Anac aprova plano de emergência da Gol
Tarso Veloso
de Brasília
A Gol apresentou ontem à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) um plano de emergência para reduzir os atrasos que vem registrando desde o último fim de semana. Dentre as medidas aprovadas pela ANAC, consta a transferência de cinco aviões, com capacidade para 230 passageiros e que estavam sendo operados em fretamento, para voos regulares nos próximos dias.
As ações preferenciais da Gol recuaram ontem 5,41%, a maior queda do Ibovespa, no segundo dia útil consecutivo de altos índices de atrasos e cancelamentos de voos em todo o país. Da meia-noite até às 19 horas, a Gol acumulava 240 voos com mais de meia hora de atraso, de 667 voos previstos, ou 36% do total. Como no mesmo período em todo o país haviam 346 voos atrasados, a Gol respondeu por quase 70% desses atrasos.
"As manchetes das notícias são certamente negativas para a companhia (Gol)", afirmou o Credit Suisse Group, em e-mail aos seus clientes, conforme informou ontem a Bloomberg.
Na segunda-feira, da meia-noite às 18 horas, a Gol havia registrado 43,9% de voos com atrasos acima de 30 minutos. Nos voos internacionais, o índice era de 42,9%.
A ANAC ainda avalia se vai multar a Gol pelos atrasos. A aplicação da multa depende da avaliação de quais regras estão sendo descumpridas, que pode ser de atrasos nos voos, falta de suporte a passageiros e carga de horário maior que a permitida para tripulantes.
As punições são calculadas conforme a quantidade de reclamações protocoladas por passageiros. Estima-se que já passem de 50 as queixas feitas em todo o país nos juizados especiais de aeroportos. Por isso, o número e o teor das reclamações dos clientes são importantes para que seja definido o valor de uma eventual multa, segundo a ANAC.
O plano apresentado pela companhia e aceito pela ANAC inclui três tópicos. O primeiro é o uso de cinco aeronaves da Boeing, modelo 767, com capacidade para 230 passageiros. Os aviões comumente usados pela Gol tem de 140 a 178 assentos. Outro aspecto é a apresentação da quantidade de horas voadas pelos tripulantes em forma de relatórios semanais à ANAC. O objetivo é evitar que uma pane no programa de escalas cause novos desconfortos.
A última mudança é a utilização da escala de trabalho dos tripulantes do mês de agosto na mesma configuração do mês de junho.
A Gol utilizava anteriormente um software para planejamento de escala, mas um problema nesse aplicativo teria feito com que algumas tripulações atingissem o limite de horas de trabalho previsto na regulamentação. Com isso, pilotos e comissários ficaram impedidos de seguir viagem gerando um efeito cascata.
Os problemas, segundo a Gol, tiveram início de sexta-feira para sábado, quando houve um intenso fluxo de passageiros por causa do último fim de semana das férias escolares de julho. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas, contribuiu para os atrasos a alta rotatividade de tripulantes da Gol para rivais, em busca de salários mais altos e condições melhores de trabalho.
Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP