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Gol tem maior índice de demissões no primeiro semestre








Alberto Komatsu
de São Paulo

Passageiros da Gol linhas Aéreas tiveram problemas no fim de semana e ontem com altos índices de atrasos e cancelamentos de voos, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. A empresa culpou o intenso tráfego aéreo no último fim de semana das férias de julho, aliado ao fato de algumas tripulações terem alcançado o limite de jornada de trabalho, obrigando a companhia a convocar pessoal extra. Somente em Cumbica, 34 reclamações contra a Gol foram registradas no juizado especial de sábado até ontem.

O Sindicato Nacional dos Aeronautas acrescenta outros fatores que ajudariam a explicar os atrasos e cancelamentos da Gol. Graziella Bagio, da diretoria do sindicato, diz que a empresa tem atualmente o maior índice de rotatividade de funcionários. Segundo ela, pilotos e comissários da Gol estão em busca de salários mais altos e melhores condições de trabalho. Ao todo, a empresa tem em torno de 18 mil empregados, sendo 6,5 mil tripulantes, segundo o sindicato.

"Das cerca de mil homologações de demissões e pedidos de desligamento que o sindicato fez de janeiro a julho, cerca de 80% são da Gol", afirma Graziella.

Nos sete primeiros meses do ano, conforme o site do sindicato, a Gol acumula 162 homologações, ante 139 da TAM e oito da Avianca. Não há registros de homologação de dispensas de outras companhias. "Há um clima de insatisfação muito grande de aeronautas que querem melhor salário", acrescentou a sindicalista.

Graziella disse que a Gol estaria desrespeitando a regulamentação trabalhista e a convenção coletiva de trabalho. Excesso de horas voadas, falta de benefícios estariam contribuindo para a saída de tripulantes para rivais.

"A Gol mudou seu sistema de escalas e implementou um que em nenhuma empresa aérea do mundo seria aceito, pois faz com que tripulantes voem até cinco madrugadas seguidas", disse Graziella. Segundo ela, há dois anos o sindicato tem discutindo com a empresa uma série de melhorias.

A Gol informou que o "seu quadro de colaboradores é condizente com as necessidades operacionais da empresa e está em linha com os padrões do mercado". A companhia acrescentou que está prestando toda a assistência necessária aos seus passageiros, conforme legislação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). A agência informou que está avaliando os atrasos e ainda não tem uma definição sobre eventuais punições.

A Gol informou que o intenso tráfego aéreo teve início na sexta-feira, quando transferiu partidas de Congonhas, que fecha às 23 horas, para Guarulhos. Ao mesmo tempo, tripulações atingiram o limite de jornada de trabalho, de 85 horas de voos por mês, ou 240 horas em três meses.

Apenas ontem, a Gol acumulava 53,9% de atrasos superiores a meia hora nos voos domésticos até às 18 horas, de acordo com dados da Infraero. Nas rotas internacionais, o índice de atrasos era igualmente alto, de 42,9%. Nesse mesmo intervalo de tempo, a empresa cancelou 77 voos de 622 programados, ou 12,4% do total. No sábado, a Gol registrou 25,8% de voos com mais de meia hora de atraso e 11,7% de cancelamentos. No domingo, os voos atrasados saltaram para 54,6% e os cancelamentos 9,42%.

Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP




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