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Paz de Chávez e Santos dá novo fôlego à Unasul





EUA elogiam papel da Argentina na mediação de um conflito ainda repleto de obstáculos

Mariana Timóteo da Costa

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, comemorou ontem o restabelecimento das relações entre Colômbia e Venezuela, elogiando principalmente o papel da Argentina e de seu ex--presidente Néstor Kirchner na mediação do conflito.

Kirchner é secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o bloco idealizado pelo Brasil como uma alternativa regional à Organização dos Estados Americanos (OEA), prestigiada pelos EUA e pela Colômbia, mas desprezada por Hugo Chávez e seus aliados.

- Pode-se dizer que a trégua entre Juan Manuel Santos e Chávez foi uma grande vitória, talvez a primeira, da Unasul, mostrando que o bloco, se bem utilizado, pode desempenhar um papel importante na solução de conflitos - avalia o cientista político colombiano Francisco Miranda.

O novo presidente colombiano, segundo ele, sabia que Chávez só aceitaria sentar à mesa de negociação se fosse via Unasul. E os dois líderes saem ganhando com a paz. Santos, apesar de ter corrido "um risco calculado" de desagradar a opinião pública de seu país - que não gosta da cartilha chavista -, mostrou, logo no início de seu mandato, que é um estadista que prioriza a diplomacia. Capaz de passar por cima de desavenças ideológicas pelo bem maior da economia de seu país, que perdeu milhares de empregos e bilhões de dólares com o rompimento com a Venezuela.

- E Chávez pôde se vingar de Álvaro Uribe e ganhará de novo a chance de importar produtos mais baratos da Colômbia - avalia o analista.

Com a economia em crise e enfrentando um problema de desabastecimento especialmente do setor de alimentos (o ponto forte da indústria colombiana), isso pode melhorar a popularidade de Chávez a menos de dois meses das eleições legislativas de 26 de setembro.

A trégua, no entanto, ainda enfrentará diversos obstáculos. Feita de cima para baixo, primeiro os dois líderes fizeram as pazes, e agora seus chanceleres começarão a discutir os termos. Santos e Chávez, por exemplo, não falaram sobre como a Venezuela colaborará mais no combate à guerrilha, e nem como a Colômbia fará para que Chávez aceite que a presença militar americana no país não tem o objetivo de espioná-lo, e sim o de combater o narcotráfico. Para analistas dos dois países, a prova de fogo ainda está por vir.

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP




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