complexo da Penha. Mas o principal já foi feito: a tomada do Alemão, que para muitos era um reduto praticamente inexpugnável.
Fonte: JORNAL DO BRASIL, via NOTIMP