DF: Pela primeira vez, PM compra cachorros para farejar drogas e explosivos
PM do DF compra seis cachorros da raça pastor-alemão para farejar drogas e explosivos e trabalhar em confrontos
Renato Alves
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) acaba de realizar uma compra inédita. Pela primeira vez, a corporação gastou parte do orçamento com a aquisição de cachorros. São quatro fêmeas e dois machos da raça pastor alemão. Cada um custou R$ 8,5 mil. Ao todo, o canil vencedor da licitação embolsará R$ 51 mil pelos animais, que ainda não foram entregues. Eles serão inspecionados por uma comissão e, caso sejam aprovados, passarão por um treinamento para trabalhar no policiamento de rua, em estádios e para exercer atividades de alto risco, como a detecção de explosivos.
Os animais se juntarão a outros 57 lotados na Companhia de Policiamento com Cães (CPCães) do Batalhão de Operações Especiais. Até então, a unidade especializada da PMDF trabalhava somente com animais doados por criadores e frutos de cruzamento realizado no próprio canil. A corporação alega a necessidade de animais com características específicas para realizar a compra dos novos cachorros. Entre as especificações no edital, além da raça e do sexo, estavam a idade entre oito e 10 meses, pelagem cinza, preta ou capa preta.
O comandante da CPCães, major Vânio Escobar, ressalta que a aquisição dos novos animais muda uma cultura na PMDF. “Assim como um veículo ou uma arma, o cão é um bem do Estado, por isso precisa estar no orçamento, passar pelo controle”, afirma. No entanto, nem ele nem a assessoria da PMDF souberam informar a origem dos seis pastores alemães. “A realização de todo o processo ficou por conta da Central de Compra do GDF. Nós fizemos as especificações. Se algum animal não se encaixar no perfil, o fornecedor terá que substituí-lo”, explica o major.
Preço variado
Especialistas do Kennel Club de Brasília ouvidos pelo Correio afirmam que o preço de um pastor-alemão pode variar bastante, entre R$ 300 e R$ 200 mil. O valor depende da origem e das especificações do animal. “Não há uma tabela de preços. No Brasil, um pastor-alemão registrado vale de R$ 500 a R$ 1,2 mil, com 60 dias de vida. Mas, animais de competição, com qualidades anatomicamente excepcionais, podem valer R$ 20 mil. Os mais caros são aqueles vindos da Alemanha ou com sangue alemão”, explica o criador Celso Pinto, 59 anos.
Depois de aproximadamente um ano de intenso treinamento, os cães começam a auxiliar os policiais
Juiz do Clube Brasileiro do Pastor-Alemão e da Confederação Brasileira de Cinofilia, Celso Pinto diz que animais comprados para trabalhar com a polícia são diferentes daqueles expostos nas competições das quais ele costuma participar. “Os cães policiais são mais rústicos, fortes, um pouco mais baratos. Caso tenham uma boa linhagem, podem perfeitamente ser vendidos por R$ 2 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil. O valor depende de vários fatores, mas, principalmente, da origem do animal”, pondera. Portanto, ele, que já doou cães do seu canil para a PMDF, acha plausível o valor pago. “Não vi, não conheço os filhotes, mas eles podem valer tudo isso (R$ 8,5 mil cada)”, conclui.
A CPCães é uma unidade responsável por auxiliar a PMDF em operações especiais, como a busca por drogas, fugitivos, explosivos ou em ações de choque — nesse caso, principalmente em estádios e protestos. Os cães começam o treinamento, com os policiais guias, a partir dos três ou quatro meses de idade. Depois de, aproximadamente, um ano eles começam a trabalhar nas ruas e são aposentados com cerca de oito anos. Para a especialidade de faro, que é dividida entre a detecção de explosivos e de drogas, as raças preferidas são labrador e pastor- alemão. “O policial guia e o animal são treinados como uma dupla, com a intenção de serem parceiros fixos”, explica o major Escobar.
Em julho do ano passado, a companhia especializada realizou seu I Curso de Guias e Cães Detectores de Narcóticos, formando sete cães farejadores de entorpecentes e policiais guias. Os cães são capazes de identificar até 150 odores e detectam com precisão substâncias como maconha, cocaína, merla e crack. No treinamento para cães farejadores de drogas, feito por policiais especializados da CPCães, a substância é inserida em um tubo de PVC com o qual o cão brinca, para que ele se familiarize com o odor.
Além da busca por entorpecentes ou explosivos, existe uma outra especialidade de cães policiais, na qual os animais são treinados para capturar fugitivos, fazer policiamento preventivo ou atuar na tropa de choque. Para essa função, a CPCães usa as raças pastor-alemão, melinoa (pastor- belga), rottweiler e doberman.
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE, via NOTIMP