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Hugo Chávez mobiliza tropas na fronteira





Em entrevista à televisão estatal, presidente venezuelano anunciou que enviou unidades militares para a área fronteiriça com a Colômbia, com quem rompeu relações diplomáticas semana passada

CARACAS O presidente venezuelano, Hugo Chávez, informou ontem que enviou unidades militares aéreas e de infantaria para a fronteira com a Colômbia. Mobilizamos unidades militares, aéreas, de infantaria, mas em silêncio porque não queremos alterar ninguém, a população, disse Chávez em entrevista à televisão estatal VTV, sem dar detalhes sobre os efetivos enviados à zona de fronteira. Na semana passada, a Venezuela rompeu relações com a Colômbia por causa da denúncia feita pelo país vizinho na Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a presença de mais de 1.500 guerrilheiros colombianos no território venezuelano.
Chávez reafirmou as críticas ao colega colombiano, Álvaro Uribe, que cede o cargo no dia 7 a seu ex-ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. Uribe é capaz de qualquer coisa nestes dias que lhe restam (de governo). Isto se tornou uma ameaça de guerra, mas nós não queremos a guerra, acrescentou Chávez.

Pouco tempo depois do anúncio de Chávez, o governo colombiano comunicou o início das operações hoje de uma base militar encarregada de vigiar o espaço aéreo na fronteira com a Venezuela e combater as guerrilhas das forças armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Exército de Libertação Nacional (ELN) na região.

A base está situada em Yopal, capital do departamento de Casanare, e será inaugurada pessoalmente pelo presidente Álvaro Uribe, anunciou a Força Aérea Colombiana (FAC). Esta unidade abrange os departamentos de Arauca (fronteira com Venezuela) e Casanare, sobre uma área total de 69.000 km², e contará com aeronaves de transporte, inteligência e combate, incluindo aviões e helicópteros.

A base dará proteção aérea à infraestrutura petroleira nesta região do país.

LULA

Alvo de críticas do líder colombiano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu ignorar Uribe, que, num comunicado divulgado anteontem classificara de deploráveis as declarações do brasileiro sobre o conflito com a Venezuela. Embora tenha dito no Paraguai que sua relação com Uribe é extraordinária, Lula optou por falar diretamente com o presidente eleito, Juan Manuel Santos.

Lula e Santos conversaram por telefone, ontem pela manhã, mas o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, não soube dizer de quem partiu a iniciativa. Para Baumbach, o episódio de anteontem ficou para trás. O presidente acha que o episódio está superado. Ele não comentou e nem comentará (o tom das críticas de Uribe), disse Baumbach, lacônico sobre o diálogo com Santos: O presidente considerou que a conversa foi positiva e que ajudou nesta preparação para uma distensão.

Sou amigo de Uribe, tenho com o presidente uma relação de oito anos extraordinária, da mesma maneira que espero ter nos próximos cinco meses (restante de seu mandato) com Santos, disse Lula em Villa Hayes, 30 quilômetros a noroeste de Assunção.

Ele garantiu que não deixará uma divergência pessoal atrapalhar a relação de um Estado com outro Estado e que, não só irá ao jantar de despedida de Uribe no próximo dia 6, como espera ser convidado para sentar-se à mesma mesa. Lula afirmou ao colega eleito que não irá se intrometer em assuntos internos da Colômbia, deixando a entender que considera que o problema com as Farc não diz respeito ao Brasil. Ele convidou Santos a visitar o Brasil, o que foi aceito. No entanto, ainda não há data agendada.

Fonte: JORNAL DO COMMERCIO, via NOTIMP



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