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O que Buffett viu na Embraer









O terceiro homem mais rico do mundo assinou um cheque de US$ 1 bilhão para comprar 125 jatos da Embraer.

E pode ser apenas o começo

Rosenildo Gomes Ferreira

O financista americano Warren Buffett, que comanda a gestora de ativos Berkshire Hathaway e é dono da terceira maior fortuna do mundo, com US$ 47 bilhões, nunca investiu diretamente no Brasil.

Na segunda-feira 18, no entanto, ele fez um movimento que vai injetar cerca de US$ 1 bilhão no caixa de uma grande companhia brasileira: a Embraer. A fabricante de aeronaves acertou a venda de 125 jatos executivos para a NetJets, operadora de aviões privados e uma das integrantes do portfólio da Berkishire Hathaway Inc.


Trata-se do maior contrato já fechado pela Embraer com um único cliente nesse segmento. As negociações duraram cerca de um ano e foram iniciadas na feira de aviação executiva que acontece anualmente, em outubro, em Atlanta (EUA).

Além disso, representa a afirmação desse modelo de aeronave no maior mercado de aviação executiva do planeta. Essa parceria é um endosso dos nossos jatos executivos, diz Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer. E não se trata de nenhum exagero.

A NetJets é a maior potência global da aviação privada, especializada em propriedade compartilhada de aeronaves. Sua frota, composta por cerca de 800 jatos de 13 diferentes modelos, transporta executivos das maiores corporações privadas do mundo. Cabe, diante desse cenário, uma indagação: o que Buffett, conhecido como o Oráculo de Omaha, enxergou na Embraer?

A NetJets poderia ter comprado modelos da americana Boeing, mas optou pelo jato brasileiro. Ele custa US$ 8,5 milhões, em média, ante os cerca de US$ 12 milhões cobrados pelos concorrentes da Cessna ou Bombardier.

Mais que uma simples transação comercial, o acordo Embraer-NetJets dará origem a uma nova série de aeronaves da família Phenom 300, batizada de Edição Platinum. Os detalhes técnicos de configuração da cabine e o pacote tecnológico começam a ser definidos a partir deste mês.

O avião transporta até 11 pessoas e foi projetado em parceria com a BMW. Sai de fábrica com autonomia para percorrer 3,6 mil quilômetros, o equivalente à distância entre São Paulo e Santiago (Chile).

Em um primeiro momento, a encomenda abrangerá 50 aeronaves. Elas começam a ser entregues a partir de 2013. A transação teve impacto direto também na cotação dos papéis da Embraer. No pregão da segunda-feira 18, as ações ordinárias subiram 1,88%, fechando em R$ 11,41.

A companhia está se fortalecendo em um filão importante e isso ajuda a reduzir sua dependência do setor de aviação comercial, opina Juliana Vasconcellos, analista da corretora Ágora Invest e especialista em aviação.

Hoje, o principal negócio da Embraer continua sendo a venda de aeronaves de médio porte, como o E190, responsáveis por uma fatia de 61% da receita de R$ 10,8 bilhões obtida em 2009.

Apesar disso, o segmento executivo, que ela passou a explorar com mais força a partir de 2005, vem crescendo de forma contínua. Quase triplicou de tamanho em três anos. Saltando de 5% do faturamento para os atuais 14%.

Para a NetJets é a chance de aprofundar a política de recuperação iniciada com a posse de David Sokol. Ele foi nomeado em agosto de 2009 com a missão de resgatar a NetJets. E já começa a mostrar resultados.

No período janeiro-março, a empresa fechou com lucro de US$ 57 milhões ante a perda de US$ 96 milhões registrada em igual trimestre de 2009. Se os resultados têm sido bons para a NetJets, são melhores ainda para a Embraer.

No auge da recente crise econômica mundial, a empresa demitiu 4,2 mil funcionários justamente pela queda nas vendas do mercado de aviação executiva. Agora, definitivamente, deixa isso para trás com Buffett a bordo.

Fonte: REVISTA ISTO É DINHEIRO, via NOTIMP




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