TAM e LAN: Jobim aguarda manifestação da Anac
Rafael Bitencourt e Eduardo Laguna
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, só deverá se manifestar sobre a fusão das companhias aéreas TAM e LAN após a formalização do negócio junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A informação foi dada ontem pelo presidente da TAM S.A., Marco Antonio Bologna, na saída do encontro que teve com o ministro para apresentar a operação.
No encontro, Bologna, que também estava acompanhado do presidente da TAM Linhas Aéreas, Líbano Barroso, apresentou a composição acionária da companhia após a transação com a LAN. Os executivos da TAM preveem que até setembro sejam protocolados os documentos da operação na Anac. Nos próximos 15 dias, o Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) também será informado.
Bologna reiterou que os acionistas da LAN têm interesse em aumentar sua participação no capital votante da TAM, caso a legislação que trata do setor aéreo seja alterada, permitindo a entrada de investidores estrangeiros até o limite de 49% do capital votante, contra os 20% atuais. "Caso, no curso da implementação da fusão, esse (limite de) capital seja aumentado, a gente adaptará para a situação vigente à época", afirmou.
Com o foco na integração das operações, os movimentos de aquisição deverão ficar em segundo plano na Latam, empresa resultante da planejada fusão da TAM com a chilena LAN. "Temos muito trabalho pela frente. O que mais atrapalha o sucesso de uma fusão é a distração", disse Bologna, que esteve ontem pela manhã em encontro com analistas e investidores organizado pela Apimec.
O executivo afirmou que por "dever de ofício" a Latam poderá avaliar oportunidades, mas o foco, em um primeiro momento, será levar a união das companhias a cabo. "Não há nenhum plano que não seja fazer a integração", assinalou o executivo.
Auditores independentes e advogados da TAM e da LAN já deram início aos trabalhos de diligência relacionados ao plano de fusão das companhias aéreas. Segundo Bologna, a etapa de due diligence - que consiste na análise detalhada dos documentos das empresas envolvidas - deverá levar entre quatro e seis semanas.
Para o executivo, o fato de as empresas estarem com as demonstrações financeiras atualizadas - já tendo divulgado os balanços do segundo trimestre - tende a facilitar o processo.
Apesar de a fusão ainda depender da aprovação de acionistas e autoridades reguladoras, o grupo já está tomando as iniciativas ligadas ao negócio, como a criação de um comitê de gerenciamento de integração, assessorado pelas consultorias Bain & Company e McKinsey.
Também presente ao evento da Apimec, Barroso, presidente da TAM Linhas Aéreas, disse que uma questão fiscal pesou na escolha de Santiago como a sede da futura Latam. Isso porque o custo tributário para o investidor transferir os rendimentos do Chile ao Brasil é inferior em relação ao do caminho inverso.
Se aprovada a fusão, a TAM terá o capital fechado na Bovespa, com seus papéis permutados por recibos de ações (BDRs) da Latam, que também serão negociados na Bovespa.
Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP