Infraestrutura de aeroportos do Brasil é 'desastre', diz Iata
Aeroporto no Brasil é "desastre", diz Iata.
Presidente de associação de companhias aéreas critica estrutura brasileira e aponta falhas de segurança.
Alta tributação e risco de o Brasil dar "vexame" na Copa e na Olimpíada são debatidos em fórum do setor no Panamá.
Luciana Coelho
A principal associação mundial de companhias aéreas censurou ontem o Brasil por deficiências de infraestrutura que ameaçam o fluxo de passageiros na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016.
Impostos e taxas no país e na região também foram questionados como um obstáculo à operação, assim como riscos à segurança.
"O Brasil é a maior economia da América Latina e a que cresce mais rápido, mas sua infraestrutura é um desastre crescente", afirmou o presidente da Iata, Giovanni Bisignani, em discurso distribuído à imprensa.
Bisignani, que falou no fórum da Associação de Transporte Aéreo da América Latina e do Caribe, no Panamá, alertou para a demanda que virá com os megaeventos esportivos e exortou autoridades e empresas nacionais a prepararem um plano "se quiserem evitar vexame".
"O relógio está correndo e eu não vejo muito progresso", afirmou. "Dos 20 maiores aeroportos domésticos do Brasil, 13 não conseguem acomodar as demandas em seus terminais. E a situação em São Paulo é crítica."
A maior preocupação da Iata é o Aeroporto Internacional de Guarulhos. A associação criticou a decisão da Infraero, depois revertida, de fechar uma das pistas no próximo ano. A capacidade atual do aeroporto é insuficiente para o crescimento da demanda.
Outro ponto levantado foi o aumento tributário. A Iata relata este como um problema da região, mas destaca o Brasil, o Chile e o Peru ao falar de países cuja competitividade no setor é fortemente afetada pelos impostos.
"É por causa dos altos impostos que esses países são listados, respectivamente, como 45º, 57º e 74º no índice de viagem e turismo do Fórum Econômico Mundial." A lista é liderada pela Suíça.
Grandes expectativas
Apesar das críticas, a Iata festejou a fusão da TAM com a LAN Chile, um negócio estimado em US$ 14 bilhões em capitalização de mercado, quase o triplo do que é estimado para outra megafusão, a da British Airways com a espanhola Iberia.
A associação está aumentando seu investimento no Brasil e nomeou Carlos Ebner, ex-presidente da OceanAir (hoje Avianca) e ex-diretor financeiro da Varig, como diretor para o Brasil a partir de dezembro.
O movimento aéreo na América Latina (número de voos) deve crescer acima da média global: 15,2% no ano e 6,1% no ano que vem, após fechar 2009 no zero a zero. Em receita, a alta estimada é de 5% e 3,2%, também acima da média do resto do mundo.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP
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Situação dos aeroportos é desastrosa, avalia Iata
Para organização internacional, Brasil corre o risco de enfrentar um "constrangimento nacional" durante a Copa do Mundo e a Olimpíada
Glauber Gonçalves
O diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), Giovanni Bisignani, disse ontem que o Brasil precisa resolver os problemas de infraestrutura dos aeroportos para não passar por um "constrangimento nacional" durante a Copa e a Olimpíada.
"O País é a maior economia da América Latina e a que mais cresce, mas a infraestrutura de transporte aéreo é um desastre de proporções crescentes", disse Bisignani em encontro de presidentes e diretores de companhias aéreas organizado pela Associação Latino Americana e Caribenha de Transporte Aéreo (Alta) na Cidade do Panamá.
"Para evitar um constrangimento nacional, o Brasil precisa de instalações melhores e maiores para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, mas não vejo progresso e o tempo está correndo. O tempo para debates acabou."
Apesar de externar preocupação com os eventos que o País sediará nos próximos anos, Bisignani destacou que a infraestrutura aeroportuária já apresenta problemas. "Treze dos vinte maiores aeroportos não conseguem acomodar a demanda nos terminais de passageiros existentes, e a situação é crítica em São Paulo, maior hub internacional da região", disse, referindo-se ao Aeroporto de Guarulhos.
"No começo do ano, a Infraero popôs fechar uma das pistas do aeroporto de Guarulhos por uma boa parte do ano que vem para a realização de melhorias. Isso cortaria a capacidade pela metade. Nós nos manifestamos e o governo agora está procurando outra solução", comentou.
Para Elton Fernandes, professor da Coppe/UFRJ e presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo (SBTA), a possibilidade de restrição da oferta de voos com a intensificação das obras nos aeroportos é real. "Obra é uma expectativa para o futuro. Mas, em alguns casos, ela gera uma limitação da operação no presente. Você tem de interditar alguma coisa", diz.
No encontro, Bisignani criticou os impostos sobre o setor de aviação. "Por causa dos altos impostos, Brasil, Chile e Peru ocupam a 45.ª, 57.ª e 74.ª posições no índice de viagem e turismo do Fórum Econômico Mundial."
Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP
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Para Iata, aeroportos brasileiros são sinônimo de "desastre" e "vergonha"
A Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), que representa mais de 200 companhias, fez ontem uma violenta crítica ao estado da infraestrutura do setor aéreo no Brasil, falando de "desastre" e de "vergonha".
Assis Moreira
Giovanni Bisignani, diretor-geral da entidade, qualificou a infraestrutura aérea de "inadequada" e de "crescente desastre", apesar de o país ter o maior e mais rápido crescimento econômico na América Latina. Exemplificou que 13 dos 20 principais aeroportos não podem mais acomodar a demanda nos terminais existentes. Considerou "crítica" a situação em São Paulo, o maior "hub" (ponto de distribuição de voos) internacional da região. Para Bisignani, o espaço aéreo é "congestionado e ineficiente" em São Paulo, em Bogotá e no México.
Em encontro de companhias aéreas no Panamá, ontem, o executivo contou que no começo do ano a Empresa Brasileira de Infraestrutura Portuária (Infraero) propôs fechar uma pista do Aeroporto de Guarulhos por boa parte de 2011 para trabalhos de reparação. "Isso teria cortado a capacidade pela metade. Nós gritamos e o governo está agora buscando outra solução", disse.
Advertiu que, para evitar uma "vergonha nacional", o Brasil precisa começar a aumentar e melhorar as instalações aéreas para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. "Mas não vejo progressos e o tempo está passando. O tempo para debate acabou. Temos que juntar todo mundo em torno da mesa para finalizar um plano e trabalhar", disse.
Queixou-se dos custos de infraestrutura no país. Segundo ele, a Infraero quis aumentar em 200% as taxas para o "sub-standard facilities" (estrutura de segunda categoria). "Gritamos e o regulador tomou nota". Gabou-se de ter conseguido reduzir em US$ 313 milhões as taxas de estacionamento de aeronaves em São Paulo em 2009. Para focar mais no Brasil, a Iata nomeou ontem Carlos Ebner como o diretor no país a partir de dezembro.
Além dos problemas de infraestrutura no Brasil, a IATA conclamou os governos da América Latina a resolver desafios sérios de segurança no setor e baixar taxas cobradas de companhias de turismo.
Para Bisignani, o setor aéreo na América Latina dez anos atrás era "uma bagunça", mas fez muito progresso desde então. A taxa de acidentes era sete vezes a média global, a infraestrutura era ainda pior e houve grandes falências, como a da Varig e a da Mexicana recentemente.
Mas o "trabalho duro" fez da América Latina a única região em que as companhias aéreas tiveram lucro em 2009, de US$ 500 milhões, e em 2010, de US$ 1 bilhão, e pode ir ao terceiro ano consecutivo de resultado positivo com US$ 600 milhões em 2011.
Destacou o valor de capitalização de mercado para ilustrar "esse sucesso". Desde 2000, a capitalização de mercado das companhias americanas e europeias caiu 70% e 50%, respectivamente. As companhias da Ásia subiram 20%. Mas a Lan Chile teve alta de valor de 19 vezes e a Gol dobrou de valor.
Bisignani encorajou a América Latina a liberalizar o setor. Ilustrou com a capitalização de mercado combinada da Lan e da TAM, de US$ 14 bilhões, criando um dos grupos mais fortes no mundo. Seu valor é maior do que British Airways/Iberia (US$ 5,5 bilhões), Grupo Lufthansa (US$ 10,4 bilhões), Air France/KLM (US$ 5,7 bilhões), Delta (US$ 11,2 bilhões) ou Continental/United Airlines (US$ 8,8 bilhões).
Tudo isso confirma, a seu ver, a importância da consolidação no setor. Advertiu que a aviação "é um negócio pesado e dinâmico" e mais mudanças são necessárias.
Globalmente, a Iata prevê para este ano faturamento de US$ 560 bilhões e lucro de US$ 8,9 bilhões, representando margem de 1,6%. Tendo perdido US$ 50 bilhões desde 2000, o resultado não é para comemoração, porque a projeção para 2011 é de margem declinando para 0,9% e lucro de apenas US$ 5,3 bilhões, por causa da alta do preço do petróleo e queda na demanda de cargas.
A IATA está numa cruzada contra taxações. Na América Latina, reclama que países do Caribe estão querendo faturar US$ 287 milhões com imposto sobre turismo. "Os governos devem entender que o setor aéreo não é uma vaca leiteira", disse Bisignani.
Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP
Foto: Andomenda