Caos aéreo e segurança em SP são armas para debate
Serra reuniu dados sobre crise aérea e Dilma, sobre incidentes com a Rota
Campanhas querem que temas polêmicos sejam tratados por jornalistas, mas candidatos terão os dados caso seja preciso
Principais adversários da disputa pelo Palácio do Planalto, a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra chegam hoje, ao primeiro debate da corrida presidencial, com munição para explorar os dois temas mais quentes da semana: caos aéreo e ataques à polícia de São Paulo.
Serra reuniu material sobre o que deve chamar de "apagão aéreo" no governo Lula. Dilma, por sua vez, está preparada para abordar problemas da segurança em São Paulo, Estado que o tucano governou até abril.
O debate será exibido a partir das 22h pela Band.
Embora o comando das duas campanhas aposte na inclusão dos temas espinhosos entre as perguntas dos jornalistas -livrando os candidatos de abordá-los diretamente-, Serra e Dilma estudaram os assuntos, seja para questionar o adversário ou para replicar respostas.
Serra levará munição também sobre o loteamento político nas agências reguladoras e até sobre o escândalo do mensalão. A menção dependeria do calor do debate.
Segundo aliados, o tucano está determinado a dirigir perguntas diretamente a Dilma. A petista, por sua vez, foi orientada a isolar Serra, endereçando suas perguntas a Marina Silva (PV) e a Plinio de Arruda Sampaio (PSOL).
Nas críticas, Serra evitará a expressão "governo Lula", que Dilma deve repetir.
BLINDAGEM
Já contando que os temas delicados pautarão o debate, os candidatos anteciparam as respostas durante a semana. Dilma, por exemplo, falou do caos aéreo. Serra negou ontem, em Poços de Caldas (MG), que São Paulo vive uma crise na segurança.
"É um comentário puramente eleitoral", afirmou. "São Paulo é o Estado onde a criminalidade mais caiu nos últimos dez anos."
A equipe de campanha de Dilma passou o dia fechando suas propostas para a área de saúde, material que serviria para tentar desconstruir o "legado" de Serra, que comandou o Ministério da Saúde entre 1998 e 2002.
A petista também intensificou as simulações de debates feitas com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, com o deputado Antonio Palocci (PT-SP) e a consultora de imagem Olga Curado.
O receio da coordenação é que Dilma cometa algum deslize por falta de traquejo. Além do evento da Band, ela participa de encontros em outras quatro emissoras e do debate Folha/UOL no próximo dia 18, em São Paulo.
A petista deve dedicar parte de sua participação no confronto direto com os adversários para falar de educação, sempre colocando em prática a principal estratégia de sua campanha: comparar o governo Lula com o de Fernando Henrique Cardoso.
Dilma deve ser acompanhada no debate por integrantes do comando da campanha e pelo vice, Michel Temer. Cada candidato tem direito a levar 25 convidados.
Estreante em debates, Marina Silva (PV) foi orientada pelo publicitário Paulo de Tarso Santos a mudar o estilo de oratória, trocando as metáforas por respostas mais curtas e objetivas.
A senadora quer aproveitar o debate para se exibir em situação de igualdade com os adversários e espera se beneficiar de embates entre Dilma e Serra.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP