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Ligação do Brasil com Irã preocupa EUA






Segundo documentos vazados pelo WikiLeaks, ministro francês considerou o país "ingênuo" ao tratar da questão.

Telegramas de várias embaixadas americanas mencionam o país ao tratar do problema do projeto nuclear iraniano.

Juliana Rocha e Jefferson Puff.

Correspondências entre o governo norte-americano e suas embaixadas mostram preocupação com a aproximação entre Brasil e Irã.

Os documentos da diplomacia dos EUA foram vazados pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.org).

Um telegrama da embaixada em Berlim sobre o Irã alerta que os países devem "prestar atenção ao Brasil como formador de opinião do Terceiro Mundo".

A correspondência diz que essa é a opinião do ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle.

Enviada em 5 de fevereiro deste ano, a carta acrescenta que a Rússia já viu que "o Irã está brincando com a questão nuclear". E lembra que o presidente Lula recebeu Mahmoud Ahmadinejad em visita oficial.

A visita do presidente iraniano ao Brasil também aparece em telegrama que partiu da embaixada dos EUA em Paris, em novembro de 2009.

A correspondência relata uma conversa por telefone entre os presidentes Nicolas Sarkozy e Barack Obama em que eles concordam que precisam tomar "medidas mais sérias" em relação ao programa nuclear iraniano.

Os líderes de França e EUA dizem que precisam unir a comunidade internacional contra o Irã e lembram que alguns países ainda mantêm "relações diplomáticas e comerciais normais" com o país. Nesse momento, o texto cita que Ahmadinejad planeja visitar o Brasil.

Em janeiro deste ano, a mesma embaixada de Paris relata que o conselheiro de Assuntos Estratégicos da França, François Richier, chama o Brasil de "ingênuo" na relação com o Irã.

"[Richier] deixou claro que [a França] vê o engajamento do Brasil como sendo mais ingênuo e possivelmente baseado em uma compreensão errônea da decisão de Obama de tentar o engajamento primeiro, sem o Brasil saber quais os limites desse engajamento", diz o telegrama.

Jogo duplo
A embaixada americana da Itália voltou sua artilharia apenas contra a Turquia nas relações com o Irã.

Telegrama de Roma relata a opinião do ministro das Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, em que ele expressou frustração com o "jogo duplo" da Turquia, de aproximação tanto com a Europa quanto com o Irã.

Segundo a correspondência, de fevereiro deste ano, Frattini propõe que Brasil, Turquia, Venezuela, Arábia Saudita e Egito sejam incluídos nas discussões sobre novas medidas contra o programa nuclear iraniano.

Um tema frequente nas correspondências é a necessidade de atrair a China para o lado dos países desenvolvidos nas sanções contra o Irã.

Em duas ocasiões, as embaixadas dizem que é preciso trazer "a China a bordo" contra o país de Ahmadinejad.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP




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