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Airbus eleva aposta na América Latina









Daniela Fernandes
de Toulouse

A América Latina totaliza apenas 6,2% do tráfego aéreo mundial, mas na visão da Airbus, a região, e sobretudo o Brasil, representa excelente pista de decolagem das vendas. O continente se tornou elemento central na estratégia de desenvolvimento da empresa. Nos cálculos do fabricante de aviões, o tráfego aéreo da América Latina deverá crescer, em média, 5,8% ao ano entre 2008 e 2028, o que representa mais do que o dobro do estimado para a América do Norte e é semelhante às previsões para a Ásia, de aumento anual de 6%.

"Para a Airbus, está claro que o Brasil é a locomotiva do mercado latino-americano de aviação e também em termos mundiais", disse ao Valor Joaquin Toro Prieto, diretor de marketing do grupo europeu. No caso do Brasil, o crescimento médio do tráfego aéreo até 2028 deverá ser superior ao da América Latina e ultrapassar 10%, diz Prieto, com base nas previsões das companhias aéreas brasileiras.

Para atender a esse aumento da demanda, a frota brasileira de aviões com mais de 100 lugares, que era de 248 aeronaves de diferentes fabricantes em 2008, deverá passar para 592 em 2028, segundo projeções da Airbus, um aumento de 139%. No total, 510 novos aviões devem ser entregues às companhias aéreas brasileiras em menos de 20 anos, um negócio avaliado em US$ 59,4 bilhões pelo construtor europeu. Se confirmado, o volume de novos aviões até 2028 no Brasil deve representar quase um terço do total previsto de 1,66 mil entregas na América Latina nesse período, com um volume de vendas estimado em US$ 163 bilhões a ser dividido entre os fabricantes. A Airbus vendeu no ano passado 30 aviões a companhias latino-americanas, o que representa 10% das vendas globais. "O peso do transporte aéreo da América Latina em termos mundiais é de cerca de 6%. O continente também deveria representar 6% das nossas vendas, mas o índice foi maior. Em 2010, deverá ser novamente maior", diz o executivo.

A Airbus deverá encerrar o ano com mais de 400 aviões vendidos. Até outubro, o consórcio totaliza 25 vendas para a TAM, mas finalizará em dezembro o contrato de venda de 50 aviões para a LAN. "Após a crise, são os mercados emergentes que propiciam a recuperação do setor. Os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) têm uma importância capital na estratégia da Airbus. O Brasil é claramente um dos mercados que mais contribuem para o crescimento da aviação", diz o executivo.

A Airbus anunciou no início de novembro a venda de 102 aviões para quatro companhias aéreas da China por € 14 bilhões. Mas além de grandes compradores, os chineses também estão se tornando concorrentes do fabricante europeu.

No Salão da Aviação de Zhuhai, na China, inaugurado terça-feira, a chinesa Comac anunciou as 100 primeiras encomendas por companhias nacionais do C919. Com esse avião de 168 lugares, Pequim espera competir nos próximos anos com os aviões mais vendidos no mundo, o Airbus A320 e o Boeing 737.

"Os chineses estão desenvolvendo aviões para o mercado chinês. A concorrência não existe atualmente e não será imediata", estima o executivo da Airbus. Até a China se tornar eventualmente uma grande potência aeronáutica, a única rival do consórcio europeu continua sendo a americana Boeing. Segundo Prieto, a Airbus vendeu mais aviões do que a Boeing em sete dos últimos dez anos. "Neste ano, ainda não sabemos qual será a situação", diz ele.

Para se sobressair na acirrada competição com a Boeing, o construtor europeu vem desenvolvendo inovações para produzir aviões mais eficientes do ponto de vista ecológico, que consumam menos combustível e emitam menos dióxido de carbono, afirma o executivo.

O diretor de marketing não comentou os problemas envolvendo turbinas da Rolls Royce no modelo A380, o maior avião comercial do mundo, da companhia australiana Qantas, afirmando que há uma investigação em andamento. Segundo ele, é prematuro estimar que poderá haver atrasos na entrega de novos modelos em razão desses incidentes. Prieto diz, no entanto, "ter certeza" de que haverá aviões A380 voando para o Brasil nos próximos anos e afirma que a Air France a Lufthansa já teriam projetos nesse sentido.

Uma coisa é certa: a crise do setor foi superada e o mercado voltou a ser "robusto". "Ultrapassamos nosso objetivo de vendas em 2010, que era de 300 aviões, similiar ao do ano anterior".

Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP




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