Governo negocia opções para comprar Aerodilma
Planalto estuda adquirir Airbus-A340, que pode ser entregue em 1 ano e meio.
Modelo poderia voar antes que aviões-tanque cuja compra, revelada pela Folha, já está em negociação pela FAB.
Igor Gielow e Simone Iglesias.
O Aerodilma, versão com maior autonomia do que o Aerolula, pode voar antes do esperado. Além do avião de reabastecimento com área VIP que a FAB está negociando, o Planalto estuda também comprar uma versão executiva do Airbus-A340.
O modelo poderia ser entregue em até um ano e meio se for novo, ou menos, se for usado. Já a versão que também é avião-tanque demoraria até três anos para chegar ao país.
A Folha revelou ontem que o governo quer trocar o Aerolula, a versão executiva do Airbus-319 comprada em 2005 pelo equivalente a R$ 98 milhões hoje. O avião tem relativamente baixa autonomia -não pode ligar Brasília a todas as capitais europeias sem escala, por exemplo.
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é deixar o negócio pronto para que a sucessora, Dilma Rousseff, não tenha que arcar com o desgaste do gasto público em um cenário geral de contenção de despesas.
Um modelo comercial do A340 custa entre R$ 395 milhões e R$ 465 milhões, dependendo da versão. A executiva tem custos que variam com a configuração. A versão tanque é ainda mais dispendiosa: a Austrália pagou R$ 516 milhões há dois anos.
A negociação corre discretamente. Não há notícia sobre um pedido de proposta emitido pela Aeronáutica, como no caso dos dois aviões-tanque - um deles com a configuração VIP.
Isso indica que poderá ser feita compra direta, o que depende de projeto de lei.
A Folha não obteve uma posição da FAB sobre o A340.
A Força emitiu nota confirmando a negociação dos aviões-tanque, confirmada também pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
O favorito é o europeu Airbus-A330MRTT.
A opção pelo A340 não anularia a outra negociação.
Procuradas, as assessorias do Planalto e de Dilma não falaram sobre o tema.
No Planalto, a defesa da nova aeronave se baseia na ideia de que o Brasil ampliou o escopo de sua presença internacional nos últimos anos e, assim, seu presidente precisa de maior mobilidade.
Em configuração executiva, o A340 pode voar mais de 17 mil quilômetros -o que permite praticamente ir até a Ásia sem reabastecer, quando hoje são necessárias duas paradas com o Aerolula.
A oposição fez críticas à negociação revelada pela Folha, mas admitiu que não pode agir legalmente para se contrapor a ela.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que o governo é "contraditório" ao negociar a compra do Aerodilma ao mesmo tempo em que fala em cortar gastos públicos.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP