Editorial: TAM e LAN: Um voo bem acima das leis - comentário
Fabio Becherini
Dia 19 passado, em nosso editorial, comentamos sobre a "combinação" entre a (ex-)brasileira TAM e a chilena LAM, formando a nova companhia LATAM.
Pois bem, ao que parece, não somos apenas nós aqui da redação da RAN (Revista Aviação Notícias, para rimar com TAM e LAN :) que encaramos a referida operação como "estranha".
A Revista Carta Capital publicou um excelente artigo a esse respeito, o qual pode ser acessado aqui:
TAM e LAN: Um voo bem acima das leis
Abaixo assinalo alguns trechos que mais nos chamaram a atenção (para falar a verdade, o artigo quase todo):
"Engenharia financeira faz a venda da TAM à chilena LAN parecer uma fusão"
"UMA EXCEPCIONAL engenharia jurídica e financeira. Assim pode ser definida a operação arquitetada para driblar a lei brasileira, que restringe a participação de estrangeiros nas companhias aéreas nacionais, e assegurar a venda da TAM para a chilena LAN. A fusão entre as duas empresas, anunciada na sexta-feira 13, provocou reações entusiasmadas no mercado, mas dividiu especialistas sobre a legalidade do negócio e o futuro da aviação comercial no Brasil."
"Analistas do mercado financeiro e veículos internacionais não hesitaram em tratar a operação como uma venda. No sábado 14 a agência Bloomberg anunciava que a LAN “aceitou comprar a TAM em uma transação de 3,7 bilhões de dólares”."
"Os presidentes da TAM Linhas Aéreas, Líbano Barroso, e da TAM S. A., Marco Antônio Bologna, negaram que o acordo seja uma venda ou mesmo uma fusão. Tampouco pode ser considerado um simples acordo operacional o que as duas companhias já compartilham. “Juridicamente falando, trata-se de uma combinação”, afirmou Barroso durante a apresentação a um grupo de analistas e investidores, na terça-feira 17. “Combinação” é uma figura jurídica estranha mesmo ao mundo dos negócios, afeito a termos exóticos."
"Para Paulo Sampaio, consultor da Multiplan, a confusão deliberada sobre a operação não tem outro objetivo se não o de driblar o Código Brasileiro da Aeronáutica, que limita a 20% a participação de estrangeiros em companhias aéreas nacionais. “Não há nenhuma dúvida de que a TAM foi vendida”, afirma Sampaio."
"Do ponto de vista empresarial, afirma Respício do Espírito Santo, professor de transporte aéreo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a operação pode ser considerada “uma obra de gênios”, arquitetada por Bologna e Barroso, dois conhecedores do mercado financeiro. “Numa tacada só, TAM e LAN deixaram seus concorrentes muito para trás.”
"Sampaio, da Multiplan, refuta o que chama de “visão globalizadora” e sustenta que o negócio é nocivo aos interesses do Brasil. “Em qualquer lugar do mundo, a empresa aérea é ponta de lança da política comercial e estratégica do país. A TAM, que praticamente detém o monopólio das linhas internacionais e 54% do mercado do México (?), está para ser entregue a um país com políticas externas e comerciais muito diferentes das brasileiras.” O consultor afirma ainda que o negócio desequilibra a concorrência no mercado brasileiro e sul-americano e alerta para o risco de que se estabeleça, no futuro, um monopólio da Latam na região. ”A parceria é desastrosa para nós. Como Gol, Azul e WebJet vão competir com uma potência como essa?”
"Embora seja menor que a TAM em todos os aspectos, a LAN possui um valor de mercado três vezes maior da companhia brasileira, que opera com níveis de endividamento substancialmente mais altos. A TAM não estava em situação delicada, mas fechou o primeiro semestre no vermelho e não tinha perspectiva de pagar dividendos aos acionistas no curto prazo – mesmo sendo uma das empresas do setor que mais cresceu em volume de vendas em todo o mundo em 2009. Para Faustino Pereira, presidente da Associação Brasileira de Agência de Viagens Corporativas, o fato pede uma reflexão. “Como um país que tem dimensões continentais, um volume de passageiros, nove vezes maior que o chileno e uma economia que caminha para ser a quinta maior do mundo não consegue possuir uma companhia aérea saudável, capaz de se manter no mercado por um longo período?”, pergunta."
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Bom, meus amigos, ao que parece, muita gente concorda que o slogan "orgulho de ser brasileira" já foi por água abaixo.
Só nos resta mesmo torcer para que essa transação seja boa para os brasileiros, como passageiros, mesmo com nosso orgulho ferido pela "perda" de nossa maior aérea, e não apenas para os chilenos, como empresários, certamente com o orgulho nas alturas ...
Pois bem, ao que parece, não somos apenas nós aqui da redação da RAN (Revista Aviação Notícias, para rimar com TAM e LAN :) que encaramos a referida operação como "estranha".
A Revista Carta Capital publicou um excelente artigo a esse respeito, o qual pode ser acessado aqui:
TAM e LAN: Um voo bem acima das leis
Abaixo assinalo alguns trechos que mais nos chamaram a atenção (para falar a verdade, o artigo quase todo):
"Engenharia financeira faz a venda da TAM à chilena LAN parecer uma fusão"
"UMA EXCEPCIONAL engenharia jurídica e financeira. Assim pode ser definida a operação arquitetada para driblar a lei brasileira, que restringe a participação de estrangeiros nas companhias aéreas nacionais, e assegurar a venda da TAM para a chilena LAN. A fusão entre as duas empresas, anunciada na sexta-feira 13, provocou reações entusiasmadas no mercado, mas dividiu especialistas sobre a legalidade do negócio e o futuro da aviação comercial no Brasil."
"Analistas do mercado financeiro e veículos internacionais não hesitaram em tratar a operação como uma venda. No sábado 14 a agência Bloomberg anunciava que a LAN “aceitou comprar a TAM em uma transação de 3,7 bilhões de dólares”."
"Os presidentes da TAM Linhas Aéreas, Líbano Barroso, e da TAM S. A., Marco Antônio Bologna, negaram que o acordo seja uma venda ou mesmo uma fusão. Tampouco pode ser considerado um simples acordo operacional o que as duas companhias já compartilham. “Juridicamente falando, trata-se de uma combinação”, afirmou Barroso durante a apresentação a um grupo de analistas e investidores, na terça-feira 17. “Combinação” é uma figura jurídica estranha mesmo ao mundo dos negócios, afeito a termos exóticos."
"Para Paulo Sampaio, consultor da Multiplan, a confusão deliberada sobre a operação não tem outro objetivo se não o de driblar o Código Brasileiro da Aeronáutica, que limita a 20% a participação de estrangeiros em companhias aéreas nacionais. “Não há nenhuma dúvida de que a TAM foi vendida”, afirma Sampaio."
"Do ponto de vista empresarial, afirma Respício do Espírito Santo, professor de transporte aéreo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a operação pode ser considerada “uma obra de gênios”, arquitetada por Bologna e Barroso, dois conhecedores do mercado financeiro. “Numa tacada só, TAM e LAN deixaram seus concorrentes muito para trás.”
"Sampaio, da Multiplan, refuta o que chama de “visão globalizadora” e sustenta que o negócio é nocivo aos interesses do Brasil. “Em qualquer lugar do mundo, a empresa aérea é ponta de lança da política comercial e estratégica do país. A TAM, que praticamente detém o monopólio das linhas internacionais e 54% do mercado do México (?), está para ser entregue a um país com políticas externas e comerciais muito diferentes das brasileiras.” O consultor afirma ainda que o negócio desequilibra a concorrência no mercado brasileiro e sul-americano e alerta para o risco de que se estabeleça, no futuro, um monopólio da Latam na região. ”A parceria é desastrosa para nós. Como Gol, Azul e WebJet vão competir com uma potência como essa?”
"Embora seja menor que a TAM em todos os aspectos, a LAN possui um valor de mercado três vezes maior da companhia brasileira, que opera com níveis de endividamento substancialmente mais altos. A TAM não estava em situação delicada, mas fechou o primeiro semestre no vermelho e não tinha perspectiva de pagar dividendos aos acionistas no curto prazo – mesmo sendo uma das empresas do setor que mais cresceu em volume de vendas em todo o mundo em 2009. Para Faustino Pereira, presidente da Associação Brasileira de Agência de Viagens Corporativas, o fato pede uma reflexão. “Como um país que tem dimensões continentais, um volume de passageiros, nove vezes maior que o chileno e uma economia que caminha para ser a quinta maior do mundo não consegue possuir uma companhia aérea saudável, capaz de se manter no mercado por um longo período?”, pergunta."
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Bom, meus amigos, ao que parece, muita gente concorda que o slogan "orgulho de ser brasileira" já foi por água abaixo.
Só nos resta mesmo torcer para que essa transação seja boa para os brasileiros, como passageiros, mesmo com nosso orgulho ferido pela "perda" de nossa maior aérea, e não apenas para os chilenos, como empresários, certamente com o orgulho nas alturas ...
Bons voos!
Revista Aviação Notícias
"Desejamos que você, ao lê-la, tenha o mesmo prazer que nós, ao fazê-la!" ®
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